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domingo, 19 de abril de 2015

CONTRACANTO: CONVERGÊNCIA

Mudando a programação, pois postei sobre o BookCrossing 
(ainda está valendo, hein? Vai até quarta, 23) na quinta-feira, 
dia reservado para a temática poética, aborrecerei vocês, 
excepcionalmente (quem ler pensará que o excepcional é o 
aborrecimento, rerrerré!), com 'mais uma de amor' (epa, isso 
é Blitz!), digo, mais uma resposta poética. 

Shirley postou, no sábado, reflexão sobre uma "sombra". 
Sabe-se lá o que representa essa sombra. Eu, como sempre, 
interpreto como o amante ideal - 'ideal' de ideia, o imaginário 
poético - neste caso porém, não tão ideal, já aqui, ideal como 
'adequado', 'conveniente', 'do jeito certo', 'talhado para a 
função'. 

E por que não é ideal? Porque a poeta o apresenta como uma 
figura indolente, preguiçosa, malemolente, dir-se-ia até, quem 
sabe, a imagem de um alcoólatra. Sabe-se que existem muitos 
casos de viciados (álcool é droga), muito amados por suas mães 
e/ou esposas, que são um grande estorvo em suas vidas, e não 
deixam de ser amados mesmo assim. 

Não vamos entrar nessas considerações, mas a autora, mais 
adiante, se queixa das limitações dele e imagina-o com outras 
características. 

Leiam o poema e tirem suas próprias conclusões. Se forem 
diferentes das minhas, não tem problema, sempre estamos em 
diferentes pontos, por que não teríamos diferentes pontos de 
vista? 

JÁ NÃO SOMOS PARALELAS
Shirley
(2015.04.18)

"Procuro-te 
com a visão interior 
e vejo-te sombra 
imagem fluida 
lânguido 
preguiça no tapete. 
Vendo-te frágil 
cubro-te com a energia 
dos átomos e moléculas 
e querendo-te perfeito 
imagino-te 
místico 
consciente 
inquiridor. 
Porém 
confesso 
não gosto de tuas limitações 
dos teus dialetos 
-- sei como abarcar todos os idiomas -- 
busco novas dimensões 
quero outra amplitude. 
Mesmo assim 
não há mal algum 
que de vez em quando 
eu te procure sombra 
no tapete de minha memória." 

   ***   ***   ***   

Aí está e, como sempre, as variadas nuances que a Shirley 
interpõe em suas composições, a estrutura diáfana com que 
encobre suas visões, a textura cósmica que ela empresta às 
palavras, tudo isso se perde quando começo a interpretar. 

Só me surgem imagens concretas, associadas com a realidade 
crua, coisa corriqueira e cotidiana. Aqui "lasciate ogni fantasia 
voi ch'entrate", diria Dante, "tesco stà interpretando. Eita hômi 
sem maginação, sô!".  (Dante botou pra quebrar, agora). 
Vejam o rebuliço: 

CONVERGENTE
tesco
(2015.04.18)

"Enquanto me procurares 
Inda nada está perdido 
Mesmo qu'eu tenha mentido 
Permaneces em meus mares 

Se tomando outros ares 
Buscas novas dimensões 
As minhas limitações 
Não impedem de gostares 

De tudo que te atrai  
De minhas falas confusas 
Minhas ações obtusas 
De minha voz que se trai 

Sei, sou sombra do que fui 
Mas não me deixes deitado 
Vivendo só no passado 
Tudo na vida evolui 

Preciso dessa energia 
Que de todo teu ser flui 
Meu corpo reconstitui 
E só me traz alegria 

Não pode ser diferente 
Afirmaste, minha bela 
Já não somos paralelas 
Tudo em nós é convergente!" 

   *   *   *   

Aqui está um indivíduo semi-arrependido. Sim, só metade, 
porque ele não faz nenhuma promessa de se emendar, nada 
afirmou que o amarre a compromissos. Talvez que daí se erga 
uma nova pessoa, com ânimo renovado, pronta a encarar os 
obstáculos da vida. 

Mas isso não está implícito em sua contestação. Ele apenas 
diz que reconhece seus problemas e que necessita da ajuda 
de sua contraparte, toda ajuda possível. 

Que se levante um novo homem, é o que desejamos, e nossa 
tarefa na Terra é mesmo essa, a de ajudar os mais debilitados 
e menos afortunados

Abraço do tesco. 

6 comentários:

Shirley Brunelli disse...

Você enxerga as coisas por ângulos inimagináveis, hein, tesco? E fica muito bom.
Eu diria que você consegue encontrar chifres em cabeça de cavalo rs.
Mas, unir o que já estava separado, sei não, acho que não vai dar certo rs!
Kisojn ( E viva "la lingvo esperanto!)

tesco disse...

A culpa não é minha,
se os cavalos, na verdade,
são unicórnios.
Kisojn.

Anônimo disse...

Vocês dois são fantásticos mesmo. Tesco, de onde vem tanta imaginação?
Beijotescas

Unknown disse...


Interpretações fantásticas, criativas.
Ao ler o poema, cá dentro de mim, não vejo "o outro" ou uma "lembrança" ou mesmo "passado" como sombra...
Vejo como sombra próprio reflexo negado. A imagem de mim que não aceito.
hiscla

CÉU disse...

Bom dia, tesco!

A sua programação é sempre variada, agradável, e sobretudo, repleta, abarrotando de inteligência, de bom humor e de "devoradora" imaginação.

Li os poemas, o da Shirley e o de você, e ai, Jesus, que coisa linda e que tão bem se completa, mesmo que, de forma antagónica e um "pouquinho" provocatória.

Agradeço sua visita e preciosíssimo comentário.

Aquele abração!

Lua Singular disse...

Oi tesco,

Adoro a Shirley nas suas brincadeiras comigo e como excelente poetisa.
Você é um grande poeta parecido um pouco com meu amigo Ângelo que não entendo nada que escreve, pois apesar de ler muito não fiz nenhuma faculdade, ainda bem que tenho um filho adotivo que adora estudar: tem 2 faculdades, uma Estadual(economia), outra particular(contabilidade) e vários cursos. Ele vai estudar a vida inteira.
O meu forte é exatas.
O que eu quis dizer na minha postagem é a passagem para a morte.
Vou lendo suas postagem uma de cada vez, pois não posso ficar muito tempo sentada.
Beijos no coração.