Prosseguindo na ideia de postar poemas novos e antigos,
republico um soneto já postado no NPN, em 2005.
Faz parte de uma carta de Audálio, o que me levou a
meditar sobre a genealogia dos 'tescos'. Não há nenhum
"Von Tescus" aqui e fico imaginando se o Ladislaus não foi,
na verdade, um grande embusteiro. Fazia-se passar por um
'barão alemão', o que deveria ser útil em suas conquistas.
Penso que essa turma dos tesco se origina na Itália.
Mas vejamos a mensagem do Audálio:
"Não ia voltar ao assunto, mas uma simpática carta do
jovem Audálio, à uma contemporânea sua, chamou-me a
atenção. Trata do batido tema de amar sem reciprocidade.
Transcrevo-a para vocês, para que possam apreciar o singelo
soneto que ele incluiu e dedicou à sua correspondente.
"Rio de Janeiro, 2 de junho de 1955
Querida Lilita,
Estimo que esta te encontre em plena saúde.
Apesar dos percalços pelos quais passas, teus males têm
ainda remédio.
Eu é que não ando bem, se não do corpo, padeço de
enfermidade da alma.
A melancolia que me assalta tem sua origem na mesma
fonte do problema que te aflige.
O objeto dos teus mimos ainda não te dá a atenção que
reclamas?
Saibas tu, que a musa dos meus anseios não revela
nenhuma consideração aos meus apelos por fazer-me notar.
Muito tenho-me esforçado, porém não estou à altura das
suas posses, e é-me difícil estar nos salões que ela freqüenta.
Veio-me à mente a similaridade de nossas situações e, pouco
antes das primeiras claridades da manhã, após uma noite
insone, havia composto este soneto, que dedico a ti.
QUOQUE TU?
A dor de te ver chorando
É tão grande quanto o mar.
P'ra te querer consolar
Teus segredos vou guardando.
Tuas mágoas me afogando
Findarão por me matar.
Tu vives a soluçar,
Eu também vivo penando.
Dar amor, não receber:
Angústia de bem-querer,
Tormento d'alma fatal.
Dimensão de tal sofrer
Eu posso compreender,
Pois sofro do mesmo mal!
- X -
Deixo estar por agora e, desejando-te mil venturas,
aguardo notícias tuas, tão breve quanto as possas enviar.
Ósculos respeitosos e recomende-me à minha madrinha.
Audálio de Tesco”
* * * "
Não é um soneto espetacular, mas seu palavreado simples,
seu tom coloquial, e seu estilo direto me agradam muito.
Por isso é dos meus preferidos.
Abraço do tesco.
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3 comentários:
Tesco, esses amores sofridos, quase trágicos...sei não.rsrs mas a poesia vale a pena, meu querido.
hiscla
Fala a verdade, tesco, os poemas sofridos são os mais bonitos. Quem nunca sofreu por amor?
Um beijo!!!
A Hiscla e a Shirley roubaram as palavras da minha boca. Um chifre faz um mal enorme para quem é traído, mas rende poesias lindas.
Beijotescas
Yvonne
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