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domingo, 29 de setembro de 2013

SOBRE UM FINAL COMUM

Quando li "Vida sexual da mulher feia", de Cláudia Tajes, 
anotei uma observação curiosa feita pela protagonista 
do livro, não lembro seu nome, mas lembro que era, 
obviamente, uma mulher feia. Ela dizia o seguinte: 

"Fiz aniversário ontem e já há algum tempo noto em 
mim algo que sempre percebi nas mulheres, nas feias e 
nas bonitas: com o passar dos anos, os traços do rosto 
vão endurecendo, sofrendo transformações, se 
modificando até tomar uma conformação quase 
masculina. 
Basta reparar nas mulheres de meia-idade e nas velhas 
para comprovar a verdade desta observação. Bocas 
caídas, olhos sem brilho, cabelos mais ralos, manchas 
e sinais, alguns com grandes fios pendentes. 
As mulheres terminam a vida parecidas com os homens e 
só não são confundidas com eles por causa dos vestidos 
estampados que usam.", (capítulo 4.8. David). 

Sagaz observação da Cláudia, porém, incompleta. 
A mulher não se encaminha para a aparência do homem, 
mas para um denominador comum aos dois gêneros. 
Não somente a mulher, mas também o homem, existe 
equidade oferecida pela Natureza neste aspecto. Existe 
até uma piadinha sobre esse fato. Conto-a só pra reforçar 
o ponto de vista. 

"Um jovem fala pro seu pai: 
- Pai, porque você não raspa essa barba? Tá parecendo 
um velho! 
O pai pondera e segue o conselho do filho. Barbeado, 
apresenta-se orgulhoso diante do filho. 
- Pronto, filho, que tal agora? Ainda pareço um velho? 
O filho o observa e responde: 
- Não, agora tá parecendo uma velha!" 

Assim tá difícil, preso por ter cão e preso por não ter cão. 

Também aparece um trecho equivalente, no livro de Zélia 
Gattai, "Um chapéu para viagem". Ali ela conta que o pai 
de Jorge Amado, Coronel João, encontrando sua comadre 
em trajes menores, e esta se melindrando, falou mais ou 
menos assim (não anotei as palavras exatas): 
"Que é isso, comadre? Se aperreie não, vosmicê já 
machiou e eu já femiei". 
Ou seja, denotando um estágio tal, que as características 
masculinas e femininas já se encontram mescladas. 

O fato não seria para estranhar, de vez que, no nascimento 
do ser humano, o macho é quase totalmente indiferenciado 
da fêmea, só havendo diferença mesmo na exteriorização 
do órgão genital. Ora, se há uma origem de características 
comuns, por que não haveria um final semelhante? 

Sei que nada sei, mas também sei que a Natureza é sábia, 
e "não dá ponto sem nó". 

Abraço do tesco. 

6 comentários:

M. disse...

Nunca pensei na humanidade (homem/mulher) por esse prisma... a igualdade final. Mesmo porque como vc disse, no começo(era o verbo-rsr), é quase que impossível se distinguir.
Sei que na velhice, de repente, alguem nos olha e fala... "coitada, é como uma criança né?"
Ledo engano, Algumas coisas vão se "diluindo", digamos assim, em nós; nossa memória, nossos gostos, nossas vontades. Mas quem pensa que nos tornamos criança, se engana. Uma criança aprende. Uma pessoa velha..esquece.
Mas, como voce disse, a natureza é sábia. Essa "diluição"(palavra estranha), é na verdade, a maneira que ela concebeu para nos proteger das dores da vida. Vamos nos acabando aos poucos e de repente....pluft!!!

Ahhh Tesco... perdão pela divagação... fui longe. O que devia estar escrevendo no meu blog...acabei rabiscando aqui. E nem pensei em escrever... mas seu post me fez pensar outra vez, por outra vertente. Deve ser o fato de eu ter me achado nele.

Ps: Não é pelo fato de seu blog não ser gay(isso não existe... pra mim existem pessoas) que ele não esta no meu blogroll. Já estava, quando vc esteve lá.
Não faço distinção por gênero... faço por interesse. E sem trocadilho.

Abraços

Clara Lúcia disse...

Qdo nascemos também não parecemos homem ou mulher. Bebê sempre tem a mesma carinha,então na velhice deve acontecer o mesmo.
Nunca tinha pensado nisso e fiquei assustada....
E fiquei pensando que qdo estiver idosa terei que cortar os cabelos curtinhos, coisa que eu nunca gostei.
Que demore muito, porque minha mente ainda está lá nos 30... e já estou com quase meio século.
Medo...

Uma boa semana!

Anônimo disse...

Tesco, eu também nunca pensei nisso. De minha parte, eu piorei com a velhice, mas não me incomodo. Já fui bonitona e mesmo que não tivesse sido, eu aceito o passar do tempo, sinal de que ainda estou viva.
Beijotescas

tesco disse...

Pelo contrário, Margot, eu é que tenho de agradecer pela sua "divagação", o objetivo dos posts é justamente incentivar as pessoas a refletirem sobre determinado assunto, e se elas meditam, pensam, conjecturam, divagam, missão cumprida! A felicidade fica estampada no meu rosto.
Ademais (eita, como o tesco gosta dessa palavra!), os comentários têm essa vantagem: Trazem corroborações ao ponto de vista enfocado, ou novas visões sobre o mesmo assunto, ou. até, diferentes assuntos. Tudo é válido, minha alma também é gorda! Risos.
Como já disse aqui, considero que a velhice é um processo de adaptação das pessoas, não ao evento "morte", mas às possibilidades de um mundo pós-morte. Por isso esse "arrasamento" das características do humano adulto jovem e/ou maduro.
Quem se adequa a isto, se ajusta melhor.
Beijos.

tesco disse...

Cara Clara (hein? não era 'cara a cara?), não entendi a relação entre idade e cabelos curtos.
Já houve um tempo em que se falava: "Cabelos longos, ideias curtas", mas isso nunca foi aprovado pelos que têm "ideias longas". Rerré!
Beijos.

tesco disse...

'Num se avexe não', Yvonne, como eu disse pra Margot, beleza não se resume a rosto e corpo, também abrange comportamentos, opiniões, atitudes, postura, conduta, etc.. Então, pra mim, você continua 'bonitona'!