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domingo, 8 de junho de 2014

AMOR ROMÂNTICO


Em 2010 e 2011 acompanhei o Blog da Eliane , que era
animado  pela jornalista Eliane Furtado e foi interrompido
 em maio/2011, infelizmente pra nós, frequentadores, devido
ao falecimento da titular. Era um blog movimentado e bem
divertido, pois a profissão sempre a fazia abordar assuntos
variados.


Um dos posts dos mais interessantes foi esse em que ela
escreveu sobre as opiniões da "especialista em sexualidade"
Regina Navarro,
 Ela abre o assunto assim:


BYE BYE AMOR ROMÂNTICO!

"Vocês sabiam que ter parceiro único vai se tornar coisa do
passado? Pois é. Há muito tempo aqui eu tinha colocado
umas idéias e estudos da psicanalista Regina Navarro sobre
o amor no futuro. Ela é especialista em sexualidade e [...]
defende algumas posições de arrepiar."

Após algumas considerações, passa a expor o pensamento
de Regina:


"Querem saber as idéias da Regina? Então vamos lá:
- Pesquisa feita: 77% de pessoas admitiram que topam
fazer sexo a três.

- Nos últimos anos, mais casais passaram a frequentar
casas de swing, onde fazem sexo com mais de uma
pessoa.


- Os relacionamentos virtuais estão contribuindo para a
tendência de se amar mais de uma pessoa ao mesmo
tempo.


- Numa relação estável as cobranças de “fidelidade” são
constantes e é natural sua aceitação. Severa vigilância
é exercida sobre os parceiros. Isso não adianta muito, já
que, na realidade, todos são afetados por estímulos sexuais
novos, vindos de outras pessoas que não os parceiros fixos.


- O casamento é onde menos se faz sexo. Muitas mulheres
amam seus maridos, não conseguem imaginar a vida sem
eles, gostam de ficar abraçadas, bem junto, fazendo carinho.
Só não sentem desejo sexual algum. Algumas se esforçam
para que o desejo volte a existir: fazem promessas, vão a
motéis, organizam viagens de fim de semana para lugares
bucólicos, abrem um champanhe. Mas não tem jeito.
Desejo não se força, existe ou não.


- O tesão acaba no casamento por causa da excessiva
intimidade, excessiva familiaridade. Mas o principal motivo
é pouco falado: a exigência de exclusividade.
A exclusividade leva ao desinteresse, por eliminar a sedução
e a conquista."


E cotinua com conclusões próprias:


"É queridíssimos, para Regina o amor romântico está saindo
de cena e levando com ele a sua principal característica:
a exigência de exclusividade. Sem a idéia de encontrar
alguém que te complete, abre-se um espaço para outros
tipos de relacionamento, com a possibilidade de se amar
mais de uma pessoa de cada vez. O amor romântico prega
a fusão de duas pessoas e é uma idealização do outro.
Traz a idéia de que você tem de encontrar alguém que te
complete, sua alma gêmea. E esta estória de fusão e
transformação em uma só pessoa não está mais com nada.
E aí? Haja cabeça para tanta mudanças neste campo tão
complexo como o amor e a sexualidade."


A minha opinião era, e ainda é, que não se faz a distinção
necessária, entre amor e sexo. Sexo é necessidade orgânica,
amor é função psicológica, em grande parte das vezes, algo
encolhido lá nos refolhos da alma.


Dão novos nomes às coisas e dizem que é novidade.
Acaso não existia esse tal de 'swing' na antiga civilização
romana? Ou na Babilônia? Claro, não tinha esses nomes
'engraçados', "swing", "Menage a trois", "troca de casais",
era "Bacanal" mesmo, e 'orgia'.


Os costumes, nesse campo, não "sofreram notável avanço",
como poderia se dizer, nem retroagiram contudo, se mantêm
no mesmo passo. O que mudou foi o modo de se observar as
coisas. O moralismo hipócrita é que cedeu alguns milímetros
e permite que se veja as coisas como elas são.


No caso das mulheres, que admitiam tudo veladamente,
agora admitem o mesmo "tudo" abertamente. E não sofrem
(teoricamente) restrições por isto.


Já o amor, como sentimento que é, não deveria sofrer as
influências dos "modismos", seguindo incólume pelos
séculos. Infelizmente, isso nunca aconteceu. Quando falo
'modismos' me refiro a tudo o que é exterior ao sentimento:
Ideologias, religiões, teologias, rotulação social, condições
econômicas, escolaridade, e por aí vai.


A Igreja Católica, por exemplo, é um "modismo" persistente:
Desde o ano 300, talvez, até o século passado, impôs seu
pensamento engessador. O exclusivismo de parceiros, no
ocidente, creio que deriva daí.


Transcrevo meu comentário naquele post, pra comprovar
que minha opinião é a mesma. Se notarem mudança
substancial, podem vir aqui me aplicar uns cascudos:


"Vejo um notável equívoco no assunto: O amor romântico
não é coisa do passado, pelo contrário, é uma evolução.
Talvez tenha nascido na Idade Média, como diz Denis de
Rougemont, em "História do amor no ocidente". Antes disso
havia puramente atração sexual ou interesses financeiros/
políticos, com exceções, claro. Mas a regra geral não previa
sentimentos no enlace entre cônjuges.


O encontro sexual, na História, foi sempre caracterizado pela
oportunidade e pela proniscuidade. Disso são exemplos as
civilizações conhecidas: Roma, Grécia, Babilônia, Egito,
Suméria... Não discuto civilizações orientais mas, a relação
homem/mulher nesse caso, é mais de dominação que outra
coisa, e o homem, provavelmente, vivia em reconhecida
poligamia .


Como a relação sexual, muitas vezes, é o que degrada-se
primeiro nos casamentos, segue-se uma dissolução
sentimental, se o casal não vive uma dimensão espiritual,
digamos assim.


Porém, a paixão inicial, principalmente a idealizada pela
mulher, é puramente romântica, por isso, o romance ainda
tem muito futuro pela frente."


Pois é, ainda vejo o amor romântico com esperanças.


Abraço do tesco.

8 comentários:

Anônimo disse...


Bom dia, Tesco
Instigante o tema que postou hoje. E discordo num ponto apenas: não é exclusividade de parceiros que acaba com o tesão, mas acho que são as cobranças, a posse e a tentativa de controlar o parceiro.
é incrível como uma pessoa tenta controlar e manipular a outra, mesmo que inconscientemente!. hiscla

Clara Lúcia disse...

Excelente texto!
Tbm sou romântica assumida e mesmo não vendo perspectiva nenhuma de me envolver com outra pessoa ainda acredito no romance e sua durabilidade.
Sexo é tabu e ainda será por uns longos séculos.
Esses dias comparei sexo com beijo na boca. Qual a diferença entre os dois se ambos são introduzidos no corpo do outro? Beijo é praticamente um sexo permitido em público. Exagerei? Pode ser!

Uma ótima semana!
Beijos

Anônimo disse...

Tesco, quando conhecemos o amor de nossas vidas é sexo o tempo inteiro. Pendurados no lustre, dentro do box, é paixão arrebatadora do tipo se você me largar eu me mato.

Só que uma situação dessa, em que pese a delícia que é, não pode durar muito tempo. Na minha opinião não é saudável. Por esse motivo muitos casais se separam, porque não aguentam um relacionamento em que não existe mais nada fora o sexo.

O amor romântico é o objetivo dos humanos, pelo menos deveria ser. É sinal de amadurecimento espiritual, é amar aquela pessoa simplesmente porque ama e admira aquela pessoa, ainda que o sexo diminua.

Meu marido por dois meses fez curativos no meu seio por conta daquele problema grave que tive. O seio estava feio (ainda está com cicatrizes), mas ele fez isso porque somos companheiros há 32 anos. Isso é o amor romântico e não significa necessariamente abstinência sexual. É apenas uma maneira diferente de amar.

Beijotescas

tesco disse...

toda a razão, hiscla, o exclusivismo é um detalhe que só causa problemas
quando o amor-próprio é maior que o verdadeiro afeto.
A interferência na vida do outro, como se o parceiro não tivesse vida própria,
é que se torna insuportável num casal.
Claro que não é o caso quando os dois se integram sem restrições.
A mulher tem a maravilhosa tendência de querer compartilhar o seu dia-a-dia
com seu parceiro mais íntimo (e que supõe-se ser o marido).
Acontecendo isso (com vice-versa), vida longa ao casal!
Beijos
.

tesco disse...

Exagerou um pouco, Clara: O beijo não é sexo, é apenas
a propaganda, o 'trailer'. o exórdio, o prefácio.
A verdadeira peça vem somente depois!
Certo que o sexo ainda será tabu por longo tempo,
mas nesse assunto, o recomendável é mesmo seguir l e n t a m e nen t e !
Não lhe dou b e i j o s pra não parecer suspeito.
Beijos.

tesco disse...

Pois é, Yvonne, seu depoimanto é prova viva
de que o romantismo sobrevive com toda a pujança.
Vida a dois por 32 anos pode-se contar tempo dobrado!
E, nesse período, nem tudo são flores, brigas e discussões parecem
inevitáveis, mas tudo se contorna com respeito e afeto.
Beijocos.

Shirley Brunelli disse...

Já leu, tesco, sobre "sexo sem compromisso" ou seja "amizade com benefícios"? Funciona entre amigos, tem tudo o que um relacionamento sério tem, porém, sem aquela coisa de traição, compromisso e cobrança.Um casal de amigos que se relaciona desse jeito e ninguém sabe, ninguém viu. Mas, um dos dois poderá se envolver emocionalmente pelo outro e poderá se machucar. Cada um pode ter mais parceiros...tudo sem cobranças.
Dizer o que?
Beijo, tesco!

Denise Carreiro disse...

Por que, no amor, temos que nos relacionar sexualmente como adolescentes? Julgo importante a presença do amor no ato sexual, mas não julgo importante todas as performances sexuais. Amor é mais do que sexo. É cumplicidade, companheirismo, ter os mesmos objetivos, respeito, saber quando ceder, carinho e outras coisas mais. O sexo faz parte, mas não o principal. E como bem diz vc, a orgia sempre existiu. Cada pessoa opta por aquilo que acredita ser bom para si. Muita paz!