Não lances o fel da censura na taça do companheiro que,
pouco a pouco, desperta na caridade sublime.
Recorda que o próprio dia não acorda de vez.
Primeiro, tons rubros no céu anunciam
as promessas da aurora.
Em seguida, tênues riscos de claridade aparecem
no campo do firmamento e, apenas muito depois,
surge o carro solar na glória do alvorecer.
Desencorajar leve impulso do bem
é o mesmo que sufocar a semente que,
divina e multiplicada, será,
no caminho, a base de nosso pão.
Se descobres vaidade na barulhenta
virtude dos semelhantes,
ensina-lhes com o próprio exemplo
de tolerância e serenidade que
o socorro fraterno pede silêncio da discrição.
Se alguém dá pouco, aos teus olhos,
do muito que te parece reter,
nas possibilidades do mundo,
auxilia-o com a força da tua simpatia e de tua prece,
para que se afeiçoe à mais ampla larguezado coração.
Lembra-te de que a exibição inconveniente de hoje
poderá transformar-se, mais tarde,
em trabalho seguro do bem,
se souberes amparar as vítimas da propaganda,
ruidosa e desnecessária.
E não te esqueças que a migalha de agora
poderá ressurgir, depois,
na forma de um tesouro de bênçãos
se lhe apoiares o movimento
nos alicerces da própria compreensão.
Ante o bem que se faça, faze o bem quanto possas,
para que o bem pequeno se faça,
junto detodos, o bem maior.
Não admitas caridade no ato de reprovar a caridade
que alguém se decida a fazer,
porque, à frente do Cristo,
somos todos depositários das riquezas da Vida Eterna
e só pelo entendimento do amor,
com o trabalho do amor,
funcionando no auxílio a ricos e pobres,
cultos e ignorantes,
justos e injustos,
é que chegaremos a acender a luz da mente purificada
para o exaltação da Terra Melhor.
Emmanuel
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(“Alma e Luz”, psicografia Chico Xavier)