domingo, 13 de abril de 2014
AI! SE SÊSSE!
Severino de Andrade Silva (1904-1965).
Você nunca ouviu falar, né?
Foi um alfaiate paraibano que ficou conhecido como poeta
popular, o ZÉ DA LUZ.
Menos afamado que Patativa do Assaré, que teve poemas
musicados, Zé da Luz também compunha seus poemas
no linguajar sertanejo, aquele que não segue os padrões
da língua culta e por isso é - erradamente - rotulado de
'errada'.
Composições geniais é o que nos deixou o Zé da Luz,
pois, além da métrica e rima perfeitas, exibem deliciosos
voos imaginativos. Trago aqui um exemplo que, embora
bem difundido, é sempre bom de reler.
"AI! SE SÊSSE!…
Zé da Luz
Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntim nós dois vivesse!
Se juntim nós dois morasse
Se juntim nós dois drumisse ;
Se juntim nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo num abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum eu insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?…
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!"
* * *
Virge! As virge táo doida pra fugí do céu!
É inté bão qui elas venha, né?
Abraço do tesco
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5 comentários:
como de costume, eu não conheço, é a primeira vez que vejo, mas ADOREI.
coisas simples que retratam o homem comum!
hiscla
Eu conheço o poema declamado pelo Cordel do Fogo Encantado
Eu adoro esse tipo de poesia. Você sempre nos deixando mais cultos e felizes.
Beijotescas
Hahaha Puxá a faca e furá o buxo do céu, é por dimais de bão.
Legal esse Zé da Luz.
Beijos, tesco!
Safadinho, hein! Interessado nas virgens. Muita paz!
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