O soneto "Curiosa" tem origem similar ao soneto "Ex-flor",
mostrado em novembro passado. Não com uma história
subjacente, como aquele, mas como resultado de minha
frequência ao chat do Terra.
Entre os diversos nicks que costumavam aparecer, notei o da
'mocinha' (sei lá que idade tinha!) que se intitulava CURIOSA.
Não lembro de ter entabulado conversação com ela, mas, no
mesmo dia em que fiz o soneto da Ex-Fiorella (observo agora
a data de nascimento), construí também este soneto 'curioso',
que iria completar 14 anos sem ter outro leitor, além do autor.
Sim, porque também este não consegui mostrar à 'motivadora'
do soneto. Era uma época de intenso dinamismo dos chats, e
era comum não se conseguir entrada na sala desejada.
Vejam agora a simplicidade da construção:
CURIOSA
tesco
(2001.04.26)
"CURIOSA um pouquinho,
um pouquinho CURIOSA
Sinto a vida tão gostosa,
quero vê-la de pertinho,
quero sentir seu carinho,
quero prova saborosa,
de aventura fabulosa
que virá no meu caminho.
Um louva-a-deus quando pousa;
aranha tecendo a teia;
a mariposa sagaz;
se são belas, se são feias
eu quero ver essas cousas
que o dia-a-dia nos traz!"
* * *
Como eu não fazia ideia dos seus reais interesses, imaginei
alguém interessado em ver o mundo em todas as suas facetas,
incluindo todas as coisas rotineiras e comuns, que apresentam
aspectos maravilhosos, bastando-nos, para isso, observarmos
com mais atenção.
Não é preciso ir longe para nos maravilharmos com os modos
variados existentes na Natureza. Desde o lento caminhar de
um miriápode (embuá) à confecção de uma teia de aranha;
do comportamento de um inseto de jardim às ações de um
passarinho quando pousa num galho; das atividades de um
besouro às de um gato, ambos procurando cumprir as funções
básicas para alimentação ou reprodução; tudo oferece motivo
para admiração de uma obra imensa e bem concatenada.
De modo geral e em nossa época, pode-se dizer que não
basta olhar para ver, é preciso focar a atenção. No entanto,
para se notar que a complexidade do mundo não é mera
obra do acaso, é suficiente olhar o mundo. É nestas ocasiões
que, parodiando Descartes, eu digo: Penso, logo, creio!
Abraço do tesco.
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5 comentários:
Ah!...Não fosse a nossa imaginação, estaríamos perdidos de tédio...
kiseto!
Bom dia, "Sr." Geólogo!
Tudo bem?
Agradeço, como sempre, sua visita, tal como os inteligentes e saborosos/gostosos comentários.
Um homem de Ciências fazendo, e tão bem, sonetos. Olha que eu não sei fazer, não, e sou de Letras/Humanidades.
Passando ao seu post, então, segundo entendi, tudo se passa num chat, e portanto desconhecendo as características físicas e psicológicas do outro/a.
O soneto está, ingenuamente, feliz e harmonioso.
Depois, as suas considerações sobre o mundo, sobre a terra, estão demais (ai, os bigodes do gato), e remata, inteligentemente com Descartes. O Tratado das Paixões da Alma, não ficaria nada mal, aqui, né?
Um dia bem feliz!
Bom fim de semana, que já está quase chegando.
Abraço, Tesco!
Deixei "recadinho" pra você lá no blogue.
Tudo de bom!
Tesco, tudo bem?
Simples e singelo. As coisas mais simples são as mais simples. Esse poema é belo!
beijos
hiscla
Tesco, infelizmente as pessoas já não dispõem de tempo para apreciar essas maravilhas da natureza. As vezes nem reparam nelas próprias. Tudo no afã de ganhar dinheiro, como se isso nos preenchesse interiormente. Que vc possa continuar a ter olhos de ver e nos brindar com poemas ternos e sensíveis. Muita paz!
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