Em abril deste ano, Shirley sofreu um assalto!
Naturalmente - sabe como é poeta - apesar de toda a violência,
foi um assalto poético e o 'criminoso' foi o vento!
Seu poema semanal descreve as diabruras praticadas pelo
'marginal' e, ao término, sua irritação crescente. Na verdade,
Shirley enfureceu-se a ponto de deixar afluir à pele sua ira e
planejar um assassinato!
Parece mesmo decidida a uma ação de extermínio e...
Mas não quero influenciar seu voto, desvirtuando os fatos com
minha interpretação.
Veja a descrição do episódio por ela mesma:
ATITUDE PERIGOSA
Shirley
(2015.04.04)
"O vento passa
roubando o verde do jardim
o amarelo do sol
o vermelho do meu batom.
O vento volta
com pompa de arauto
diz coisas sem sentido
estremece meus alicerces.
Ele vem
espia pela incauta janela
brinca com a minha saia
pisoteia minha tolerância
e depois
levando as cores da manhã
vai embora rindo
feito rio caudaloso
em direção ao futuro...
Os minutos
e o omisso relógio viram tudo
nada fizeram para proteger-me.
Fico brava em silêncio
sem sonho sem nada
e não importa minha sina
posso tornar-me assassina...
É isso mesmo
hoje vou matar o tempo!"
* * *
Está aí o depoimento da vítima, assinado por ela, e contendo
a confissão de premeditação de um crime.
Se você está antenado, e apoia as recentes manifestações de
'justiça pelas próprias mãos' praticadas por alguns setores da
população, incentivará a Shirley e dirá:
- É isso mesmo, Shirley, amarre esse bandido num poste e o
surre até deixá-lo morto!
Eu sou veementemente contrário a isso!
E explico:
Primeiramente, num estado de direito, normal e regular, como
o que estamos vivendo aqui e agora, justiça pelas próprias mãos
não é lícita, nem legal nem moralmente;
segundamente, a pena proposta não é proporcional ao crime;
e terceiramente, a vítima visada não é o 'criminoso'.
Excetuada a primeira circunstância, de não haver base legal
ou moral para a pena proposta, meu comentário ressaltou os
dois argumetos seguintes e, propôs a absolvição do réu.
Confira abaixo:
PERDOANDO
tesco
(2015.04.04)
"Sofreste um vento ladrão
Que - marginal desalmado -
Tão solto na amplidão
Veio fazer o narrado
E zombando do assaltado
Puxa a perna e ouve o baque
E o relógio, coitado!
Só sabe fazer 'tic-tac'
Certo é fazer justiça
Condenando o 'condenado'
Mas não se tornar 'puliça'
Matando o 'cliente' errado
De tudo que o vento fez
Se o paraíso é mostrado
- Levante a saia de vez -
E de pronto é perdoado!"
*** *** ***
Considero pois, se a arruaça promovida pelo vento culmina
com o levantamento dessa "cortina pudicícia", encaminhando
a maioria dos homens a uma 'espiada revigorante', o réu, na
verdade, merece mais uma condecoração, em vez de uma
punição.
Venta, vento!
Abraço do tesco.
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4 comentários:
Saluton!
Ah! tesco, tesco, você não tem jeito mesmo rsrs... Você pega pelo pescoço o poema, suga o sangue do coitado, extirpa as suas arestas, vira o pobre pelo avesso e tira ...acertadas conclusões,concordo rs.
Você produz um filme com as suas considerações e sempre fica muito legal.
Parabéns, granda amiko!
Kisojn!
Olá, tesco!
Depois de mto me rir com seu post, passo a comentá-lo.
Você é incrível e impecável! Consegue transformar um "delito/talento poético", o poema da Shirley, que está, primoroso, como sempre, e k é dirigido a um elemento ou fator climático, já não me lembro bem, o vento, numa culpa, ou seja, tem capacidade pra "virar o feitiço contra o feiticeiro" (risos).
A incógnita da equação, por "lei", é o levantamento da saia, pelo o vento (feito homem, personificado).
AMEI, SIMPLESMENTE! PARABÉNS!
Beijos, meu estimado amigo.
ENCANTADOR DE SERPENTES
Que és homem, também o sei
já senti toda tua pujança
tive desejos e devaneios
que me ficaram na lembrança.
És aquele que me enfeitiça
aguçando minhas vontades
e és muito melhor que Apolo
e por isso, tanto te olho.
Fantástica e divina realidade
que condiz com a luz e o amor
tens gestos e dons de Condor
que só me envolvem na verdade.
Possuis na alma um furacão
que não sou capaz de dominar
portanto, sê menos durão
e verás que só tens a ganhar.
És tu sim quem me prende
de cima a baixo, te juro
e como sou muito inocente
tudo te dou, tudo se consente.
Apaixonadíssima, sem trama
digo-te com toda a firmeza
que terás mulher na cama
e senhora, sempre, na mesa.
CÉU
Tesco, ta muito romântico e magico..
Elementos do fogo, depois do vento..
Vem por ai uma ondina também?
hiscla
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