no Hospital Getúlio Vargas, em Recife, compus esse soneto
que apresenta um ritmo muito bom, pelo menos nos dois
quartetos. É tão ritmado que um colega se entusiasmou e
pretendia musicá-lo, mas o projeto não foi à frente.
Neste soneto, o 'eu poético' faz uma série de considerações
'sombra/luz' e inversões 'causa/efeito' que culminam numa
etiologia patológica, e o objeto de sua paixão se esvai e
fenece. Não sei o que ele fez de tão grave que exterminou a
sua amada. Não me perguntem, sou inocente. "Não vi nada,
não sei de nada, e se disserem que eu sei, eu nego!", como
dizia o personagem de Jô Soares. É também o meu caso.
Vejam como é:
"CAUSA MORTIS
Qual um astro em noite escura
Qual uma sombra em pleno dia
Sou teu rastro e sou teu guia
Quem te encontra e te procura
Quem te afaga e te tortura
Quem te ensina e te copia
Sou também quem te avalia
Quem te adoece e te cura
Por te despir de teu pejo
Por apagar teu sofrer
Por acender teu desejo
Por demorar no teu beijo
Sou eu quem te faz morrer
Sou eu que morrer te vejo!"
* * *
As ações descritas não me parecem nada letais, continuo na
ignorância depois desses 37 anos. Pode-se observar, contudo,
que estávamos sob ditadura, e a tortura (citada no texto) era
moda, embora "50 tons de cinza" ainda não houvesse sido
publicado.
De qualquer modo, o soneto me agrada, apesar de ser uma
'causa mortis' tem um elã vital que atrai. E a poesia somente
transmite vida, não mata na vida real, somente no papel.
Ao contrário de Israel, infelizmente!
Abraço do tesco.
4 comentários:
Vi por outro ângulo...Quem muito ama, pode dizer "estou morrendo de amor" e nem por isso está entrando em óbito (falando assim, pareço um policial rs).
Este soneto,tesco, está bom demais, lindo, deslizou, fluiu perfeitamente. Gostei muito, mesmo.
Parabéns!
Beijo!
Perfeito! Assim como o amor com seus altos e baixos. Olha, quanto a poesia. Eu leio, gosto, mas do mesmo jeito que não sei poetar, não sei comentar poesia. Mas eu gosto muito e aprecio esse dom maravilhoso que a pessoa tem em escrever poesia. Portanto, Tesco, parabéns!
Tesco, eu entendi que ele a fez morrer de prazer. Muita paz!
O poema é belo, mas tive uma outra visão!
Nem me atrevo a dizê-lo!
hiscla
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