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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

DONA KIKA

Essa história também faz parte do livro "Espiritismo escola 
de almas", de Orson Peter Carrara, que é o objeto do 
sortesco 388. 

A princípio, pode-se contestar: 
- O que uma história de adoção de um cachorro está fazendo 
num livro de ensinamentos espirituais? 

Mas o Planejamento da Espiritualidade Superior aproveita 
tudo para tocar o coração humano! Quem pode negar o 
apelo emotivo dos olhos de um animalzinho cutucando a 
nossa consciência a nos relembrar que devemos amar 
incondicionalmente? 

"DONA KIKA



"Ela foi encontrada enroscada num portão, com menos de 
2 meses de idade. Machucada, faminta, suja, traumatizada. 
Foi trazida para casa por um dos filhos e a namorada. Nada 
entendo de raça de cães, só sei dizer que era muito feia, 
uma filhote barbuda inclusive. 

Nossa atitude, minha e da esposa, foi de recusa imediata. 
Já tivemos um caso traumático com outro cão que, nada dócil, 
traumatizou a família face às dificuldades para cuidar dele. 
Depois que ele morreu, fizemos um acordo familiar para 
nunca mais termos animais em casa. 

O filho prometeu que seria por aquela única noite, pois no dia 
seguinte levaria o animal para outra residência, o que realmente 
aconteceu. Mas naquela noite, quem é que dormiu? A filhote 
fez barulho durante toda a noite, inquieta pela habitação 
diferente. No dia seguinte, foi embora. Isso aconteceu de 
quarta para quinta-feira daquela semana de janeiro. 

No sábado à noite, ao chegarmos em casa, nos defrontamos 
com o mesmo animal, agora limpo, mais cuidado. A pergunta 
foi inevitável e a resposta é que a outra família havia devolvido 
o animal, no que retrucamos também não desejar o cão em 
casa, especialmente em função dos acontecimentos anteriores 
e do acordo familiar firmado há alguns anos. Como era noite 
de sábado, a promessa foi de que na segunda-feira ela iria 
para o canil, caso não se conseguisse família que a adotasse. 

No fim de semana o envolvimento dos filhos com o cão foi 
intenso e no final de domingo já a chamavam de Dona Kika. 
Na segunda-feira, minha pressão para o contato com o canil 
resultou que o funcionário da Prefeitura Municipal viesse 
buscá-lo na hora do almoço. Assinado o documento, o dócil 
e pequeno animal não resistiu aos braços do funcionário. No 
fechamento da porta traseira do veículo, com vidro, observei 
o pequeno cão e seu olhar de súplica, com a cabeça tombada, 
cortou-me o coração como uma lâmina que me cortasse o peito. 

Naquela noite, ninguém dormiu. A família inteira chorou. 
Somou-se o remorso à saudade, o arrependimento à vontade 
de recuperar a convivência com o dócil animal. Na  terça-feira 
lá estava eu no canil, agora para buscar Dona Kika. Aí o coração 
partiu novamente, na verificação das condições do canil, repleto 
de cães de todas as raças, tamanhos e cores. 

Quando nos ouviu a voz, a pequena filhote passou pelas pernas 
do funcionário que havia laçado outro cão, por engano, e pulou 
sobre nós, agora de alegria, de gratidão. Trouxemo-la de volta 
para casa. Um animal dócil, há um ano já conosco, descontraindo 
a família, saudando a todos com imensa alegria e peraltice, 
diga-se de passagem, todo dia. 

Apesar das peraltices próprias de um cão, é um animal dócil 
e resignado. Tornou-se amiga de todos, que a querem bem e 
vibram de alegria pela sua presença sempre carinhosa. Muito 
diferente do antigo cão, D. Kika faz as alegrias e a descontração 
da família. 

Conto essa história em minhas palestras, para risos do público 
que se diverte, especialmente pela dramatização incluída na 
narrativa, despertando manifestações da Sociedade Protetora 
dos Animais, do público em geral, inclusive por meio de e-mails 
enviando saudações à cachorrinha, cuja foto tive que exibir 
nas palestras, por pedido do próprio público, que solicitou essa 
inclusão. 

Incrível como pequenos acontecimentos trazem novos ares e 
ensinam tantas coisas. O sentimento do animais é um desses 
recursos que a vida usa para nos ensinar tantas outras coisas.  
A vida é mesmo repleta de surpresas e acontecimentos, todos 
eles nos querendo dizer alguma coisa. Nunca imaginei que 
escreveria sobre ela, embora conte a história em palestras, 
mas este relato também foi a pedido de uma admiradora que 
se empolgou a com a história narrada na palestra e pode 
indicar estudos e reflexões para nosso próprio aprimoramento 
no tocante aos sentimentos."

Abraço do tesco. 

Um comentário:

Clara Lúcia disse...

Tenho 3 cães aqui e pra nós são a alegria da casa. Não tem como chegar em casa cansado ou de mau humor, sempre estarão a nos esperar com o rabinho abanando e querendo nos cheirar dos pés à cabeça. Isso não tem preço! Sempre quando estou fazendo algo, olho pra trás e lá estão os 3 me observando. É incrível como fixam o olhar em nós o tempo todo.