Julho do ano passado e Shirley estava procurando, não, quero
dizer é que ela postou um poema que se intitula "Procura".
E o que procurava ela nesse poema?
Ora essa! Procurava o que todo romântico procura:
Um amor, constante e fiel, que tenha sempre carinho para
oferecer e uma palavra amiga nos momentos de infortúnio.
Como é o mundo sem esse amor, descrito pela Shirley?
Um mundo sem luz, sem cor, sem sabor, pródigo em dores,
isento de flores, e desprovido de conforto emocional, aquele
que, devido à solidariedade, aquece no frio e refresca no calor.
E, o pior disso tudo é que, essa 'buscadora' já contava com um
amor desse tipo, pois indaga:
"onde estás tu que dizias me amar?"
É isso que torna tudo mais terrível, a pomba que estava na mão
saiu voando, não se sabe pra onde, nem dá indício de que vai
retornar.
Entre nesse clima seguindo os leves versos da Shirley:
PROCURA
Shirley
(2014.07.05)
"Preciso tanto
de uma palavra sedativa
amorosa e libertadora.
Meus pensamentos
se vestem de luz diáfana
e te buscam
nas praças floridas
nos lagos mansos
nas madrugadas silentes
mas
tua ausência
me conduz para um mundo de dor
sem cor
inóspito
sem lua sem sol sem mar...
Onde o êxtase
o futuro venturoso
a beleza criadora onde
estás tu que dizias me amar?..."
* * *
Por onde andará essa 'pomba'? Que tipo de grão consome?
Através dos 'psicográficos' versos do tesco vem a resposta.
O herói diz que, apesar do carinho e do amor da sua amada,
sente-se preso, sufocado, estrangulado naquela sua ânsia de
liberdade.
Traz no peito um vulcão prestes a entrar em erupção, uma
torrente de emoções que quer compartilhar com o universo.
Tanto a tempestade furiosa como o silêncio profundo de uma
floresta o atraem sendo, portanto, incoerente em si mesmo.
Ele próprio confessa que "Poucas vezes tenho nexo".
vejam o recado completo abaixo:
COMPLEXO
tesco
(2014.07.08)
"Me buscas onde não estou
Sou vário, sou complexo,
Poucas vezes tenho nexo
Nem eu sei por onde vou
Vulcão ativo é meu retiro
Resido na tempestade
Vivo em plena liberdade
Nas cascatas me atiro
Só no silêncio das matas,
No rochedo solitário,
Em meio da imensidade
Sinto-me bem de verdade
Queres sol, queres luz, queres cor
Queres mais, queres paz
Isso eu não posso te dar
Sou complexo, sou vário
Dou-te apenas meu amor."
* * *
Fica explicada, então, a ausência reclamada pela Shirley.
Explicada, porém não justificada!
A liberdade pode encontrar perfeito habitat mesmo em um
pequeno recinto, desde que se configure um lar. Nenhuma
contradição há nisso.
Mas, mesmo o mais entusiasta viajante necessita de um porto
onde possa ancorar, pelo menos por algumas etapas.
E essa 'aportagem' se fará em tempo breve, pelo que se deduz
dos últimos versos dessa suposta réplica.
O 'fugitivo' diz que não poderá oferecer tudo que foi listado
pela Shirley em seu poema, mas "dou-te apenas meu amor".
Ora, se isso não é uma promessa de retorno, não sei o que é!
Abraço do tesco.
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3 comentários:
Ora, essa Tesco!
Você fez uma bela explicativa da ausência.
Ficou belo, meu caro amigo.
hiscla
Olá, tesco!
Ambos os poemas estão mto bem construídos, mas claro que o seu é a resposta ao da Shirley.
Homem não quer "corrente" nem de seda. Polinizar, sempre k seja possível, é "lei" genética.
Bom fim de semana.
Abraços.
Você é muito esperto, mocinho!rs
Muito bom o seu poema.
Kiso!
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