A poesia tem destinos diversos e não dá satisfação a ninguém,
sobre o rumo que vai tomar. Isso é particularmente notado
quando se inicia a construir um poema. É o caso do poemeto
enfocado hoje.
Pensava numa cena corriqueira, com o passar do dia que,
ora é um transcorrer lento, ora é um turbilhão de momentos
como água numa peneira, em que nada para. E o resultado
é a sucessão natural do tempo, nos deixando como legado
apenas lembranças.
Eis que surge porém, a mágoa! Ela não deveria estar lá, não
havia nenhum motivo para sua presença, ninguém a tinha
chamado. Mas ela veio assim mesmo, e se postou bem no fim
do poema. Vejam como foi fotografada a 'intrusa':
EM DIREÇÃO
tesco
(1977.08.04)
"O sol levanta
O dia corre
A tarde morre
A noite cai
A lua surge
Um meteoro
Passa correndo
Ém um haicai
Estrelas fogem
A vida vai...
E como água
Já se esvai
Só minha mágoa
Que não tem fim
(É para sempre?
Não diz que sai)
Cá se conserva
Perto de mim."
* * *
Nem disse que saía, nem saiu de jeito algum. Do poema.
Minha vida nessa época não comportava nenhuma tristeza
especial. A única restrição que havia para a alegria total,
nessa fase da juventude, era a perspectiva de ter que largar
o plantão que dava na farmácia, pedindo exoneração do INPS,
(aprendi então que não se pedia demissão do serviço público,
tem que ser exoneração), visando a conclusão do curso de
Geologia.
Será que isso já estava, inconscientemente, influindo nessas
pequenas produções? Afinal, era um dinheirinho certo, e tão
bom para um pobre jovem estudante!
Não sei, mas a mágoa não se conservou perto de mim, fora
do poema. Casei, concluí o curso (nessa ordem) e comecei a
vida profissional na Petrobrás. Xô tristeza!
Abraço do tesco.
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4 comentários:
Ainda bem querido que você tomou um rumo diferente na sua vida e tudo deu certo.
Beijotescas
Oi, Tesco!
As decepções e más experiências que podem resultar em mágoa, nos ensinam mais do que as alegrias que conquistamos. Importante é que as mágoas não permaneçam ou se diluam no tempo.
Depois dessa sequência, a Luma ganhou uma caneca que conserva até os dias atuais :)
Vem aí a 10ª Edição do BookCrossing Blogueiro!
Bom fim de semana!
Beijus,
Cordial abraço Roberto Dantas,
mais uma vez sou grato por sua visita e comentário.
Saúde e paz.
O poema desceu redondinho e as engrenagens de sua vida, tesco, parece que foram sempre, lubrificadas com graxa e...com graça. Que bom!
Kisojn!
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