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quarta-feira, 30 de abril de 2014

SORTESFCO 24 - RESULTADO

Nesta edição, sem concorrentes,
a vencedora é
 
HISCLA!
Parabéns!

domingo, 27 de abril de 2014

CAMINHO DO PARAÍSO


O CRUZAMENTO

Vou rumando para o sul. Alegremente, não estou fugindo
de nada. A não ser desta urucubaca que me persegue:
Nada dá certo comigo. Também, a cidadezinha de onde
parti, Millskon, se é que pode ser chamada de cidade,
é pequena demais. Que coisas boas eu poderia conseguir
por lá?


Preciso me aventurar por esse mundo afora, encontrar
uma cidade grande para demonstrar minhas habilidades
e ganhar a vida. Nem precisa ser muito grande, afinal,
qualquer coisa perto de Millskon já é grande.


Opa, um cruzamento. E com placas. Vamos ver pra onde
posso ir.


Hummm. Na esquerda tem Moresti, mas daqui dá pra ver
que não é grande coisa. Lugar igual a Millskon eu dispenso.
Em frente tem Broliff a 120 km. Não conheço, talvez seja
maiorzinha que estas. Nesse passo chego lá em quatro
dias.


Mas que é isso na quarta placa? X? Nunca ouvi falar! Terei
que ir até Moresti, pedir informações.


Peraí! Tem uma casa nessa colina. É, dá pra ver bem pra
quem vem do sul, pra quem vem do norte, fica escondida
pelas arvorezinhas. Hum, tem fruteiras, vou lá, pois meus
suprimentos estão acabando.


O NOVO VELHO

Subo a colina e chego na casa, mas não tem ninguém por
lá. Mas não parece abandonada, tá tudo arrumado e
limpinho, na certa o morador está andando pelo sítio.
Ah, aí vem ele.


- Bom dia, meu amigo! - Grito logo ao vê-lo, não quero que
vejam erradamente minha presença. Embora todos que
encontrei até agora tenham sido amigáveis e hospitaleiros,
nunca se sabe o que vem pela frente.


- Bom dia, meu jovem. - Responde ele, sem esperar se
aproximar - Vem perguntar sobre o X?


Já estava me esquecendo do X, pensando nas frutas que
poderia colher aqui. Mas a pergunta veio em boa hora.

- É. Quero saber quais são as cidades que tem praquele
lado.


- Naquele lado... - diz o velho, que não é tão velho, diga-se,
apenas tem um aspecto cansado - Naquele lado não tem
nada de bom! - Faz uma pausa enquanto se aproxima da
varandinha, sua voz é regular e suave.


Sobe o degrau e me estende a mão:
- Bem vindo! Meu nome de batismo é Jerome, mas não
me conhecem pelo nome, todos me chamam de "velho'. 
Sentou-se no comprido banco e me convidou a sentar.


A seguir, continuou:

- Naquele lado não tem cidade nenhuma, só desolação e
tristeza. Depois do regato, praticamente acaba a vegetação,
por trinta quilômetros nenhuma árvore grande. Os animais
rejeitam aquela área, passarinho não voa por lá.


- É? E por que isso? - Perguntei assombrado.

- Não se sabe. Talvez porque os animais não apreciem o
inferno. - disse o Velho, sorrindo - O morador anterior dizia
que é o caminho do inferno e, pela experiência que eu tive,
seguindo por ali, não tenho dúvidas de que é isso mesmo.


- Sua experiência foi ruim, então? Indaguei, apesar de ser
óbvio.


- Foi pavorosa! Uma noite somente, mas não desejo
repeti-la  por nada neste mundo. Instalei-me debaixo da
árvore grande e tentei dormir, consegui dormir por quatro
horas, mas sempre interrompido por pesadelos. Ou melhor,
por um pesadelo.


- Só um ?

- Sim, mas o mesmo pesadelo várias vezes: Os demônios
querendo me aprisionar. Depois de cochilar e acordar,
repetidamente, resolvi me aventurar pelo caminho, ainda de
madrugada.


- E então?

- Então o pesadelo se tornou realidade e, efetivamente,
 os demônios tentaram me agarrar. Argh! Sempre que me
lembro disso me dá calafrios!


E realmente o Velho tremeu como se estivesse febril. Não
devia mesmo ser algo bom de relembrar. Mas, sonhos de
velhos não me comovem, parece até que os velhos são
especialistas em sonhar, especialmente, com coisas ruins.


- Mas, se você pretende seguir por ali, apesar de tudo, leve
água suficiente, pois, depois do regato, são mais de trinta
quilômetros secos.


- Pretendo ir, sim, afinal foi para isso que saí de Millskon,
para correr o mundo. E ficar preso no inferno ou ficar preso
em Millskon, pra mim, dá no mesmo.

Por falar nisso, será que eu posso pegar algumas frutas
desse seu sítio?


- Certamente. Pegue quanto quiser. Laranja é uma boa
companhia nesse caminho, mas creio que você não vai
precisar de muita comida, afinal você vai voltar correndo,
como eu voltei.


- Pode ser. De qualquer maneira, irei prevenido. Nunca se
sabe, né?


Perambulei um pouco pelo sítio, enchendo o saco com
frutas diversas, logo após, estava me despedindo do Velho,
agradecendo todo o  apoio e esclarecimento. Parti então
para o regato, onde me abasteci de água, fresquinha e
límpida.


Plenamente abastecido, me veio a ideia: Esperar o quê?
Por que não partir agora? Ainda de manhã, cerca das dez
horas, sol ameno, soprando uma suave brisa do leste.
Então, pé na estrada!


PRIMEIRO TRECHO DA JORNADA

O caminho serpenteia entre as colinas e, embora seja
ascendente, não é cansativo em excesso. A caminhada
segue tranquilamente, só é estranho a ausência do barulho
dos pequenos animais e pássaros. Parei algumas vezes,
procurando ouvir alguma coisa e nada consegui. Próximo
ao meio-dia, quando o sol esquenta mais as coisas, me
parece natural que todos procurem se abrigar e tudo fica
mais silencioso. Porém, fiz testes de escuta às três da
tarde e foi o mesmo silêncio. Sei lá, mistérios existem, né?


O dia está claro e luminoso, mas, por volta das cinco da
tarde, já começa a diminuir a luminosidade, e ainda faltam
uns bons dez quilômetros para chegar até a 'árvore grande'
que o Velho falou. Por isso, faço a parada noturna aqui
mesmo.

Como não há nenhum abrigo  à vista, procuro um lugar, o
mais plano possível, e desdobro ali a lona sobre a qual eu
durmo normalmente. Não farei a refeição agora, de vez em
quando, chupava uma laranja pelo caminho, e não tenho
fome. As laranjas do sítio do Velho são muito doces e muito
sumarentas.


Escurece rapidamente, pois o sol se escondeu por detrás
das colinas à oeste. mas ainda falta um tantinho para a lua
aparecer. Vai levantar cheia, hoje. Engraçado como eu
nunca consegui enxergar qualquer imagem de São Jorge
na lua, muito menos de dragão. Quando eu era pequeno,
o Fent me dizia que distinguia até o estribo no pé de São
Jorge. Grande mentiroso era o Fent! E eu acreditava.


Ah! Lá está! É somente o cocoruto, mas já ilumina tudo
Como sobe rápido! Vou esperar o nascimento completo, e
depois é virar-me para o oeste e cair no sono. Amanhã
vou partir bem antes do nascer do sol, com essa lua no
céu, a trilha não ofere...


SEGUNDO TRECHO DA JORNADA

Não vi a lua cheia plenamente nascida no horizonte, o que
é sempre um espetáculo magnífico, nem cheguei a me
virar pro lado oeste, como pretendia, peguei no sono bem
antes.


Dormi bem e devem ser duas da madrugada, mas tudo
está perfeitamente delineado pela iluminação da lua.
Levanto com fome e faço um grande estrago no estoque
de bolachas. As laranjas também sofrem bastante.


Agora, já "dormido e comido", posso prosseguir com o
itinerário previsto. O caminho, apesar de suaves subidas e
descidas, mostra-se relativamente plano, em vista do que
foi percorrido até agora. Assim, posso até ir mais rápido.


Cerca de cinco da manhã, já bastante escuro, pois a lua
agora está escondida pelas colinas a oeste, finalmente
chego até a 'árvore grande'. É realmente grande, vista do
pé da colina, lá em cima não deve parecer tão alta. Como
não tenho nada que fazer lá, sigo adiante. 


A trilha faz uma acentuada curva à esquerda, não de graça,
um contraforte da colina se antepõe como um paredão.
Alguns metros adiante, o contraforte sofre um declive forte,
e a trilha retorna a seu rumo original. Mais uma pequena
curva à direita e outra à  esquerda, e me deparo com um
cenário deslumbrante:


Uma névoa, não muito densa, iluminada pelos últimos raios
da lua. em frente e à direita tudo é plano. Na esquerda
ainda predomina o relevo alto, mas já revestido com uma
vegetação rasteira. A névoa brilha, mas permite ver o que
se situa à frente por uns oito ou dez metros.


Reflexos prateados no lado direito dão a entender que ali
há uma massa de água, um lago, provavelmente, com as
margens pantanosas. Tudo parado, mas talvez os peixes
pululem por ali. E parece que, lá na frente, árvores tornam
a aparecer: Vejo escuras colunas por lá.


Escurece novamente, a lua se oculta no oeste e o sol, que
se prepara pra nascer, ficará escondido por uma boa meia
hora, pois agora as colinas estão por detrás de mim. Mas
vou acostumando a vista e prossigo a caminhada.


O caminho não é muito sinuoso, o que seria perfeitamente
viável, seguindo-se a margem de um lago, mas parece que
os viandantes anteriores não estavam interessados em
pescar. Chego ao trecho em que as árvores dão sombra
novamente, o sol surge, ouço o 'blub' de peixes pulando na
água e, o que é mais entusiasmante, os passarinhos estão
cantando!


Parece que o trecho desolador já passou. Creio que quem
alcançou estas paragens não teria motivos pra retornar.
O lago começa a se afastar da trilha, ou melhor, a trilha se
distancia do lago, este continua no mesmo lugar.


A partir de certo momento, a trilha se torna descendente, a
princípio suavemente, depois, de modo acentuado. Já há
encostas íngremes e as árvores estão encimando morros.
E a sinuosidade aumenta, tanto que não se vê trechos do
caminho, nem muito à frente, nem muito atrás. então, algo
inusitado, aparece na minha frente!


NOVO CENÁRIO

Cenário totalmente diferente: É uma cidade!
Sim, é fácil perceber: Estradas pavimentadas, construções,
delineamentos geométricos, carruagens sem cavalos nas
estradas, devo estar entrando em outra dimensão. Nota-se
logo a diminuição da luz natural, o sol, nascido há pouco,
sumiu do céu, e a luz origina-se de postes com estranhos
e potentes lampiões.


Uns poucos passarinhos ainda pipilam, mas o silêncio é
geral e arrepiante. Sente-se que a cidade não se encontra
abandonada, mas o silêncio é de cemitério, nem latido de
cachorro se ouve.


Vou caminhando devagar, não sei que rumo tomar e sigo
essa estrada. Até que chego num obelisco encimado por
uma estátua, no meio de um tanque circular, quase trinta
metros adiante de um templo. A paisagem é bonita, mas
tudo me deixa intranquilo e apreensivo.


Então acontece o inesperado!

De repente um grito se eleva, não de uma pessoa, mas
de uma multidão invisível. Um grande "ôôôôõô!" se alteia
retumbante, vindo de todo lugar! Ao mesmo tempo o céu
explode milhares de vezes, pensei que estivesse caindo
sobre mim. Agora um novo grito, "êêêêê!", e a multidão
aparece!


Por certo são os demônios vindo reclamar minha alma.
De todos os cantos eles surgem, e vêm pulando e urrando
um grito de guerra: "éécsa! éécsa!", não sei se é o nome
do demônio maior.


E me alcançaram, e me abraçaram, e me fizeram pular
também.   Tudo com uma alegria tão feroz que também me
vi contagiado, pulando alucinadamente e gritando "éécsa!",
embora não tivesse ideia do que dizia.


A multidão não estava estacionária no sentido horizontal,
e terminamos cegando no que parecia ser uma taberna.
Ali, um dos demônios gritou: "Chope pra todo mundo!", e
canecas de cerveja começaram a surgir nas mãos deles,
e uma foi posta na minha mão. Então não procurei mais
raciocinar, entreguei-me ao calor do momento, como um
náufrago ao sabor das ondas.


Nisso, reparei que estava abraçado com uma "demônia",
muito bonita e vestindo uma camisa amarela, como a
maioria deles. Ela me olhava com um olhar cúpido, como o
de todos os demônios, mas tinha um sorriso encantador.


Daí pra frente não hesitei mais, amanhã pode ser o inferno,
mas hoje é o paraíso e aqui ficarei. Meu lugar é aqui!


Abraço do tesco.

SORTESCO 297

HAGAR, O HORRÍVEL vol. 4
de DIK BROWNE
Hagar não precisa apresentação, apesar
de ser um herói de terras geladas, creio
que é conhecido em todo o Brasil. E, sem
dúvida, é o viking mais amado do planeta.
Aqui, em edição L&PM, tem 140 páginas
de humor.


INSCREVA-SE ASSIM:
Escolha apenas UM grupo, de 1 a 20,
com 5 dezenas já determinadas.
Exemplos: Grupo 1 = dezenas 01, 02, 03, 04 e 05.
Grupo 20 = dezenas 96, 97, 98, 99 e 00.
Basta indicar esta sua escolha nos comentários.
O vencedor será indicado pelo sorteio da Loteria Federal
(link no ítem 2 do Regulamento), em 03/05/2014.
Escolha um grupo AINDA DISPONÍVEL,
ATÉ às 17 horas do dia do sorteio.

SORTESCO 296 - RESULTADO

a dezena do 5° prêmio é 58,

e, por aproximação,
a opção vencedora é de
CHICO!
Parabéns!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

HINO

Não é poesia, nem é nada sério.
Apenas, como exercício de criatividade,
fazer brincadeiras de vez em quando é salutar.

HINO


Você pode ter tido educação severa,

não quer dizer que se chama Severino;
Mesmo que seja filho de um Jacob,
não é obrigado a ser um jacobino;
Se seu pai foi navegador de cabotagem,
não implica que você é agora um cabotino;
E se descende de grandes políticos liberais,
nem por isso tem que ser um  libertino.

Você pode até ser muito magro,
mas isso não implica que é granfino.
Também pode ser muito feliz,
não é, necessariamente, um Felismino.
Pode uma pessoa de pele preta,
e por contraste ter o nome de Albino.
Nem todo mundo que nasce lá em Creta,
tem mentalidade de um cretino.

E só comia salada,
esse sultão Saladino?

Por outro lado, pode ser predestinado:
Digo-lhe o fado de um modo acertado,
Até mesmo nesse tempo atribulado,
Se nasceu homem, algum dia foi menino;
Se por sorte já nasceu nesse Nordeste,
querendo ou não, há de ser um nordestino;
Sorte sim, como não ser?
E se fosse um padecente palestino?
Se não é grande e robusto,
há de ser franzino e pequenino;
É pra manter o figurino,
Que por isso aqui termino.

Abraço do tesco.

SORTESFCO 24

REGRESSO À VIDA
de ROBERT SILVERBERG

Igualmente a Orígenes Lessa, autor de 
"A desintegração da morte", de 1929,
Silverberg não cita nenhuma teoria para
dar suporte ao processo de reanimar os
corpos recém falecidos. A trama enfoca
apenas os aspectos legais e políticos
dos casos, tanto que o protagonista da
história é um advogado e ex-governador.
O enredo é de 1977 e a ação se passa depois de 2032, pelo
menos. Silverberg escreve ótima ficção científica, porém,
essa ficção nada tem de científica. Tem 176 páginas.


INSCREVA-SE ASSIM:
Escolha apenas UM grupo, de 1 a 20,
com 5 dezenas já determinadas.
Exemplos: Grupo 1 = dezenas 01, 02, 03, 04 e 05.
Grupo 20 = dezenas 96, 97, 98, 99 e 00.
Basta indicar esta sua escolha nos comentários.
O vencedor será indicado pelo sorteio da Loteria Federal
(link no ítem 2 do Regulamento), em 30/04/2014.
Escolha um grupo AINDA DISPONÍVEL,
ATÉ às 17 horas do dia do sorteio.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

CAMINHO DO INFERNO

Como pretendo publicar um conto que faz referência a este
outro conto, publicado no extinto blog "Nós por Nós" em 2006,
acho conveniente republicá-lo aqui, antes de mostrar o atual.


O XIS

Cheguei àquela cidadezinha à tarde, quase noite, o sol já
não era visível, mas havia bastante claridade, suficiente
para observar as pacas indicativas naquela encruzilhada.
A estrada em que eu vinha, do sul, encurvava para noroeste,
logo depois do cruzamento, desviando-se da suave colina,
encimada por uma casinha rústica. A plaquinha indicava:
Millskon - 70 km.

Ao meu lado, a placa mostrava a origem da minha cavalgada:
Broliff - 120 km. À direita a estrada se estendia levemente
para nordeste, e a plaquinha desvendava o nome da cidade,
na verdade uma aldeia, que se via a pouco mais de um
quilômetro adiante: Moresti.

Na esquerda a estrada segue reta para oeste, por uns cem
metros, até cruzar um regato, o mesmo que eu havia
atravessado quase dois quilômetros atrás. Depois a trilha
começa a serpentear por entre as pequenas elevações, que
vão se tornando mais altas e mais pedregosas, rocha viva
sem vegetação. A diferença desse ramo da estrada é que a
placa não diz o destino a que leva, nem a distância.
Em vez disso ostenta um grande X.

Ora, apesar de não ter galopado e a estrada não ser
poeirenta, eu estava deveras empoeirado, e ansiava por um
banho quente, e nenhum x me atraía nessa ocasião.
Portanto dirigi minha montaria para Moresti.

Após ter-me instalado na hospedaria e ter tomado um
demorado banho, dirigi-me para o local do jantar. Apesar de
simples e quase insípida, a comida me deixou revigorado e
animado. Puxei conversa com o garçom, um sujeito
atarracado, calvo e muito tagarela.

Em meio à conversa, lembrei-me da estranha placa na
encruzilhada, e indaguei sobre o fato. Aí o garçom empacou,
ficou reticente e indefinido. O que eu entendi do que ele
disse, era que a estrada não levava a nenhum lugar
conhecido.

- Como pode ser isso? Perguntei - Ninguém teve a
curiosidade de seguir por essa estrada?
- Oh, sim, muitos foram.
- E então?
- Não voltaram.
- Não? Então devem ter encontrado o paraíso!
- Acredito que não. Existe um que voltou - um só - pelo que
ele conta, ali mais parece o caminho do inferno, Notou a
casinha próxima ao cruzamento?:
- Sim, é bem visível pra quem vem do sul.
- Ali mora o Velho, ele seguiu o caminho quando era jovem.
- Qual o nome dele?
- Não sei. Acho que ninguém sabe. Os mais velhos da cidade
sempre o chamaram de Velho. Ele tem mais de cem anos.
- Irei falar com ele amanhã.

Assim terminou nossa conversa e fui para o meu quarto.
Queria dormir cedo, pois cavalgara o dia todo e estava
cansado.

O VELHO

Ao acordar, lembrei-me imediatamente do X da questão e
da casa da colina, onde morava o Velho. Depois de um
rápido café, parti em busca de uma conversa esclarecedora.

Quando cheguei na casa, o Velho estava sentado num
banco comprido, para três ou quatro pessoas, numa
pequena varanda. Para um centenário, estava bem
conservado, não lhe daria mais que oitenta.

- Bom dia, meu Velho!
- Bom dia, filho! Aconselho a não seguir com a empreitada.
Todos os que tentaram, não lograram nenhum proveito.

Respondeu com voz pausada. Falava claramente e sem
hesitação. Fiquei intrigado com sua fala. Estaria mesmo
falando comigo?

- Que empreitada, Velho?
- Ora, você tenciona seguir pelo caminho proibido. Ninguém
vem aqui com outra intenção. Tenho a experiência de 90
anos neste posto.
- Sim, tem razão. Fui atraído pela placa com o X. Por que
não tiram a placa?
- Se tirassem a placa, alguns poderiam seguir o caminho
sem advertência de ninguém. Com a placa, sempre pedirão
explicações e nós tentaremos impedir sua loucura.
- É loucura seguir esse caminho?
- Sim, é. Ninguém volta. Ficam presos no inferno.
- Você voltou!
- Voltei para servir de aviso. Nestes noventa anos desde
que voltei, não houve outro retorno.
- Mas, porque é o inferno? Se é inferno para você, pode não
ser para os outros.
- É um lugar de escuridão, sofrimento, medo, terror. Não
pode ser bom pra ninguém.
- Bem, eu não tenho nada, nada perderei tentando ver por
mim mesmo.
- Nada. A não ser a sanidade e a paz.
- É pouco para se perder. A aventura me chama. Cavalgarei
para lá amanhã.
- Não. Tem que ir a pé. Os animais não seguem o caminho.
- Como não seguem?
- Eles se recusam. Não há como fazê-los ir adiante.
- Tentarei. Recomenda alguma coisa, Velho?
- Sim. Leve água suficiente, depois do riacho não há mais
nenhuma fonte por mais de trinta quilômetros.
- Trinta? E depois?
- Não sei, não passei disso. Daí pra frente é a escuridão.
É onde as forças do mal procuram nos aprisionar.

Havia sinceridade e convicção em sua voz. Mas isso não
basta. Um homem pode se enganar.

- Velho, sem querer ofender, isso não poderia ser produto
de sua imaginação? Uma pessoa sozinha pode criar
ilusões e passar a acreditar nelas.

A resposta, que eu esperava defensiva, surpreendeu-me.

- Provavelmente é fruto da imaginação. Mas pode alguém
andar sem a cabeça?

Bem, esse assunto é complexo. Desviei a conversa para
coisas mais práticas.

- Então você chegou nesse ponto à noite?
- Sim, sempre se chega à noite, não importa o ritmo em
que se ande. Foi uma noite terrível, não consegui nem
meia hora de sono. Instalei-me sob a grande árvore, mas
os demônios não me deixaram dormir. Mesmo assim
esperei o amanhecer. O sol clareou o caminho para o lado
de cá, mas não se via nada para oeste. E a escuridão não a
bandonou a intenção de me aprisionar. Não tinha mais
escolha a não ser voltar.
- Então há uma divisão física? Um muro? Uma linha
divisória?
- A separação é nítida. Mas não existe barreira sólida, só
a escuridão.
- Preciso ver isso. - Encerrei a conversa - Obrigado, Velho,
partirei amanhã cedo.

Providenciei tudo naquela tarde e ainda fui verificar a
apregoada recusa dos animais em seguir naquele caminho.
E realmente foi o que aconteceu. Por mais que focasse e
procurasse conduzir o cavalo, ele não transpunha o riacho.
Naquela passagem, a água, límpida e lenta, não passava
do tornozelo. Não entendi a resistência do cavalo. Voltei à
cidade e, novamente, recolhi-me cedo.

A JORNADA

No dia seguinte, levantei-me antes do sol, e estava no
cruzamento quando ele nasceu. Prossegui pelo caminho
sem problemas, sob um sol brando, até ao meio-dia.
O caminho, verdadeiramente tortuoso, se elevava aos
pouquinhos, e não me cansou em excesso, mesmo em
boa marcha. O dia transcorreu sem incidentes.

Por volta das cinco da tarde eu havia chegado a uma grande
curva do caminho. Uma curva para a esquerda, à direita
pequena colina era encimada por uma árvore de copa larga.
A árvore não era grande, mas como era a única nas
redondezas, parecia enorme. Escurecia rapidamente, pois
o sol ficava escondido pelas elevações à oeste.

Rumei para a árvore, iria passar a noite sob ela. Ao chegar
no topo da colina olhei para o caminho que teria pela frente..
Após a curva, a vereda fazia duas curvas para a direita,
contornando o pequeno contraforte, e retomava o sentido
para oeste. Mais nada se via além disso. Uma densa e
escura neblina fechava à visão a seqüência do caminho.
Resignei-me a isso e pus-me a a preparar o local para o
repouso noturno.

Abri a mochila e retirei os pães e o queijo, ainda frescos.
A carne-seca e as bolachas ficariam para dias seguintes.
Não havia gravetos suficientes para se fazer uma fogueira,
mas as noites não estavam frias, fazia um verão muito
agradável e ameno, sem extremos. A lua nasceria em
breve, estava quase cheia.

Feita a refeição, recostei-me na árvore, à espera do nascer
da Lua. Não se ouvia nenhum som exterior. Aquele barulho
típico do fim de tarde em qualquer lugar a céu aberto, não
se ouviam por aqui. Grilos, cigarras, insetos diversos,
mosquitos, roedores, aranhas (aranha faz barulho?), aves
voltando para os ninhos... Não davam sinais de existência.
Nem a brisa fazia com que as folhas farfalhassem.
Era esquisito, apenas ouvia a minha respiração e minha
digestão, e sem muito esforço, ouviria o sangue correndo
nas veias.

Em pouco mais de uma hora nesta calma, a Lua surgia,
muito grande, radiante e esplendorosa. Apesar de não ser
ainda cheia - seria no dia seguinte ou no posterior - não
se notava defeito na sua esfericidade. Dominava a
paisagem, iluminando tudo à sua frente.

Quedei-me naquela quietude, e a lua foi-se elevando pouco
a pouco, até diminuir de tamanho quase à metade. Com tal
claridade nos olhos, não poderia conciliar o sono. Passei
para o lado oposto a árvore e aproveitei para olhar o caminho
no oeste, esperando ver a neblina refletindo o luar, como um
mar de prata. Qual o quê? Naquela direção estava tudo
escuro como uma noite sem lua e sem estrelas.
Que neblna era aquela que absorvia toda a luz?

Desliguei-me dessa questão e deitei-me para dormir. Seriam
quase oito da noite e eu poderia acordar cedo e bem refeito
das canseiras daquele dia. Logo adormeci.

A NOITE DO TERROR

Acordei quando a Lua passara um bocado do meio do céu.
A copa da árvore era larga, mas não espessa, e o luar se
infiltrava por ela.Não foi, entretanto, a lua que me acordou.
Tivera um sonho curioso.

Numa planície escura, embora o Sol estivesse no céu, um
sacerdote ou feiticeiro, muito magro e de face ossuda,
clamava para mim: "Venha para o mundo de agora, aqui é
o seu lugar!". Esse "agora" não era ouvido nitidamente,
parecia haver um eco quando era falado.

"Mundo de agora"? - Pensava eu, já acordado - Essa é boa!
E onde é que estou agora? Não dei importância ao sonho,
e como a noite continuava calma, logo voltei a dormir.

"Venha para o mundo de agora, aqui é o seu lugar!" O
feiticeiro se aproximava, enquanto eu começava a ouvir o
som que fazia fundo ao seu chamado. Era como se
houvesse uma multidão ao longe, se lamentando e
expressando uma agonia dolorosa. Quase um canto
monótono, entrecortado por "uis" e "ais". Além dos
gemidos havia gritos de "Pare!" e "Não!". Ouvi o feiticeiro
mais perto, gritando seu bordão. Acordei novamente, desta
vez mais impressionado: O sonho tinha continuado!

Meditei sobre isso, mas não havia muito o que questionar:
Sonhos são sonhos! Apenas isso. Não podia me deixar
influenciar por sonhos. Deixei a mente vaguear por
experiências mais agradáveis. Lembrei-me de minha
infância e de minha adolescência. Eu tinha onze anos e
meu pai me levou à uma cidade grande. Lá ouvi um
pianista tocando a "Pequena Serenata" de Mozart. Nunca
me esqueci dela. Adormeci acompanhando aquela melodia:
"Tan, tan tan, tan tan tan tan tan tan, tan..."

"Venha para o mundo de Hsgorath, aqui é o seu lugar!", o
feiticeiro estava cada vez mais perto. E continuava com seu
clamor imbecil. Agora eu ouvia melhor e o "agora" se
transformara em "Hsgorath", sei lá o que era isso.

Os gemidos e lamentos não só continuavam, como ficavam
mais altos. Aí apareceu um fato novo: Ouvi nitidamente o
ruflar de asas. Mais forte. Corujas? Ouvia também rosnados,
agressivos e furiosos. Comecei a ver, além do feiticeiro
haviam formas fantasmagóricas, meio se esquivando, meio
se arrastando. Acordei deveras assustado. Aquilo tinha
continuidade demais para um sonho.

Levantei-me e tomei uma resolução. Continuaria a caminhar,
mesmo à noite! Tinha dormido umas cinco horas, e estava
relativamente descansado. Caminharia devagar e ao nascer
o dia, já teria avançado um bom pedaço.

Coloquei a mochila nas costas e desci a colina. Ao
contornar a grande curva do caminho, deparei-me com a
neblina. Realmente não deixava ver muita coisa, mas o luar
a penetrava suavemente, e cerca de metro e  meio à frente,
ou um pouco mais, podia ser vislumbrado. Daria para seguir
assim mesmo. Avancei cerca de cem metros, devagar e
sondando o terreno.

Mas eu não contava com o que se sucedeu. Um rumor igual
ao dos sonhos, começava a se fazer ouvir! Aquele canto
monótono, composto por gemidos e lamentos, alteava-se
cada vez mais. Parei e fiquei à escuta. Ouvia ao longe os
rosnados. Então o feiticeiro também se fez ouvir. Repetia
o mesmo refrão: "Venha para o mundo de Hsgorath...".
Sempre fui corajoso e não temia enfrentar aquilo, mas o
que se seguiu foi demais para toda a minha coragem.

O "flap, flap" de asas fez-se presente. Raciocinei: "Por aqui
não vi roedores nem pequenos animais, como é que agora
aparecem corujas? Podem também ser morcegos, mas
esse barulho de asas é muito alto para morcegos. Só se
forem morcegos gigantescos". A perspectiva não me era
agradável. Não podia vê-los, e nesse quesito eles tinham
ampla vantagem sobre mim. Os rosnados também
aumentaram. Não teria nenhuma margem para vitória se
me defrontasse agora com predadores noturnos. Voltei-me
e retornei sobre meus passos.

Gritos de "Fuja!" e "Vá embora!" começaram a ecoar e o
gelo correu pela minha coluna vertebral. Soavam cada vez
mais perto. Alcancei a grande curva, e ia quase caindo
sobre o contraforte rochoso da colina. Agora tomava o
caminho que estava livre de neblina. Gritos de "Vamos
alcançá-lo!" surgiram. Aí desatei a correr. Não era covardia
nem medo sem fundamento, era questão de sobrevivência.

Corri por toda a madrugada e os gritos e os ruídos não me
abandonavam. Cheguei a observar vultos no ar e ouvi o
barulho dos passos na perseguição. Desesperadamente eu
corria. Devo ter percorrido aqueles trinta e tantos quilômetros
em menos de duas horas. Quando já pensava em me estirar
no chão e me entregar ao destino, divisei uma faixa escura
atravessando o caminho. Pensei: "Aquele tronco não estava
ali antes", mas não era tronco, era o regato!

"Meu Deus, estou salvo!", regozijei-me. Com redobrado
vigor percorri aqueles cem metros, mas parecia que não ia
alcançar o regato. Por fim, cruzei-o em grande velocidade,
acho que nem molhei os pés. Só fui parar próximo à placa
do X. Todos os ruídos exteriores cessaram. Só o latejar
das minhas veias e o resfolegar da minha respiração eram
ouvidos. Caí extenuado ao lado da placa e ali fiquei
desmaiado por mais de duas horas.

O GUARDIÃO

Quando acordei, o Sol radiante já despontava no horizonte
iluminando tudo. Senti um peso enorme nas costas. Era a
mochila, que eu nem me lembrara de jogar fora. Afinal, eu
corria para salvar a vida, não cabia transportar carga inútil.
Mas já que ela estava ali, ótimo. Retirei a mochila e fui até
o regato, para saciar a sede terrível e para lavar o rosto.
Depois disso, ainda cansado daquela batalha travada com
o desconhecido, dirigi-me à estrada do sul, que tinha
algumas árvores ao longo dela, e deitei-me embaixo de
uma. Dormi mais umas três horas.

Ao levantar, já às dez horas, levei o olhar para a colina da
casinha do Velho. Vi ali movimento. Iria lá dizer ao Velho
que ele tinha toda a razão: O caminho para oeste era o
caminho do inferno. Chegando na casa, encontrei o
delegado de Moresti.

- Bom dia. Ode está o Velho?
- Bom dia. O Velho morreu nesta madrugada. O garoto que
traz suas provisões semanais, o encontrou morto.
- Oh! Lamento.
- Já o levamos para a cidade, será enterrado à tarde.
Assenti, sem nada a dizer.

- Você é o rapaz que ia seguir o caminho? Perguntou ele.
- Sim, Segui, mas retornei. As coisas lá são como o Velho
disse. Muito ruins.
- E que vai fazer agora?
- Não sei. - Respondi sinceramente, não sabia o que fazer
daí pra frente.
- Por que não fica aqui mesmo, na casa do Velho? Ele não
tinha parentes, ninguém vai reclamar sua herança. Vim
limpar a casa do material perecível e fechá-la.
- Sim, pode ser. Não tenho pra onde ir.
- Trazíamos provisão semanal para o Velho, podemos
continuar a trazê-la para você. Aqui tem uma horta boa,
muito produtiva. E o regato ali em baixo, é água limpa e boa.
- Sim, é verdade.
- Agora, sem o Velho, necessitamos de um novo... guardião.
- Guardião...
- É. Um guardião do.. caminho do inferno.
Fiz uma pequena pausa para meditar e concordei.

- Sim. Ficarei. Serei o novo guardião do caminho do inferno.
É o meu destino. Depois de passar pelo que passei, meu
lugar é aqui!

SORTESCO 296

O CORTIÇO
de ALUÍSIO AZEVEDO

A obra-prima de Aluíso Azevedo em
edição do Círculo do Livro, capa dura e
230 páginas. Obra bem superior a "Casa
de pensão", segundo minha opinião e a
de Josué Montello, pois, tem "uma
estupenda galeria de personagens", e
estes "se movimentam na urdidura geral
da narrativa, como se tivéssemos diante
dos olhos, no Rio de Janeiro do século passado, em Botafogo,
o próprio cortiço que é objeto do romance". Não esquecer
que o "século passado" no caso é o 19, e quando a
escravidão ainda era vigente.
Pra quem ainda não leu, vale a pena.

INSCREVA-SE ASSIM:

Escolha apenas UM grupo, de 1 a 20,
com 5 dezenas já determinadas.
Exemplos: Grupo 1 = dezenas 01, 02, 03, 04 e 05.
Grupo 20 = dezenas 96, 97, 98, 99 e 00.
Basta indicar esta sua escolha nos comentários.
O vencedor será indicado pelo sorteio da Loteria Federal
(link no ítem 2 do Regulamento), em 26/04/2014.
Escolha um grupo AINDA DISPONÍVEL,
ATÉ às 17 horas do dia do sorteio.

domingo, 20 de abril de 2014

SORTESCO 295 - RESULTADO

Na extração de ontem da Loteria Federal  a dezena do 5° prêmio é 32, e, por aproximação,

a opção vencedora é de
CLARA LUCIA!
Parabéns!

domingo, 13 de abril de 2014

AI! SE SÊSSE!


Severino de Andrade Silva (1904-1965).
Você nunca ouviu falar, né?
Foi um alfaiate paraibano que ficou conhecido como poeta
popular, o ZÉ DA LUZ.


Menos afamado que Patativa do Assaré, que teve poemas
musicados, Zé da Luz também compunha seus poemas
no linguajar sertanejo, aquele que não segue os padrões
da língua culta e por isso é - erradamente - rotulado de
'errada'.


Composições geniais é o que nos deixou o Zé da Luz,
pois, além da métrica e rima perfeitas, exibem deliciosos
voos imaginativos. Trago aqui um exemplo que, embora
bem difundido, é sempre bom de reler. 


"AI! SE SÊSSE!…
Zé da Luz


Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntim nós dois vivesse!


Se juntim nós dois morasse
Se juntim nós dois drumisse ;
Se juntim nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?


Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo num abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?


E se eu me arriminasse
e tu cum eu insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?…


Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!"
   *   *   *
  

Virge! As virge táo doida pra fugí do céu!
É inté bão qui elas venha, né?

Abraço do tesco

SORTESCO 295


 MANUAL DO BLEFADOR
Tudo que você precisa saber sobre
SEXO para nunca passar vergonha
TIM WEBB e SARAH BREWER

Nos anos 90, a Ediouro traduziu e
publicou uma série de livrinhos com
informação resumida sobre diversos
assuntos. São informações coerentes,
consistentes e curiosas, narradas em
estilo bem humorado. Este volume tem
60 páginas.





PENSAMENTO VIVO DE GANDHI
EDIOURO

Em 110 páginas estão condensadas vida
e obra de Mohandas Gandhi, um dos
luminares do mundo, não só do século
20, mas de todas as épocas. Pois, se é
certo que necessitamos de avanços nas
ciências, carecemos muito mais de que
as pessoas mostrem como se convive em
paz. E, neste tempo em que qualquer

"celebridade" tem sua vida divulgada em
verso e prosa, nada melhor que ler sobre
gente de verdade.


INSCREVA-SE ASSIM:
Escolha apenas UM grupo, de 1 a 20,
com 5 dezenas já determinadas.
Exemplos: Grupo 1 = dezenas 01, 02, 03, 04 e 05.
Grupo 20 = dezenas 96, 97, 98, 99 e 00.
Basta indicar esta sua escolha nos comentários.
O vencedor será indicado pelo sorteio da Loteria Federal
(link no ítem 2 do Regulamento), em 19/04/2014.
Escolha um grupo AINDA DISPONÍVEL,

ATÉ às 17 horas do dia do sorteio.

sábado, 12 de abril de 2014

SORTESCO 294 - RESULTADO

a dezena do 5° prêmio é 44,

e, por aproximação, 
a opção vencedora é de    
CHICO!
Parabéns!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

ANALISANDO LETRAS-11

AS BONECAS

Agora vou mirar três composições que têm um tema em
comum, e não é a boneca da infância das meninas, mas o
termo eufemístico, utilizado nos anos 50, para designar as
"meninas", jovens que 'caíam na vida', fazendo comércio do
próprio corpo. Pelo menos as três músicas nos deixam essa
impressão. 

A primeira delas, cronologicamente, é "Boneca de pano",
composta por Assis Valente e gravada, em 1950, pelo grupo
Quatro Ases e um Coringa, posteriormente, também por
Demônios da Garoa.

Verso curioso é o que diz:
"E ela, sendo mulher, acreditou".
Será que quer dizer que ser mulher é ser, necessariamente,
crédula? Não em todos os campos, mas particularmente
nesse, a vaidade feminina fala mais alto. A mulher parece
não acreditar em decadência do corpo e em velhice, quer
dizer, do SEU corpo e em SUA velhice.
Portanto, ela acredita em tudo que vai ao encontro de suas
ambições e de seus sonhos, mesmo os mais espatafúrdios.

Ouça a música clicando no título, aí embaixo:

BONECA DE PANO
Assis Valente

Boneca de pano
Gingando num cabaré
Poderia ser bonequinha de louça
Tão moça mas não é
Poderia ser bonequinha de louça
Tão moça mas não é

Um dia alguém a chamou de boneca
E ela sendo mulher, acreditou
O tempo foi se passando
E ela se desmanchando
E hoje quem olha pra ela não diz quem é
Em vez de boneca de louça
Hoje é boneca de pano
De um sombrio cabaré.
   *   *   *  


Pois é, "hoje quem olha pra ela...", não percebe os sonhos
que lhe guiaram os passos, apenas vê as consequências.
E estas chegam, quer queiramos, quer não...
 

   -   -   -  

A segunda composição é de Adelino Moreira, gravada por
Nélson Gonçalves em 1955, "Meu vício é você", conhecida
popularmente como "Boneca de trapo"

Adelino entrevia nessas peças humanas o cerne individual
que um dia fez suas escolhas, conscientemente ou não, e que
agora arrastam seu fardo, muitas vezes de modo automático.

Em muitos casos, entidades invisíveis agem, ofuscando-lhe a
visão com fantasias irrealizáveis, mas, a responsabilidade
maior é sempre do indivíduo, que pode ceder ou não às
influências. Quando o coração manda, não há satanás que
impeça!

Clique no título abaixo, e empolgue-se com a interpretação
do Nélson:

MEU VÍCIO É VOCÊ
Adelino Moreira

Boneca de trapo, pedaço da vida
Que vive perdida no mundo a rolar.
Farrapo de gente, que inconsciente
Peca só por prazer; vive para pecar.

Boneca, eu te quero com todo o pecado,
Com todos vicios; com tudo afinal.
Eu quero esse corpo que a plebe deseja,
Embora ele seja prenúncio do mal.

Boneca noturna que gosta da lua,
Que é fã das estrelas, que adora o luar,
Que sai pela noite, amanhece na rua
E há muito não sabe o que é luz solar.

Boneca vadia, de manha e artificios,
Eu quero pra mim seu amor só porque
Aceito seus erros, pecados e vicios.
Hoje na minha vida meu vicio é você
   *   *   *  


Quantas marionetes voluntárias rolam pelo mundo e
"pecam só por prazer, vivem para pecar"!
Muitos argumentarão; - E daí? O problema é só dela!
Se fosse somente isso, menos mal. A questão se agrava
quando o "objeto" é, na verdade, um chamariz, uma isca, o
"prenúncio do mal". Deus nos livre de servirmos de pedra
de tropeço para algum irmão. Sejamos sempre o protótipo
daquilo que desejamos ver no mundo.

   -   -   -  

A terceira é uma composição de Euclides Rangel (Bolinha) e
Sebastião Alves da Cunha (Biá), "Boneca cobiçada", gravada
em 1956 pela duola sertaneja Palmeira e Biá, e depois por
Carlos Galhardo  e outros.

Esta música inaugura o que seria conhecido como 'bolero
sertanejo', pois Bolinha, tendo escrito a letra, apresentou-a a
Biá, para que a musicasse, esperando que resultasse alguma
guarânia. Porém Biá, percebendo que o bolero estava no
auge da moda, conferiu-lhe este ritmo.

A letra fala em uma "viciada no destempero" (ou, para
muitos, 'no tempero'), que, mesmo conseguindo encontrar
um companheiro que lhe dá segurança e carinho, prefere
retornar à vida mundana, onde tem muitos "donos".

Isso poderia servir de base para quem defende a filosofia do
"o pau que nasce torto, morre torto", mas essa é uma teoria
ilusória. Viemos à essa existência para mudarmos a nós
mesmos, e sempre estamos mudando. Até as pedras perdem
as arestas. Nada é imutável.

Eu mesmo testemunhei o caso de uma ex-prostituta unindo-
se a um respeitável cidadão evangélico (naqueles tempos,
apenas "crente"), e assumindo a vida doméstica de uma
comum dona de casa. Essa compartimentação das atitudes
humanas só existe nas mentes preconceituosas.

Clique no título e ouça a música com Palmeira e Biá:

BONECA COBIÇADA
(Bolinha e Biá)

Quando eu te conheci
Do amor desiludida
Fiz tudo e consegui
Dar vida a tua vida
Dois meses de ventura
O nosso amor viveu
Dois meses com ternura
Beijei os lábios teus.

Porém eu já sabia
Que perto estava o fim
Pois tu não conseguias
Viver só para mim
Eu poderei morrer
Mas os meus versos não
Minha voz hás de ouvir
Ferindo o coração.

Boneca cobiçada
Das noites de sereno
Teu corpo não tem dono
Teus lábios tem veneno
Se queres que eu sofra
É grande o teu engano
Pois olha nos meus olhos
Vê que não estou chorando.
   *   *   *  


Note que esses cantores cantam o quinto verso como deve
ser cantado: "dois meses de ventura...", e não "de aventura",
(como canta Carlos Galhardo),  que não faz sentido, a nao
ser que a 'boneca' seja a mesma da música anterior. Rerré!

Pois bem, como já notaram, aprecio as letras de músicas
mais antigas, mas não é um saudosismo à toa, é que elas
contam uma história (qualquer que seja), não simplesmente
dizem "Urrú, mamãe, olha eu aqui!", como é mais comum
hoje.

Abraço do tesco.

SORTESCO 294


CIVILIZAÇÕES FLUVIAIS
EDITORA FOLIO

O segundo volume da coleção
Grande História Universal expõe o
conhecimento sobre civilizações
que se desenvolveram nas margens
de grandes rios como Nilo, Tigre,
Eufrates, Indo e Ganges. Apesar
de uma suposta renovação

descartando o eurocentrismo, 
não se menciona a China, preferindo-se enfocar Síria,
Creta, Grécia e Mediterrâneo Ocidental. Mesmo assim,
é obra interessante, com muita ilustração colorida.

Tem capa dura, formato grande (25x29) e 118 páginas.

INSCREVA-SE ASSIM:
Escolha apenas UM grupo, de 1 a 20,
com 5 dezenas já determinadas.
Exemplos: Grupo 1 = dezenas 01, 02, 03, 04 e 05.
Grupo 20 = dezenas 96, 97, 98, 99 e 00.
Basta indicar esta sua escolha nos comentários.
O vencedor será indicado pelo sorteio da Loteria Federal
(link no ítem 2 do Regulamento), em 12/04/2014.
Escolha um grupo AINDA DISPONÍVEL,
ATÉ às 17 horas do dia do sorteio.