EXPURGO
Apesar de tomar cuidado em falar vocábulos simples e
conhecidos, frequentemente me ocorre pronunciar palavras
que são desconhecidas para meu interlocutor.
Foi o caso de 'expurgo', quando disse que estava "fazendo
um expurgo nos meus arquivos". Uma filha minha estranhou:
- Que é isso?
Embora espantado que um adulto, graduado em universidade,
desconhecesse o termo, expliquei. Mas o incidente me ficou
na memória e, mais tarde, perguntei a outra filha e a uma sua
amiga, o que entendiam da frase. Ambas me responderam
que nada tinham entendido.
Isso me leva a concluir que, mesmo acostumado a ler sobre
as ações de Hitler, Stalin, ou da Ditadura Militar no Brasil, não
quer dizer que todos leem o que eu leio, ou mesmo, extraiam
das mesmas leituras as mesmas conclusões minhas.
Mas sempre me pareceu claro, devido à ação do purgante,
que limpa, purifica, desembaraça, que expurgar seria,
basicamente, 'botar pra fora'.
E é isso que estou fazendo nos arquivos, uma limpeza geral,
eliminando vídeos e arquivos pps que já perderam a razão de
estar entre minha documentação.
ESDRÚXULO
Foi também um termo que "me escapuliu..." tempos atrás, e
essa mesma filha tinha estranhado. E olha que usei a palavra
no sentido comum, que é de 'estranho, esquisito, inusitado.
Nunca usei esse termo no sentido gramatical. É, tem isso.
Antes dos anos 60, era ensinado que as palavras de tonicidade
proparoxítona, eram chamadas de esdrúxulas.
Na verdade, ambas as classificações são esdrúxulas, não acha?
INÚMEROS
Os gramáticos ensinam que inúmeros' significa "incontáveis",
portanto, uma quantidade que não é possível se contar.
Para se indicar 'muitos' deve-se usar 'numerosos'.
Informação muito pertinente, sem dúvida.
Porém, numa crônica em "O Boletim", Yvonne comentava sua
desdita ao chamar, no Facebook, uma atriz, mulata, de 'mulata'.
Uma leitora indignou-se, dizendo que mulata é termo pejorativo.
Ora, a leitora baseia-se na etimologia da palavra, cuja origem,
no século 17, é pejorativa. Hoje não mais, as palavras mudam
seu significado.
Daí, pus-me a pensar, não seria esse o caso de 'inúmeros'?
Seria uma nova acepção do termo: Uma quantidade muito
grande, cujos números exatos não interessariam no momento.
A ocorrência do termo nesse sentido, "inúmeras vezes", dá
boa base a este raciocínio.
* * *
Fico por aqui, por hoje, pois as condições 'pernis' (ou 'pernais'?)
não me permitem ficar muito tempo em frente ao computador.
Abraço do tesco.
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5 comentários:
"Conversas" que me interessam, Tesco.
Quanto à sua filha não entender o termo "expurgo", nada de espantar, porque o vocabulário da gente moça, universitária até, é bem diferente, agora. Bastava pensar somente no prefixo da palavra: "ex", mas, enfim, o ensino, atualmente é bem mais simples. Eles entendem é de redes sociais, isso sim.
Sempre achei a palavra esdrúxula um pouco "esdrúxula", passa a repetição, mas que é esquisita mesmo, isso é.
Continue abordando temas desses, porque a gente vai refletindo e chegando a conclusões, que podem ser diferentes umas das outras, naturalmente.
Boa semana!
Não fique "macambúzio", tesco, por não poder usar por muito tempo, o computador. Você já disse isso, "inúmeras" vezes, pouco menos de mil... Essa conversa de tornozelo inchado,já está deixando-me "cabreira", assim você "bole" com a minha paciência.
hahahaha!!!!
Beijos!
Tesco, já imaginou quantas palavras temos por aí que nem sabemos o significado original? Obrigada pela honra da sua menção.
Beijotescas
Tesco, meu caro
sabe que minha profissão acha muito pertinente seus comentários.
Mas também me lembra situações hilárias, vividas quando criança:
Havia uma professora do antigo quarto ano primário que ia para o quadro negro explicar o que era "sujeito".
Eu ficava emcabulada com aquilo!
Meu pai, que era do RN, sempre se referia às pessoas tratando-as por "sujeito":
"o sujeito da padaria trouxe o pão".
"o sujeitinho não quis me dar o trabalho".
Então, eu conhecia o "sujeito" do meu pai, mas jamais poderia entender "o sujeito" daquela frase que a professora queria nos ensinar.
Aquilo foi embaraçoso.
Seus comentários me trouxe essa doce lembrança!
Assim falo para não entrar na questão "professoral" da falta de instrumentos de expressão da mocidade de hoje.
beijos
Hiscla
Com efeito, hiscla, essa história do sujeito
também me faz lembrar da escola, em 1968,
quando o professor Alcindo explicava sujeito.
- Por exemplo, eu digo "Maria foi perseguida
por um tarado". Quem é o sujeito?
Um aluno destemido, respondeu:
- Sei não, professor, mas ele é um safado!
Beijos.
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