Essa história também faz parte do livro "Espiritismo escola
de almas", de Orson Peter Carrara, que é o objeto do
sortesco 388.
A princípio, pode-se contestar:
- O que uma história de adoção de um cachorro está fazendo
num livro de ensinamentos espirituais?
Mas o Planejamento da Espiritualidade Superior aproveita
tudo para tocar o coração humano! Quem pode negar o
apelo emotivo dos olhos de um animalzinho cutucando a
nossa consciência a nos relembrar que devemos amar
incondicionalmente?
"DONA KIKA
"Ela foi encontrada enroscada num portão, com menos de
2 meses de idade. Machucada, faminta, suja, traumatizada.
Foi trazida para casa por um dos filhos e a namorada. Nada
entendo de raça de cães, só sei dizer que era muito feia,
uma filhote barbuda inclusive.
Nossa atitude, minha e da esposa, foi de recusa imediata.
Já tivemos um caso traumático com outro cão que, nada dócil,
traumatizou a família face às dificuldades para cuidar dele.
Depois que ele morreu, fizemos um acordo familiar para
nunca mais termos animais em casa.
O filho prometeu que seria por aquela única noite, pois no dia
seguinte levaria o animal para outra residência, o que realmente
aconteceu. Mas naquela noite, quem é que dormiu? A filhote
fez barulho durante toda a noite, inquieta pela habitação
diferente. No dia seguinte, foi embora. Isso aconteceu de
quarta para quinta-feira daquela semana de janeiro.
No sábado à noite, ao chegarmos em casa, nos defrontamos
com o mesmo animal, agora limpo, mais cuidado. A pergunta
foi inevitável e a resposta é que a outra família havia devolvido
o animal, no que retrucamos também não desejar o cão em
casa, especialmente em função dos acontecimentos anteriores
e do acordo familiar firmado há alguns anos. Como era noite
de sábado, a promessa foi de que na segunda-feira ela iria
para o canil, caso não se conseguisse família que a adotasse.
No fim de semana o envolvimento dos filhos com o cão foi
intenso e no final de domingo já a chamavam de Dona Kika.
Na segunda-feira, minha pressão para o contato com o canil
resultou que o funcionário da Prefeitura Municipal viesse
buscá-lo na hora do almoço. Assinado o documento, o dócil
e pequeno animal não resistiu aos braços do funcionário. No
fechamento da porta traseira do veículo, com vidro, observei
o pequeno cão e seu olhar de súplica, com a cabeça tombada,
cortou-me o coração como uma lâmina que me cortasse o peito.
Naquela noite, ninguém dormiu. A família inteira chorou.
Somou-se o remorso à saudade, o arrependimento à vontade
de recuperar a convivência com o dócil animal. Na terça-feira
lá estava eu no canil, agora para buscar Dona Kika. Aí o coração
partiu novamente, na verificação das condições do canil, repleto
de cães de todas as raças, tamanhos e cores.
Quando nos ouviu a voz, a pequena filhote passou pelas pernas
do funcionário que havia laçado outro cão, por engano, e pulou
sobre nós, agora de alegria, de gratidão. Trouxemo-la de volta
para casa. Um animal dócil, há um ano já conosco, descontraindo
a família, saudando a todos com imensa alegria e peraltice,
diga-se de passagem, todo dia.
Apesar das peraltices próprias de um cão, é um animal dócil
e resignado. Tornou-se amiga de todos, que a querem bem e
vibram de alegria pela sua presença sempre carinhosa. Muito
diferente do antigo cão, D. Kika faz as alegrias e a descontração
da família.
Conto essa história em minhas palestras, para risos do público
que se diverte, especialmente pela dramatização incluída na
narrativa, despertando manifestações da Sociedade Protetora
dos Animais, do público em geral, inclusive por meio de e-mails
enviando saudações à cachorrinha, cuja foto tive que exibir
nas palestras, por pedido do próprio público, que solicitou essa
inclusão.
Incrível como pequenos acontecimentos trazem novos ares e
ensinam tantas coisas. O sentimento do animais é um desses
recursos que a vida usa para nos ensinar tantas outras coisas.
A vida é mesmo repleta de surpresas e acontecimentos, todos
eles nos querendo dizer alguma coisa. Nunca imaginei que
escreveria sobre ela, embora conte a história em palestras,
mas este relato também foi a pedido de uma admiradora que
se empolgou a com a história narrada na palestra e pode
indicar estudos e reflexões para nosso próprio aprimoramento
no tocante aos sentimentos."
Abraço do tesco.
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Um comentário:
Tenho 3 cães aqui e pra nós são a alegria da casa. Não tem como chegar em casa cansado ou de mau humor, sempre estarão a nos esperar com o rabinho abanando e querendo nos cheirar dos pés à cabeça. Isso não tem preço! Sempre quando estou fazendo algo, olho pra trás e lá estão os 3 me observando. É incrível como fixam o olhar em nós o tempo todo.
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