Não dá pra deixar passar em branco algumas afirmações
que Liz Greene faz neste livro, recém sorteado, "Os planetas
exteriores e seus ciclos". Porque, para o público de onde ela
fez as conferências fica tudo certo, a ideologia se encaixa
nos conceitos que eles cultivam, não faz muita diferença.
Mas para nós, que sofremos múltiplas influências culturais
e não possuímos uma ideologia definida, convém esmiuçar
com mais detalhe o que nos chega, do hemisfério norte
principalmente, .
Primeiramente verificamos que Liz não trabalha com o
conceito de reencarnação, isso não é nenhum desdouro,
visto o ambiente em que se encontra e a mentalidade ali
dominante. Mas a maneira com que ela descarta a ideia da
reencarnação, chama a atenção pela fatuidade própria de
quem não se importa com assuntos espirituais.
Vejam o trecho seguinte:
"Existe ainda uma coisa curiosa a respeito dessa conjunção,
vai mais fundo do que quaisquer padrões de comportamento
Conheci muitas pessoas Saturno-Plutão, que tinham sonhos
com imagens da última Guerra Mundial. Esses sonhos quase
sempre focalizavam o tema de campos de concentração e o
conflito alemão-judeu.
A primeira vez que me deparei com esse tipo de fantasia,
considerei-a como se fosse uma experiência individual,
pessoal. Mas depois de encontrá-la outras vezes, fui ficando
cada vez mais curiosa a seu respeito.
A conjunção Saturno-Plutão em Leão ocorreu depois de a
guerra ter terminado e por isso não pode ser uma memória
ou experiência direta da infância. Mas a sensação era de que
esse grupo tivesse realmente tido uma experiência direta do
horror do holocausto.
Diante disso, podemos chegar a uma grande discussão a
respeito de isso demonstrar que a reencarnação existe.
Mas eu não estou absolutamente interessada nisto, pois não
existe nenhuma maneira de sabê-lo.
Por outro lado, estou muito interessada no holocausto como
um símbolo." (Segunda conferência, pág. 53)
Que uma pessoa não esteja interessada em reencarnação é
perfeitamente inteligível, mesmo com indícios apontando
para isso, mas ela está "interessada no holocausto como um
símbolo"! Vejam só que mentalidade, não quer os fatos, quer
apenas os símbolos, que representam... os fatos!
Isso pra mim é querer ver os gigantes que Dom Quixote via.
Que moinhos de vento o quê!
Mais adiante ela explica, sem querer ou saber, que não era
o caso de reencarnação ali, mas comete um erro básico
nessa explicação, ao classificar os estudos:
"É claro que os mais inclinados ao esoterismo podem se
sentir tentados a dizer que as pessoas Saturno-Plutão
nascidas entre 1946 e 1948 simplesmente reencarnaram
rapidamente e que, de fato, sofreram o holocausto.
Mas essa explicação, embora seja válida, não descreve
verdadeiramente a importância psicológica da conjunção."
(Segunda conferência, pág. 54)
Digo que não era caso de reencarnação porque ela disse
que conheceu "muitas pessoas" com essas características
(sonhar com os campos de concentração), e não é rotina
a reencarnação em espaço de tempo tão curto (2-4 anos),
sem uma boa motivação.
O erro crasso na afirmação é dizer que "os mais inclinados
ao esoterismo" optariam por encaixar reencarnação ali.
Ora, é exatamente o contrário, reencarnação não é crença
esotérica, implica pesquisa, investigação, comprovação,
verificação dos dados e fatos, não é simplesmente "Ah, de
hoje em diante sou reencarnacionista". Nada disso!
E, coisa curiosa, Astrologia é esoterismo, portanto, "os mais
inclinados ao esoterismo" deveriam, preponderantemente,
"se sentir tentados" a procurar uma explicação astrológica!
Mas, isso tudo é bobagem diante de conceitos de implicação
muito mais séria. Liz é adepta da teoria de que "os astros
determinam o destino". Isso, à primeira vista, não parece tão
sério assim. Mas é! Tem profundas consequências, como nós
poderemos deduzir deste trecho:
"Hitler foi parte do sistema de sua época, um porta-voz da
conjunção Plutão-Netuno. Sem dúvida houve outros porta-
vozes, alguns de um tipo muito mais criativo e benéfico.
Mas ele simplesmente respondeu aos requisitos de seu tempo.
Creio que é um erro considerá-lo responsável por eles."
(Terceira conferência, pág. 66)
Ora, dona Liz, vá lamber sabão!
Uma monstruosidade dessas não se diz!
Melhor ainda, nem se pensa!
Dizer que somos marionetes de forças impessoais, com todos
os poderes na mão e temos apenas de cumprir nosso destino,
é uma infantilidade que nem as crianças de hoje aceitam
mais.
Nós é que fazemos nosso destino e somos sim, responsáveis
por quaisquer atos que cometamos voluntariamente.
Dizer "Eu estava cumprindo ordens!" não cola, mormente no
caso em que não existem autoridades superiores. Atribuir as
responsabilidades a uma conjunção planetária, que é além
de tudo, uma ilusão de ótica (os planetas não se juntam,
parecem se alinhar apenas do nosso ponto de observação),
é uma imaturidade sem limite.
A Astrologia tem validade e tem sua utilidade (não é só para
astrólogo ganhar dinheiro), mas, devido a esses conceitos que
se imiscuem por aí, é conveniente ficar alerta, e dizer:
CUIDADO COM A ASTROLOGIA!
Abraço do tesco.
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Um comentário:
Penso que vou ler esse livro.
O leque que se abre nesse assunto é grande.
Reencarnação não se pode comprovar mesmo. Assim como não se pode comprovar a influencia dos planetas em Hitler.
Há uns meio amalucados também que dize quem nem o holocausto existiu e que isso é história de judeu para conquistar Israel.
Ora, Tesco..tudo bem com a reencarnação, mas é crença, é fé.
Tudo bem, tambem, que Hitler, sozinho, não faria aquele inferno
todo e toda esse argumentação que historiador gostar demais...
Ficamos com a reencarnação não é?
hiscla
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