domingo, 15 de setembro de 2013
QUEDA DOS ANJOS
A "queda dos anjos" é uma história muito antiga, e eu
não tinha nada que comentar coisa alguma sobre isso,
afinal, não sou católico nem 'evangélico'.
Porém, o caso é que foram introduzindo essa teoria na
doutrina espírita e tem muita gente defendendo-a dentro
do Espiritismo, até mesmo sem se dar conta do absurdo
que fazem.
- Diga, tesco, que é que você tem contra os anjos?
Contra anjos nada, evidentemente, oponho-me a essa
'queda de anjos' dentro do Espiritismo, disfarçada com
o nome de "teoria da queda espiritual", e explico.
A queda dos anjos já e bem conhecida de todos, graças,
sobretudo, ao interesse da Igreja Católica em divulgá-la,
pois pressupõe determinada proibição divina e uma
consequente punição em caso de desobediência. Que
mais queriam os sacerdotes - representantes de Deus,
segundo eles mesmos - para pleitear obediência a seus
preceitos?
A teoria de queda espiritual segue o mesmo padrão,
agora aplicado a espíritos humanos, depois de criado e
divulgado o Espiritismo. É uma tentativa do advogado
Jean-Baptiste Roustaing, expressa na obra "Os quatro
evangelhos", edição de 1866. Vejam o esquema:
Os espíritos são criados simples e ignorantes no mundo
dos espíritos, onde seguem evoluindo em conhecimento
e moral. Mas, se incidirem em algum erro, devido a orgulho,
a egoísmo ou a ateísmo, são lançados no universo material,
onde passam a sofrer sucessivas reencarnações materiais.
Obviamente, como punição.
Portanto, o simples fato de estarmos envelopados num
invólucro carnal aqui na Terra já denota que somos
espíritos decaídos, lutando por uma reintegração ao
quintal espiritual de onde não deveríamos ter caído.
Posteriormente, na década de 30 do século 20, na Itália,
o jovem médium, formado em Direito, retoma a ideia (sem
conhecer a obra de Roustaing), afirmando que os espíritos
foram criados perfeitos e, devido ao orgulho, alguns se
rebelam contra o seu criador, sendo, por isso, lançado ao
mundo material, onde sofrem reencarnações até se
aperfeiçoarem e poderem retornar ao convívio dos
espíritos que nunca faliram.
Seria até cômico, se não fosse táo anti-didático: Imaginar
criaturas perfeitas se rebelando contra seu criador!
Essas teorias contrastam com o ensinamento simples e
preciso encontrado no "Livro dos espíritos", onde, na
questão 122, lemos a resposta clara dos espíritos:
“Todos são criados simples e ignorantes e se instruem
através das lutas e tribulações da vida corporal. Deus,
que é justo, não podia fazer felizes a uns, sem penas
e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito”.
Ressalte-se que Roustaig utilizou apenas uma única
médium em todo o seu trabalho, contrariando o método
de Kardec, de obter as respostas às suas indagações,
através de variados intermediadores. E Ubaldi encafifou-se
em uma "mediunidade intuitiva", em que apenas ele
mesmo é o gerador das ideias e o árbitro de todo o material.
Prefiro ficar embasado no "velho e bom" Kardec, sem
nenhum resquício de conservadorismo, pois o Espiritismo
é inteiramente progressista, mas, sentindo o chão sob
os pés e a lógica na mente.
Adentro neste assunto unicamente porque o livro do
sortesco, nesta semana, é abertamente Roustainguista,
e quero deixar bem explicitado que tal teoria não reflete
o pensamento dos espíritas, apenas o pensamento de
alguns espíritas.
Abraço do tesco.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
7 comentários:
Fiquei com vontade de ler ontem o livro.
Beijotescas
Tesco, essas questões me incomodam bastante, pois de toda forma trazem uma visão ruim da humanidade e eu me recuso a acreditar que o mundo espiritual seja um replica deste aqui e que os espíritos estejam divididos em "classes sociais". Não gosto da teoria do "anjos caídos", nem da "punição" e muito menos de sofrer para adquirir sabedoria. Estamos cá neste mundo por uma razão qualquer, talvez sejamos exilados de algum planeta proximo, que sejamos ET, afinal tem gente como eu que so vive no mundo da lua!
hiscla
O mundo espiritual, de modo nenhum, é réplica deste mundo, hiscla, no Livro dos espíritos nos dizem que "este mundo é uma paródia grosseira do mundo espiritual". Portanto, não se afobe.
Os espíritos não são divididos em classes: Eles mesmos segregam-se em grupos, conforme sua afinidade. Os poetas procuram os poetas, os drogados procuram os drogados, é como separação dos líquidos conforme a densidade destes, o óleo ficam acima da água, o álcool acima do óleo. Só se misturam se for dada uma chacoalhada.
Assim, no nosso mundo terreno, de vez em quando dá-se uma chacoalhada, pra que a segregação diminua.
E se não quiser sofrer pra adquirir sabedoria, sente-se no colo da mamãe e fique esperando ser sábia. Quando for sábia o bastante, vai sair do colinho e enfrentar o mundo pra se tornar MAIS sábia. É a lei do universo, não fui eu, nem Kardec, nem Benjamin Franklin quem legislou.
Beijos.
Hum, bom que não divida os espíritos em classes: superiores, medianos, inferiores...
eu quero sofrer mesmo não, mas mamãe já me aguenta mais!
eu não gosto da ideia de de progresso, é muito linear e positivista (no sentido de Comte).
hiscla
Toda dor vem do desejo de não sentirmos dor. Aceitar o remédio amargo pra melhorar logo da gripe ou aguardar o sistema imunológico dar conta. Ambos os caminhos levam ao mesmo resultado e não é que aja preeeessa: temos a Eternidade toda pela frente, afinal. Mas acho melhor sarar mais rápido, se possível.
---
Anjos caídos... Sem comentários!
Não gosto muito da faceta "religião" do Espiritismo (ou de qualquer outra doutrina), embora entenda que é uma necessidade de muitos. Ou pelo menos não gosto da faceta "time de futebol" que às vezes se gruda nas religiões.
Tem toda a razão, Edu, a problemática é esta, avançar agora ou "daqui a pouco"? Lembremo-nos que os fragmentos de pedra se arredondam devido ao atrito com os outros fragmentos, assim é a humanidade, mais rápido ou mais lento, o "arredondamento" (o progresso, de que a hiscla não gosta) é inexorável. É como a questão urbana: Vou pra casa agora, num ônibus lotado, ou vou mais tarde, quando poderei até ir sentado? Depende nossas conveniências e obrigações.
A religião, com esse aspecto "time de futebol", assemelha-se ao que Marx diz que é "o ópio do povo", mas o aspecto religioso, propriamente dito, que é o de lembrar-nos que somos todos irmãos e devemos auxiliarmos uns aos outros, é fundamental.
Abraço religioso.
Tesco, na linguagem bíblica, anjos são mensageiros e não como a igreja católica os concebe: espíritos perfeitos. Outra questão é que, como encontramos no Livro dos Espíritos, os espíritos nunca regridem. Portanto, se são espíritos perfeitos, não cairiam. Podemos pensar no degredo, como nos explica Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, mas, nele, os espíritos não são perfeitos. Enfim, como bem diz vc, Kardec é aquele que mais lógica trás no que escreve, visto que fez ampla pesquisa e ainda tudo foi passado pelo crivo dos emissário do Cristo, através do Espírito de Verdade. Muita paz!
Postar um comentário