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quinta-feira, 9 de abril de 2015

CONTRACANTO: FOME

Sei que foi comentário num post da Luma, mas o post não
sei o que foi. E, olhando bem, interessa 
pouco, pois o
comentário quer falar por si mesmo. 


O soneto focaliza uma necessidade básica: A fome. 
Isso está explícito em seu título. E a fome não precisa de 
intermediários, circunllóquios, meias palavras, perífrases ou 
revoluteios, ela aparece e basta! 

Porém no soneto ela é camuflada, disfarçada por outros 
apetites, igualmente imperativos. O sexo e a fome dos 
vampiros pelo sangue quente são os meios escolhidos para a 
substituição. Mas não chegam a diminuir a intensidade dessa 
necessidade vital. 

Veja o soneto e tente descobrir sobre o que versava o post 
originário. Eu nem faço ideia. 

FOME
tesco
(2005.02.27)

Desejos lúbricos, ânsia de vampiros 
Estereótipos, sutilezas loucas 
Angústia de encontros entre as bocas 
Sátiros e ninfas em conspiros 

Nestas horas sombrias eu suspiro 
As tentações que me movem não são poucas 
Deixam-me a voz cavernosa e rouca 
E é esse o momento em que deliro 

Os escrúpulos duma vez se me removem 
Meus sentidos, em ti postos, se inflamam 
Tua carne e teu sangue me comovem 

E a fome me devora e me consome 
És meu prato, meus instintos já reclamam. 
Esse o prazer supremo de quem come 

   *   *   *   

Embora possa parecer que o personagem faminto se dirija 
a uma pessoa, a intenção era mesmo dialogar com o prato, 
de preferência, cheio. 

E, incluí a carne e o sangue para incrementar a concretude 
da história, para mim, no entanto, vegetariano há 42 anos, 
isso não é alimento. Argh! 

Abraço do tesco. 

3 comentários:

Denise Carreiro disse...

Embora vc diga que a fome é de comida, a impressão que me ficou é que a fome é do outro, aquela vontade imensa da comunhão carnal. Muita paz!

Shirley Brunelli disse...

Vampiros?...Sangue?... Que tipo você prefere, hein, tesquinho? (rá rá rá)

Unknown disse...



Tesco...
Se eu tomasse o poema por "fome do outro", acharia desagradável por implicaria um tipo de simbiose com outra pessoa, aquele tipo é muito dependente e vive a vida alheia, entende?
Mas se tomo por um prato de comida, coisa muita o aspecto e fica muito realista!
Nada melhor que um belo prato, (não só cheio, mas também bonito) para quem esta com fome!
Diferente dos outros poemas que "fluidos" e que "tratam de coisas mais sutis" , esse ai é realista mesmo!

hiscla