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quinta-feira, 16 de maio de 2019

AMIGOS DO SÉCULO 21


Caros amigos do século 21... 

Escrevo-lhes aqui do século 24, e vocês ainda não sabem, 
mas finalmente as guerras acabaram! 
Acabaram-se as guerrilhas, as revoluções, os atentados, 
o terrorismo, os homicídios, o banditismo, as disputas 
fratricidas, os golpes de Estado, os Estados, a violência... 

Fiz uma pesquisa nas crônicas dos séculos anteriores ao 22, 
para entender bem alguns desses conceitos, que foram 
gradativamente sendo esquecidos. 

O século 21 foi o último século violento, foi quando 
ocorreram os movimentos mais vergonhosos da Humanidade. 
Principalmente dessa Humanidade que se afigurava 
conscientizada do seu papel no mundo. 

Antes que digam "Que maravilha!", 
tenho que lhes falar que não está tudo bem. 
Pelo contrário, muita coisa anda mal. 

A corrupção, a desonestidade, as falcatruas, o engodo, 
ainda não desapareceram totalmente. 
Mas, o pior de tudo: a Humanidade não tem mais o espírito 
empreendedor e aventureiro que a caracterizava. 
As pessoas não mais querem coisas novas, 
estão apáticas em relação ao conhecimento e às artes. 
A maioria dos cientistas não procura descobrir o que ainda 
resta de mistério. 
As invenções se acabaram. 
Onde o gênio inventivo das pessoas? 

Contentam-se com o que já temos, o que foi conquistado 
ou descoberto ou inventado nos séculos anteriores, 
do 15º ao 21º. 
Ouvem Vivaldi, Mozart, Bach, Beethoven, Beatles, Queen, 
Pink Floyd... 
Vêem pinturas de Da Vinci, Rafael, Canaletto, Michelangelo, 
Dalí, Picasso (coisa abominável, só poderia mesmo ser de 
um tempo de guerras!), Portinari, Botticelli, Hals, Monet... 
Vêem filmes de Kurosawa, Hitchcock, Antonioni, Ford, 
Spielberg, Chaplin, Capra... 
Sempre os mesmos. 
Nada surgiu de novo após o século 21. 
A exploração espacial foi abandonada, a das profundezas 
oceânicas, também parou. 

Não morrem milhões de pessoas diariamente porque 
a população, que já foi de quase oito bilhões, decresceu 
assustadoramente. 
Após as carnificinas de 2035, 2060 e 2095, e das catástrofes 
naturais do século 22, somos por volta de dois e meio 
bilhões de pessoas 
E sem perspectivas de crescimento demográfico. 
Não há mais interesse em ter filhos. 
Cena rara é ver uma criança, não só num parque ou 
na rua, em qualquer lugar elas são raridade. 

Dos cerca de duzentos e cinqüenta cientistas que restamos 
no mundo, dizem alguns que isso é resultado da ação de 
extraterrestres, que teriam alterado o genoma humano. 
Baseiam-se num visionário do século 21, 
Tiesko ou algo assim. 
A maioria, no entanto, tem certeza que é conseqüência 
da radioatividade gerada nas explosões nucleares de 2095. 

A última invenção do gênero humano foi esta da qual me 
utilizo para lhes enviar esta mensagem. 
Um mecanismo que envia escritos eletrônicos para 
exatos trezentos anos no passado. 
Isso foi descoberto em 2147, por Tieskov (talvez daí a 
crença nesse antepassado Tiesko), nosso último grande 
cientista. 
Graças a estudiosos e raros colegas, esse aparelho foi 
recentemente aperfeiçoado, e finalmente funcionou. 
E mandamos isto como uma mensagem de um náufrago, 
em uma garrafa: 

SALVEM-NOS! 

Não sei como, mas evitem estas guerras vindouras. 
Tentem evitar o desequilíbrio ambiental que nos legaram. 
Claro que não queremos a manutenção do espírito 
belicoso dos homens, mas do jeito que está, 
estamos condenados à extinção como uma civilização. 

Pelo amor ao Supremo Espírito:

Façam alguma coisa por nós.

SOMOS SEUS FILHOS! 
___________ 
tesco 
(publicado no extinto blog "Nós por nós", em 2005.07)