Ainda no ciclo 'Salvador', duas semanas antes do "Todo dia",
publicado em 23 de julho, tinha composto este soneto no
mesmo clima nostálgico, agravado pela alegria ao redor, pois
tudo era festa, ainda se respirava o carnaval na semana que
findava.
Note-se que a ausência é um verdadeiro "tempero" sobre os
sentimentos, pelo menos na poesia, pois tudo então que vem
à memória surge mais colorido, mais doce, mais bonito e mais
forte. Qual o prato que comemos agora tem o sabor da comida
preparada pela mamãe? A memória tem seus mistérios!
Junte-se a solidão desse jovem num quarto de hotel à alegria
reinante do lado de fora e terá um reflexo da tristeza rondante
à essa mente.
A imaginação, porém, corre a remediar a situação, suprindo
os elementos faltantes à essa realidade. Os personagens vão
desfilando no carnaval íntimo da criatura, formando enredos
com brilho e harmonia, acompanhando o ritmo da percussão
do coração.
FANTASIA
tesco
(Salvador, 1980.02.23)
Nas horas tristes desta solidão
Vejo teu vulto amado à minha frente,
E uma sensação tão diferente
Então me abraça e envolve de emoção.
Pois não sou eu aquele que, ausente,
Estaca à falta de imaginação;
Os seus sentidos entorpece em vão;
Desfaz em vácuo e brumas o que sente.
E faço assim o tudo que me pede
Meu coração que se aí despede;
Refaço rumos que então traçara.
Meu sentimento, que a tudo excede,
Reluz em sonho de cristal, que mede
Toda a magia da ilusão mais cara.
*** *** ***
Os sonhos de cristal não estão apenas nos anseios dessas
princesinhas de contos de fada, eles aparecem onde forem
convocados. Até onde não são chamados se apresentam,
porque não iriam ali, onde a poesia os conclamava?
Nesse tempo eu achava que era melhor permanecer sozinho
compondo sonetos do que estar num bar, bebendo cervejas
e conversando potocas com pseudos amigos.
E ainda acho.
Abraço do tesco.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
6 comentários:
Olá, tesco!
Tudo bem?
Estive lendo seu poema: "Todo dia", escrito no ano da solidão de 1980 e que não comentei, não sei a razão, e pra te falar com sinceridade, acho k você, agora, nesses últimos tempos, está no ponto.
Você tb trabalhou na célebre Petrobras, k tanto tem dado k falar? Tenho certeza de k, nesse tempo, andava tudo bem certinho.
Eu tenho de acreditar naquilo k você diz no post: sozinho em seu quarto, já casado, morrendo de saudade de sua mulher, mas....tesco, você nunca "derrapou"? Eu sei k "cão k ladra, não morde", mas, tb sei k "a ocasião faz o ladrão", com os devidos ressalvos para as palavras cão e ladrão. Você me entendeu.
O soneto k, hoje, publicou está, em minha opinião, mais bem feito, e o poeta se exprime com mais solidez e mais magia. Aliás, você escreve, linda, doce e humoristicamente bem.
Agradeço mtooooooooooo, de coração, o que, tão magicamente escreveu em meu blog.
Beijos e abraços, com muito carinho e admiração por sua pessoa.
É sublime criar um soneto,
ao invés, de jogar palavras ao vento...
Muito bonito, tesco!
Mia amiko, kisojn!
Olá, tesco!
Como vai?
Agora estava olhando a foto do perfil de seu blog, e li mais uma vez, que você tem formação superior em Geologia, e não em Agronomia. Olha k eu já fiz, creio eu, afirmações escritas, aqui e em meu blog, sempre pensando k você é Engenheiro Agrónomo, qdo, de facto, é Geólogo. Me desculpa, mas são aquelas associações k a mente faz, não sei como, nem as razões disso.
Mas de onde me veio essa ideia? Só pode ser, pke ambos os cursos têm a ver com terra (Terra). Você vê outra explicação?
Bom fim de semana.
Aquele abraço.
Querida CÉU, muita oportunidade tive para "derrapar",
inclusive nesta ocasião citada estava em pleno carnaval
baiano, famoso em todo Brasil por sua liberalidade.
No entanto, nesses anos todos, nunca encontrei VOCÊ,
por isso permaneci incólume qual a Grande Pirâmide.
Beijo.
Querido amigo!
Claro k teve, isso calculei eu, mas você foi de "ferro", hein! É mto difícil um homem resistir, nessas e noutras ocasiões. Eu entendo, perfeitamente. Para vocês é apenas físico, é aquele instante, e depois, bye-bye.
E no carnaval da Bahia? Bem, carnaval no Brasil é sempre mto liberal, me parece, mas sem ser carnaval, as "pernas, facilmente, se descruzam", acho eu.
Se nos tivéssemos encontrado, garanto k você continuaria fiel à sua mulher, e a pirâmide, embora bem soberba e elevada, ficaria mirando e apreciando o "deserto". Isso eu garanto a você.
Kisojn.
AGRADEÇO TEU BOM-HUMOR E TEU CARINHO, tesco!
Postar um comentário