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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

HEROI DE BOLAÑOS

Faz tempo que preparava dados pra falar sobre a concepção 
de heroi do Roberto Gomez Bolaños, porém, devido ao troca-
troca de computadores, perdi os dados. Refeitas as pesquisas, 
passo a tratar do tema, embora, nesse intervalo, Bolaños 
tenha desencarnado. 

Em 1970, Roberto Bolaños criou o personagem Chapolín 
Colorado, para satirizar os heróis retratados nas histórias 
em quadrinhos e nos filmes de Hollywood. O personagem é 
apresentado como um herói "mais ágil que uma tartaruga, 
mais forte que um rato e mais inteligente que um asno". 



Numa entrevista ao canal SBT, em 1988, Bolaños afirmou: 

"Chapolin é uma sátira de Batman e Superman. Quando m 
me perguntavam que se a ideia era criar um anti-herói, 
eu dizía que não, que tinha criado um herói; anti-heróis 
são Superman e todos os demais. 

Por exemplo: se Superman é capaz de deter, voando no 
espaço, um asteróide que vai se chocar com a Terra, não 
é um herói. É que quem pode fazer isso, pode fazer o que 
quer, pode enfrentar o problema físico que quiser. Esse não 
é um herói. É uma caricatura de um ser inexistente e 
impossível. E o Chapolin, ao contrário, é um ser humano 
que enfrenta todas as crises, incluindo o mais humano de 
todos os problemas: o medo.

Chapolin sente um temor enorme, pavor a mil, mas o vence. 
Derrota o seu medo e aí se converte em herói! Não é herói 
aquele que carece de medo. O herói é quem sente medo, 
enfrenta-o e o supera. O Chapolin não enfrenta a alguém 
que quer destruir o mundo, mas sim ajuda a dona de casa, 
que não tem quem a auxilie, a tirar a sujeira, a limpar a casa. 
Há ocasiões em que tem que enfrentar poderes muito grandes 
e o faz, mas nem sempre ganha, porque os seres humanos às 
vezes ganham e às vezes perdem." 

"Cervantes escreveu Don Quixote como uma crítica aos 
romances de cavalaria e, guardando as devidas proporções, 
criei Chapolin como o anti-herói latino-americano, uma 
resposta aos Batmans e Super-Homens que nos invadem 
vindos do Norte".

Aí está uma concepção válida e coerente. Neste mundo em 
que a mídia nos impõe centenas de herois imaginários, caem 
em segundo plano os milhares de herois cotidianos, que 
superam as dificuldades apesar de todo o medo que guardam. 
E, na imensa maioria das vezes, de modo lícito, o que é mais 
difícil ainda. 

Se isso não é, infelizmente, uma noção ensinada nas escolas, 
é inculcada nas mentes pela exibição na TV, dos episódios de 
Chapolin, que conta com milhões de admiradores. 

Afora isto, pesquisando sobre o Chapolin, descobri este fato 
emocionante, vivido pelo Bolaños, que eu, até agora, 
desconhecia, e que está descrito em Vila do Chaves

"Chespirito conta que em uma viagem a Colômbia com todo 
o elenco do programa estavam visitando centros turísticos. 
Eles viajavam de ônibus e em um ponto subiu um menino 
pobre vendendo doces e outras guloseimas, e quando 
chegou ao assento onde estava Chespirito, ficou hipnotizado 
e em uma fração de segundos este menino tirou todo o 
dinheiro que tinha em seu bolso e disse: 
“Chaves, toma para que compre seu sanduíche de presunto”. 
Roberto ficou perplexo perante o que este menino pobre 
acabara de fazer e ele como um cavalheiro que é, aceitou 
o dinheiro, pois não quis desfazer a ilusão do menino." 

A força da televisão não é nada desprezível! 
Que a obra de Bolaños perdure ainda por muito tempo. 

Abraço do tesco. 

4 comentários:

cynthia disse...

Gostei!
ele é muito humano, muito próximo a nós.... adorei sua transcrição da entrevista!

beijos!

Eduardo de Souza Caxa disse...

E que lhe sigam os bons! :-)

(Volto mais tarde pra desejar Boas Festas :-)

P,S.: "Prove que você não é um robô"? Poxa, Blogger, o ônus da prova é do acusador... Prove que eu sou!

tesco disse...

Pois é, Edu, é uma grande safadeza que o Blogger está fazendo
com pobres blogueiros. Já desativei essa verificação
- que nunca esteve ativada - mas o Blogger insiste nisso,
e implica até comigo!
Sacanagem das boas, quer dizer, das más.
Abraço.

Anônimo disse...


Adorei a "homenagem"!
muito merecida...algo que perpassou gerações.
Valeu, tesco, muito bem escrito.
hiscla