Sei que foi comentário num post da Luma, mas o post não
sei o que foi. E, olhando bem, interessa pouco, pois o
comentário quer falar por si mesmo.
O soneto focaliza uma necessidade básica: A fome.
Isso está explícito em seu título. E a fome não precisa de
intermediários, circunllóquios, meias palavras, perífrases ou
revoluteios, ela aparece e basta!
Porém no soneto ela é camuflada, disfarçada por outros
apetites, igualmente imperativos. O sexo e a fome dos
vampiros pelo sangue quente são os meios escolhidos para a
substituição. Mas não chegam a diminuir a intensidade dessa
necessidade vital.
Veja o soneto e tente descobrir sobre o que versava o post
originário. Eu nem faço ideia.
FOME
tesco
(2005.02.27)
Desejos lúbricos, ânsia de vampiros
Estereótipos, sutilezas loucas
Angústia de encontros entre as bocas
Sátiros e ninfas em conspiros
Nestas horas sombrias eu suspiro
As tentações que me movem não são poucas
Deixam-me a voz cavernosa e rouca
E é esse o momento em que deliro
Os escrúpulos duma vez se me removem
Meus sentidos, em ti postos, se inflamam
Tua carne e teu sangue me comovem
E a fome me devora e me consome
És meu prato, meus instintos já reclamam.
Esse o prazer supremo de quem come
* * *
Embora possa parecer que o personagem faminto se dirija
a uma pessoa, a intenção era mesmo dialogar com o prato,
de preferência, cheio.
E, incluí a carne e o sangue para incrementar a concretude
da história, para mim, no entanto, vegetariano há 42 anos,
isso não é alimento. Argh!
Abraço do tesco.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Embora vc diga que a fome é de comida, a impressão que me ficou é que a fome é do outro, aquela vontade imensa da comunhão carnal. Muita paz!
Vampiros?...Sangue?... Que tipo você prefere, hein, tesquinho? (rá rá rá)
Tesco...
Se eu tomasse o poema por "fome do outro", acharia desagradável por implicaria um tipo de simbiose com outra pessoa, aquele tipo é muito dependente e vive a vida alheia, entende?
Mas se tomo por um prato de comida, coisa muita o aspecto e fica muito realista!
Nada melhor que um belo prato, (não só cheio, mas também bonito) para quem esta com fome!
Diferente dos outros poemas que "fluidos" e que "tratam de coisas mais sutis" , esse ai é realista mesmo!
hiscla
Postar um comentário