suscitou-me uma imagem bastante curiosa, em que o 'eu' do
poema-comentário é seu vizinho. Um vizinho, infelizmente,
bem tímido.
A postagem conta com a fotografia de uma convidativa
cadeira de vime em um recanto de uma área arborizada,
sobre a qual repousa um roupão de banho. Essa imagem leva
a poeta a contar, em versos sugestivos, a seguinte história:
"DEPOIS DO BANHO
Shirley
Saio do banho
e a cadeira de vime
espera-me ao relento
na grama orvalhada.
Aproximo-me dela
e o roupão branco desliza lentamente
nas linhas curvas de minhas inquietações.
O sol aquece-me os desejos
e seca-me a pele úmida
atiçando a sensualidade da manhã.
O vento melodioso
sussurra veladas palavras
nos meus cabelos molhados
e enciumado rastreia
as atitudes ousadas do astro rei.
Rodopiando sem pudor
sem amarras
levanto os braços
recebo a luz do leste
agradecendo ao Criador
o azul do céu
e a paz que vagueia no horizonte.
Depois
inspiro profundamente
sinto-me leve
inteira
para você..."
* * *
O comentarista não resiste a um pequeno voyeurismo nessa
ocasião (um voyeurismozinho, de vez em quando, não faz
mal a ninguém!), aproveitando a criação, por causas naturais,
de condições apropriadas. Vejam só o que houve:
"ANJO MOLHADO
tesco
Já ontem pela manhã
Sentado lá no terraço
Vi em meu muro um pedaço
Cujo reboco caíra.
Aproximei-me no passo
Leve, de quem não tem culpa
Notei, pra minha desculpa
A obra de um temporal.
O estrago não foi geral
Mas o outro lado do muro
Recebeu sua parcela
De impacto da mazela
Sinto um choque e me deslumbro
Sai-me aos pulos, coração!
Na fenda aberta vislumbro:
Um anjo despe o roupão!
A ninfa se rodopia
Qual pião ou carrapeta
Bendita essa mureta
Que me permite a espia
Meus nervos se arrepiam
Quando ela levanta os braços
Fiz da camisa um chumaço
Pra não gritar de emoção!
É uma boneca de neve
Com os cabelos molhados
Deixa minha mente leve
E o corpo todo suado
Maldita a timidez
Não me declarei ao fim
E ela esperando, talvez...
Por um ogro... Ou por mim!"
* * *
- Mas, tesco, que negócio é esse de "nervos se arrepiam"?
Isso existe?
É que na hora (da construção do poema) esqueci que são os
pelos que, normalmente, se arrepiam. Pode pensar nisso
como "licença poética".
- Sei não, me parece mais uma "licença safadética", como
diria Odorico Paraguaçu!
Bem, não está inteiramente fora do caso, mas a intenção
não foi essa. O que ocorre é que Shirley deu a sugestão de
consertar esse muro. Rá¹ A fenda vai ficar lá por séculos.
Quando muito, o que posso fazer é dourar e emoldurar essa
preciosa brecha. Rerrerré!
Abraço do tesco.
4 comentários:
Tesco, sem comentários né?
Ficou claro demais.
Nem sei o que devo dizer.
hiscla
Rerrerré é? Que o sol e o vento fiquem me olhando, tudo bem, mas, é muito feio você ficar espionando a "vizinha" pelo buraco do muro. Vou instalar câmeras e cerca elétrica, para acabar com sua ousadia rsrs.
Chi!!! Tome jeito no sábado, hein?rs
Olha, tive que ler e reler...
E fechei os olhos e imaginei a cena...
Shirley, deixa o Tesco olhar! rsrsrs
Uma visão do paraíso não se tem nem de vez em quando!
Deslumbrante, tudo!
Beijos
Tesco querido, tudo bem? Vou passar a ter cuidado com você, rs.
Beijotescas
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