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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

CONTRACANTO: CAUSA MORTIS

Ainda em 1977, e para o jornalzinho do Serviço de Pessoal, 
no Hospital Getúlio Vargas, em Recife, compus esse soneto 
que apresenta um ritmo muito bom, pelo menos nos dois 
quartetos. É tão ritmado que um colega se entusiasmou e 
pretendia musicá-lo, mas o projeto não foi à frente. 

Neste soneto, o 'eu poético' faz uma série de considerações 
'sombra/luz' e inversões 'causa/efeito' que culminam numa 
etiologia patológica, e o objeto de sua paixão se esvai e 
fenece. Não sei o que ele fez de tão grave que exterminou a 
sua amada. Não me perguntem, sou inocente. "Não vi nada, 
não sei de nada, e se disserem que eu sei, eu nego!", como 
dizia o personagem de Jô Soares. É também o meu caso. 

Vejam como é: 

"CAUSA MORTIS  

Qual um astro em noite escura  
Qual uma sombra em pleno dia  
Sou teu rastro e sou teu guia 
Quem te encontra e te procura  

Quem te afaga e te tortura 
Quem te ensina e te copia  
Sou também quem te avalia  
Quem te adoece e te cura  

Por te despir de teu pejo 
Por apagar teu sofrer  
Por acender teu desejo 

Por demorar no teu beijo  
Sou eu quem te faz morrer 
Sou eu que morrer te vejo!"  

   *   *   *   

As ações descritas não me parecem nada letais, continuo na 
ignorância depois desses 37 anos. Pode-se observar, contudo, 
que estávamos sob ditadura, e a tortura (citada no texto) era 
moda, embora "50 tons de cinza" ainda não houvesse sido 
publicado. 

De qualquer modo, o soneto me agrada, apesar de ser uma 
'causa mortis' tem um elã vital que atrai. E a poesia somente 
transmite vida, não mata na vida real, somente no papel. 
Ao contrário de Israel, infelizmente! 

Abraço do tesco. 

4 comentários:

Shirley Brunelli disse...

Vi por outro ângulo...Quem muito ama, pode dizer "estou morrendo de amor" e nem por isso está entrando em óbito (falando assim, pareço um policial rs).
Este soneto,tesco, está bom demais, lindo, deslizou, fluiu perfeitamente. Gostei muito, mesmo.
Parabéns!
Beijo!

Clara Lúcia disse...

Perfeito! Assim como o amor com seus altos e baixos. Olha, quanto a poesia. Eu leio, gosto, mas do mesmo jeito que não sei poetar, não sei comentar poesia. Mas eu gosto muito e aprecio esse dom maravilhoso que a pessoa tem em escrever poesia. Portanto, Tesco, parabéns!

Denise Carreiro disse...

Tesco, eu entendi que ele a fez morrer de prazer. Muita paz!

Anônimo disse...


O poema é belo, mas tive uma outra visão!
Nem me atrevo a dizê-lo!
hiscla