Há muito tempo que me sinto incomodado pela conversa que
rola por aí, em que afirmam que a cor dos objetos não é uma
propriedade dos objetos, mas da luz, pois na ausência da
luz não se veem cores.
É verdade que não vemos cores sem o auxílio da luz, mas a
cor dos objetos e, na verdade, a reflexão prioritária de certa
faixa das ondas eletromagnéticas que incidem nesses objetos,
e, portanto, uma propriedade dos objetos.
Dizer que a cor não é do objeto equivale a dizer que não é
propriedade de um espelho refletir a luz, mas faz parte da
própria luz. Ora, se não há incidência de luz, o espelho não
reflete, mas se houver, a luz é refletida, isto é, sofre a ação.
Uma superfície transparente a luz atravessa, uma suerfície
opaca e rugosa, a luz nem atravessa nem é refletida, fica
então evidente que a propriedade é da superfície, não da luz.
Agora, a diferenciação de determinadas faixas de ondas por
seres humanos, denominando-as de 'cores', essa sim, é uma
característica de quem percebe a radiação. Creio que tudo
se resume a uma questão linguística: Chamamos 'cor' a uma
porção do espectro eletromagnético, delimitado por bem
definidos valores de frequência e comprimento de onda.
Diferentes valores provocam diferentes sensações nos órgãos
apropriados para recepção dessa radiação (olhos).
Até a Wikiedia faz confusão com isso. depois de acertada
introdução, bem definindo o conceito de cor:
"A cor de um material é determinada pelas médias de
frequência dos pacotes de onda que as suas moléculas
constituintes refletem",
explica, alguns tópicos abaixo, que:
"...ela [a cor] não corresponde a propriedades físicas do
mundo mas sim à sua representação interna, em nível
cerebral. Ou seja, os objetos não têm cor; a cor
corresponde a uma sensação interna provocada por
estímulos físicos de natureza muito diferente que dão
origem à percepção da mesma cor por um ser humano".
Provavelmente você não entendeu a explicação (eu não
entendi), e captou apenas a expressão:
"os objetos não têm cor",
e ficou atrelado ao conceito comum e corrente.
Esse conceito - fiquei a par lendo o mamual do blefador,
colocado em sorteio aí embaixo - é decorrente das
elucubrações do filósofo inglês John Locke. No manual lê-se:
"John Locke (1632-1704) achava que os objetos têm duas
espécies de atributos:
1- Qualidades primárias - como extensão, solidez, número -
que são consideradas inseparáveis dos próprios objetos e
inerentes a eles; e,
2. Qualidades secundárias - como cor, sabor, cheiro - que
parecem estar no objeto, mas estão de fato no percipiente."
Pronto! Ficou definida a questão: O inglês falou!
No meu humilde pensar não é assim não.
Tanto a cor faz parte do objeto que, retirando e repondo a
fonte de luz, a cor verificada no objeto é a mesma. Poderia,
no intervalo escuro, ter mudado, de azul para vermelho,
digamos, mas não, mantém-se fiel ao seu partido (o que não
acontece com muito político).
O mesmo poderá ser dito para as outras "qualidades
secundárias" de Locke.
O sabor não passa de reações químicas geradas no contato
do objeto com a língua e, evidentemente, as reações darão
resultados semelhantes para objetos semelhantes, isto é, não
são propriedades subjetivas, mas dependentes dos objetos
fornecidos, portanto, propriedades deles.
Também o cheiro se encaixa no mesmo caso: É o encontro
de moléculas do objeto com órgãos sensitivos dos animais
(humanos, inclusive). As coisas têm "assinatura", quer dizer,
algumas moléculas componentes do objeto são ejetadas e
se espalham pelo ar. Isso vai depender da facilidade que as
moléculas tenham em se desprender do total da massa. Um
pão quentinho expede muito mais moléculas que uma barra
de ouro, por isso se sente "um cheirinho bom de pão", mas
não "um cheirinho bom de ouro".
Temos, porém, que dar um devido desconto a Locke, ele não
tinha a menor condição de ter esse conhecimento em sua
época, as descobertas e teorias da química e da física ainda
iriam fazer sua estréia. Suas ideias, contudo, ainda parecem
fazer prosélitos.
Abraço do tesco.
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6 comentários:
ixi... li tudinho. Melhor não comentar, Tesco, muita informação... rsrsrs
Deixa os objetos lá com sua cor e pronto! rsrsrs
Boa semana! Beijos
Querido tesco, agora você vai ficar ainda mais incomodado , com outra "conversa que rola por ai"... Sabia (acho que sim ) que o som não existe se não tiver dois ouvidos para registrar o fato? Isto é, uma árvore cai numa floresta e se não tiver dois ouvidos (claro, juntamente com o seu dono rsrs) presentes, o som não existe. É difícil imaginar isso, mas, aprendi de fonte super fidedigna que é a Ordem Rosacruz-AMORC.
Beijos!
Meu querido, não me meto nesses assuntos...apenas leio e fico a pensar. Acredito que ninguém detém a verdade, o saber esta sempre esta a caminho.Gosto de ver pontos diferentes!
Hiscla
Nossa! tesco...Assim você me mata!!! rsrs
Beijos!
Nossa, Tesco, agora vc foi fundo mesmo! Conceitos da física nunca foram o meu forte, aliás é meu ponto fraco, e muito fraco. Muita paz!
Isso mesmo CLARA, "Deixa os objetos lá com sua cor e pronto!"
Que mania as pessoas têm de tirar as cisas dos outros, né?
Beijos.
SHIRLEY, essa teoria deve ser devidamente entendida.
É como o que os ambientalistas falam sobre o clima:
"O bater de asas de uma libélula no Japão, pode influencias o clima da Europa".
É apenas uma metáfora.
O som, sendo vibração das moléculas do ar, não vai ser alterado
pela presença ou ausência de quem os ouça.
A frase quer significar, creio eu, que a essência dos fenômenos
(macroscópicos) não é alterada pelos desejos humanos (unicamente
pela sua atuação).
Quanto aos poemas, não morra ainda não, espero que ainda venha mais,
de acordo com sua lavra poética, que é fecunda.
Quero lhe matar de prazer (literário, rerrerré!) muitas vezes mais!
Beijos.
Certo, HISCLA, ninguém detém a verdade, a não ser os ingleses,
naturally pela óptica deles.
Beijos.
DENISE, nossos pontos fracos também dão indicação
de onde devemos desenvolver nossas habilidades.
A física é simples, desde que convenientemente explicada.
Eu, infelizmente, não possuo o dom de simplificar
as explicações, então...
Vamos parar por aqui mesmo, antes que eu me enrole mais!
Risos.
Beijos.
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