Será que foi por isso que eu esqueci de visitar o blog da
Shirley durante a semana de 15 a 22 deste mês?
O poema postado foi o "Tempo de esquecer"!
Esclareço: Foi por isso não! Eu estava em meio a exames
médicos e isso me é muito estressante, nem tanto pelos
resultados, mas pela simples rotina de fazer os exames.
Esse negócio de acordar cedo já não está nos meus planos.
Mas o poema, cheio de melancolia, é nostálgico, refletindo as
reminiscências que passeiam pela mente da autora. Ela não
conta quais são, mas, nesse mundo da recordação, a poeta
parece perambular sem rumo definido, colhendo flores aqui,
espinhos ali, aromas acolá, saudades em todo lugar...
Quem sabe, amores malfadados cruzam sua mente, e a sua
intenção era, justamente, esquecê-los?
Veja, a seguir, a poeta declarando que é 'tempo de esquecer':
TEMPO DE ESQUECER
Shirley
(2015.08.15)
"Fecho os olhos
cruzo distâncias
sobre o abismo do peito
e lembranças
fustigam-me a mente.
Guardo do passado
o som de tempestades
cheias de sementes e de ossos.
Esmago com os pés a solidão
e caminho com passos largos
como se eu tivesse para onde ir..."
*** *** ***
Eu, pelo contrário, assumo o papel do amante despezado que,
talvez, a 'lembradora' tenta esquecer: Suplico-lhe que não me
atire no labirinto do esquecimento e me dê mais uma chance.
Parece que já houve um tempo de bonança, o tempo em que
ele foi feliz, se regozijando nos braços da sua amada. Existem
(muitos) casos assim, em que a parceira não suporta mais os
desatinos do 'jovem' e lhe dá o bilhete azul. Tristemente, uns
deles são os casos que chegam às manchetes, pois o 'demitido'
era mesmo desatinado.
O 'heroi' enfocado aqui parece estar mesmo apaixonado e se
lamenta bastante. Veja o que ele diz:
NÃO ME ESQUEÇAS
tesco
(2015.08.25)
"Sei que solidão mais triste
É não ter pra onde ir
O passado não existe
Ainda não há porvir
Os amigos se esconderam
Os amores pereceram
Nenhum motivo pra rir
Ai meu amor tenhas dó
Não me deixa assim tão só!
Sobre o abismo do peito
As dores ergueram ponte
Só se encontram os defeitos
Parece que somos fonte
Nem o som de tempestades
Nem todas as potestades
Nos fazem erguer a fronte
Ai meu amor tenhas dó
Não me deixa assim tão só!
Sem antever horizontes
Eu caminho a passos largos
Supero rios e montes
Só colho frutos amargos
Nesse meu itineráro
Não tenho nenhum salário
Mas sim todos os encargos
Ai meu amor tenhas dó
Não me deixa assim tão só!
Comigo tristeza trago
E a nostalgia avança
Sujeira do tempo drago
Mas não me sai da lembrança
A era em que fui feliz
Que desse tempo haja bis
Sempre cultivo esperança!
Ai meu amor, "Credo em cruz"!
Vem trazer-me tua luz!"
** *** ***
Este soluço apaixonado traz como inovação um arcaísmo, que
é um dístico repetido entre as estrofes, uma feição típica da
Idade Média. Não tenho visto isso nem nos poemas do século
19. Que é que me atacou o juízo? Arcaísmo nesse tempo de
versos brancos?
Sabe-se lá! O fato é que a última elocução do dístico 'resgata'
uma fala popular que também anda sumida. Data da época
(não sei quando) em que o latim das missas era misturado
com o português corrente, formando hibridismos, em que a
forma latina é preservada ao lado do termo comum em vez do
latim. Credo em cruz é uma mistura de 'credo in crux' com
'creio na cruz'.
Apesar dos arcaísmos vamos seguindo com a poesia. O mais
importante é que poesia não nos falte em nosso cotidiano, que
é muito duro de encarar sem a visão poética.
Abraço do tesco.
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5 comentários:
OI tesco
Obrigados pelo vários livros que você me enviou, fico-lhe muito grata
Beijos no coração
Dorli Ramos
Você, tesco, e o seu afiado e sábio bisturi...
Mas, diga-me, como está a saúde? Quando você vai morrer, hein?
Brincadeira boba a minha...Exames de rotina?
Então, tá!
Kisojn!!!
Ah! Bastante peculiar o seu poema, com esse refrão... romântico, com ares de antigamente.
Kiso!
Shirley não sei quando vou morrer, mas espero ainda poder
sortear alguns livros, CD's e DVD's. Além disso, tenho outras
pequenas coisas pra acertar antes de vovoltar ao meu lugar.
Porém, o que for resolvido lá em cima (não vou descer não),
eu aceito. Revoltar-se nisso, além de não adiantar em nada,
só prejudica a própria pessoa.
De qualquer modo, meu prazo de validade não está muito
distante.
Kisojn.
Prazo de validade? Deixa disso, vai demorar para voltarmos pra casa rs.
Coisa ruim fica mais tempo aqui. Assim sendo, vou durar mais que o Matusalém hehehe....
Abração!!!
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