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sexta-feira, 28 de agosto de 2015

CONTRACANTO: TEMPO DE ESQUECER

Será que foi por isso que eu esqueci de visitar o blog da 
Shirley durante a semana de 15 a 22 deste mês? 
O poema postado foi o "Tempo de esquecer"! 

Esclareço: Foi por isso não! Eu estava em meio a exames 
médicos e isso me é muito estressante, nem tanto pelos 
resultados, mas pela simples rotina de fazer os exames. 
Esse negócio de acordar cedo já não está nos meus planos. 

Mas o poema, cheio de melancolia, é nostálgico, refletindo as 
reminiscências que passeiam pela mente da autora. Ela não 
conta quais são, mas, nesse mundo da recordação, a poeta 
parece perambular sem rumo definido, colhendo flores aqui, 
espinhos ali, aromas acolá, saudades em todo lugar... 

Quem sabe, amores malfadados cruzam sua mente, e a sua 
intenção era, justamente, esquecê-los? 
Veja, a seguir, a poeta declarando que é 'tempo de esquecer': 

TEMPO DE ESQUECER
Shirley
(2015.08.15)

"Fecho os olhos 
cruzo distâncias 
sobre o abismo do peito 
e lembranças  
fustigam-me a mente. 
Guardo do passado 
o som de tempestades 
cheias de sementes e de ossos. 
Esmago com os pés a solidão 
e caminho com passos largos 
como se eu tivesse para onde ir...

   ***   ***   ***   

Eu, pelo contrário, assumo o papel do amante despezado que, 
talvez, a 'lembradora' tenta esquecer: Suplico-lhe que não me
atire no labirinto do esquecimento e me dê mais uma chance. 

Parece que já houve um tempo de bonança, o tempo em que 
ele foi feliz, se regozijando nos braços da sua amada. Existem 
(muitos) casos assim, em que a parceira não suporta mais os 
desatinos do 'jovem' e lhe dá o bilhete azul. Tristemente, uns 
deles são os casos que chegam às manchetes, pois o 'demitido'
era mesmo desatinado. 

O 'heroi' enfocado aqui parece estar mesmo apaixonado e se 
lamenta bastante. Veja o que ele diz: 

NÃO ME ESQUEÇAS 
tesco
(2015.08.25)

"Sei que solidão mais triste 
É não ter pra onde ir 
O passado não existe 
Ainda não há porvir 
Os amigos se esconderam 
Os amores pereceram 
Nenhum motivo pra rir 

Ai meu amor tenhas dó 
Não me deixa assim tão só! 

Sobre o abismo do peito 
As dores ergueram ponte 
Só se encontram os defeitos 
Parece que somos fonte 
Nem o som de tempestades 
Nem todas as potestades 
Nos fazem erguer a fronte 

Ai meu amor tenhas dó 
Não me deixa assim tão só! 

Sem antever horizontes 
Eu caminho a passos largos 
Supero rios e montes 
Só colho frutos amargos 
Nesse meu itineráro 
Não tenho nenhum salário 
Mas sim todos os encargos 

Ai meu amor tenhas dó 
Não me deixa assim tão só! 

Comigo tristeza trago 
E a nostalgia avança 
Sujeira do tempo drago 
Mas não me sai da lembrança 
A era em que fui feliz 
Que desse tempo haja bis  
Sempre cultivo esperança! 

Ai meu amor, "Credo em cruz"! 
Vem trazer-me tua luz!" 

   **   ***   ***   

Este soluço apaixonado traz como inovação um arcaísmo, que 
é um dístico repetido entre as estrofes, uma feição típica da 
Idade Média. Não tenho visto isso nem nos poemas do século 
19. Que é que me atacou o juízo? Arcaísmo nesse tempo de 
versos brancos? 

Sabe-se lá! O fato é que a última elocução do dístico 'resgata' 
uma fala popular que também anda sumida. Data da época 
(não sei quando) em que o latim das missas era misturado 
com o português corrente, formando hibridismos, em que a
forma latina é preservada ao lado do 
termo comum em vez do
latim. Credo em 
cruz é uma mistura de 'credo in crux' com
'creio na cruz'. 


Apesar dos arcaísmos vamos seguindo com a poesia. O mais 
importante é que poesia não nos falte em nosso cotidiano, que 
é muito duro de encarar sem a visão poética. 

Abraço do tesco. 

5 comentários:

Dorli Ramos disse...

OI tesco
Obrigados pelo vários livros que você me enviou, fico-lhe muito grata
Beijos no coração
Dorli Ramos

Shirley Brunelli disse...

Você, tesco, e o seu afiado e sábio bisturi...
Mas, diga-me, como está a saúde? Quando você vai morrer, hein?
Brincadeira boba a minha...Exames de rotina?
Então, tá!
Kisojn!!!

Shirley Brunelli disse...

Ah! Bastante peculiar o seu poema, com esse refrão... romântico, com ares de antigamente.
Kiso!

tesco disse...

Shirley não sei quando vou morrer, mas espero ainda poder
sortear alguns livros, CD's e DVD's. Além disso, tenho outras
pequenas coisas pra acertar antes de vovoltar ao meu lugar.
Porém, o que for resolvido lá em cima (não vou descer não),
eu aceito. Revoltar-se nisso, além de não adiantar em nada,
só prejudica a própria pessoa.
De qualquer modo, meu prazo de validade não está muito
distante.
Kisojn.

Shirley Brunelli disse...

Prazo de validade? Deixa disso, vai demorar para voltarmos pra casa rs.
Coisa ruim fica mais tempo aqui. Assim sendo, vou durar mais que o Matusalém hehehe....
Abração!!!