FANTOCHE
Analisemos agora - algo nunca visto neste blog - uma letra da
autoria de... Adelino Moreira!
- Ahá! O fanzoco do Adelino ataca novamente! Por que você
não muda logo o título da série para "Analisando Adelino"?
Também não é assim, Álter, até agora só vimos três músicas
do Adelino, e uma delas em conjunto com outras duas de
mesmo tema. Além disso, não sou tão fã assim como você
insinua, pois não aprecio justamente suas composições mais
conhecidas, como Negue, A volta do boêmio, Meu dilema,
Escultura, Deusa do asfalto, Flor do meu bairro, e Devolvi.
Que fanzaço é este?
- Mas por que volta ao Adelino com tanta presteza, então?
Porque é uma ocasião oportuna, pois na análise mais recente
vimos "Revolta", de 1959, e sgora vamos analisar "Fantoche",
de 1960, que se trata, basicamente, da mesma melodia.
- Um plágio?
Claro que não, sendo do mesmo compositor, pode-se falar em
variação, não em plágio. Deve ser o mesmo caso da relação
entre Asa branca e Assum preto, esta de Luiz gonzaga, e
aquela, assumida por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira (há
reservas). Diz-se que Assum preto é variação em tom menor
de Asa branca.
- Como é isso? Explique.
Não, não posso exlicar porque não entendo de cmposição
musical. Entendi apenas que o tom menor é usado para as
composições mais lentas (ou mais "tristes") que a partitura
em tom maior.
- Peraí! Você falava de composições, agora fala de "partitura".
Que bagunça é essa?
Ah, sim, desculpe. Esqueci que com você tenho que ser bem
didático. Partitura é a "letra" musical, escrita pra quem toca
o instrumento, ou pra quem vai aprender a melodia. Certo?
- Ah, bom. "Fale em jangada, que é pau que aboia".
Então, basicamente, é" isso: Fantoche" é a melodia já usada
em "Revolta", com outra letra. Veja como ficou. Pode
acompanhar a gravação de Nélson Gonçalves, clicando no
título da música:
FANTOCHE
Adelino Moreira
"Quanto mais longe dos teus olhos, meu amor
Mais me atordoa o calor desta paixão
Estava certo em sua frase o inventor
"Longe dos olhos e perto do coração"
É na distância que doi mais a dor do amor
E se esse amor não foi apenas amizade
A gente chora a nossa mágoa, a nossa dor
Num labirinto de tristeza e de saudade.
Tenho em meus olhos a visão da tua imagem
Sou um fantoche que a solidão apavora
Tento abraçar o teu vulto e é só miragem
Me atormentando, dia e noite a toda hora
De ti distante, vivo triste e a meditar
Nos separamos, mas não posso compreender
Porque razão choraste tanto, ao me deixar
Porque razão eu chorei tanto, ao te perder..."
* * *
Creio que, sendo "Revolta" gravada em 1959, e "Fantoche",
em 1960, a letra de "revolta" foi composta primeiramente.
E, acredito, vendo que a melodia tinha potencial, Adelino
agregou-lhe outra letra, mais sentimental e menos hedonista,
digamos assim, de vez que a nova letra não faz menção aos
atributos físicos da amada, salientando apenas as emoções
e os sentimentos mais nobres.
O que podemos observar é que o 5º verso afirma:
"É na distância que doi mais a dor do amor",
e isso é apenas um ponto de vista. O Ladislaus von Tescus,
pseudo autor do soneto "DESTINO", por exemplo, pensa ao
contrário disto, quanto mais distante, menos doi.
É algo para se discutir.
Porém, fica o mistério: Se eles, ao que parece, se gostavam
tanto, por que se separaram?
Bem, se o compositor não sabe, eu menos ainda!
De toda forma, esta letra é muito mais suave e menos "raivosa"
que a letra de "Revolta", e por isso, eu a considero mais
romântica, desconsiderando que o romantismo tenha que ter,
forçosamente, um desfecho trágico.
Abraço do tesco.
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3 comentários:
Olá, tesco, quando eu era jovem ( dureza ter que dizer isso rs) e meu pai cantava essas músicas, claro que eu achava romântico, ao som do violão, mas, eu não curtia os cantores daquele tempo...Mas, hoje, reconheço a voz límpida e bonita do Nelson e de tantos outros, por exemplo. Constatamos que aqueles cantores tinham potencial de voz e que as letras das músicas faziam sentido, eram feitas de versos poéticos, já hoje...
Ah! Chama logo um pedreiro rs e conserta o reboco do seu muro, tá? ...
Never!
Brecha providencial essa! Rerrerré!
Beijos.
Vc falou de um fato que me chamou a atenção, por que os dois choraram com a separação? Então que não se separassem. Muita paz!
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