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domingo, 8 de julho de 2018

O REI SÁBIO


Era uma vez, na longínqua cidade de Wirani, um rei 
que governava os seus súditos com poder e sabedoria. 
O povo o temia por seu poder e o amava por sua sabedoria. 

No coração daquela cidade, 
havia um poço de água fresca e cristalina. 
Dela bebiam todos os seus habitantes e até mesmo o rei 
e os seus cortesãos, pois era o único da localidade. 

Certa noite, quando todos dormiam, uma bruxa entrou 
na cidade e derramou sete gotas de um misterioso 
líquido no poço, dizendo: 
— A partir de agora, quem beber desta água ficará louco. 

Na manhã seguinte, todos os habitantes do reino, 
salvo o rei e o seu lorde camareiro, beberam do poço 
e enlouqueceram, tal como a bruxa havia predito. 

E, naquele dia, nas ruas estreitas e nas praças do mercado, 
as pessoas não paravam de sussurrar entre si: 
— O rei está louco! Nosso rei 
e o lorde camareiro perderam a razão. 

Certamente, não podemos ser governados por um rei louco. 
Devemos destroná-lo. 

Naquela noite, o rei mandou que enchessem 
uma grande taça com a água do poço. 
E quando a trouxeram, bebeu da água abundantemente 
e entregou a copa ao lorde camareiro, 
para que do líquido também bebesse. 

E houve um grande regozijo na longínqua cidade de Wirani, 
porque o seu rei e o lorde camareiro 
haviam recobrado a razão. 
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Khalil Gibran
“Contos breves” 

2 comentários:

Erika Oliveira disse...

Não entendi bem. A água se descontaminou?

tesco disse...

Não, pelo contrário, todos ficaram contaminados.
Assim, os súditos vendo o rei igual a eles,
o consideravam "curado"!
Retrata a humanidade, que não admite diferenças,
superior ou não: "Está louco!".