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domingo, 23 de março de 2014

PRESENÇA DA MÃE

A função da mãe tem sido cantada em verso e prosa, muito 
exaltada, enobrecida e venerada, porém, até que não tem 
sido muito explicada. 

- Como assim? Será preciso explicar a função da mãe na 
vida de qualquer pessoa? 

Não falo sobre o parto ou sobre a nutrição, isso já tem sido 
suficientemente esclarecido, refiro-me aos aspectos mais 
psicológicos, que também são essenciais. 

- Ora, tesco, vê-se que esse não é seu campo de estudo. 
Muita pesquisa tem sido feita e publicada sobre aspectos 
psicológicos no desenvolvimento da personalidade, com
presença ou ausência da mãe. 

Sim, ainda não consegui expressar o que estou pensando. 

- Então desembuche. Estamos aqui, com muito boa vontade, 
aguardando o pronunciamento de Vossa Excelência. 

Tá, mas não precisa esse sarcasmo todo! 
O que sucede é que li, por esses dias, o artigo de Leonardo 
Boff, publicado em 17.02.2014, sobre "A carícia essencial". 
e, como não estou me fazendo entender, passo direto à 
citação do renomado teólogo. Diz ele num trecho do artigo: 

"Ao acariciar a criança a mãe lhe comunica a experiência 
mais orientadora que existe: a confiança fundamental na 
bondade da vida; a confiança de que, no fundo, apesar das 
tantas distorções, tudo tem sentido; a confiança de que a 
paz e não o pesadelo é a realidade mais verdadeira." 

Com estas palavras se percebe o que a mãe, consciente ou 
inconscientemente, está transmitindo ao bebê, ou à criança. 
É algo que vai se refletir por toda a existência da pessoa, 
queira ela ou não, pois fica embutido na personalidade. 

- Certo. Mas isso não é novidade: Muita coisa já foi publicada 
com esse sentido. 

Sim, publicado foi, e é fato sabido, sem dúvida, mas como se 
garante que esse ensinamento foi devidamente assimilado? 
Desta maneira, nunca é demasiado repetí-lo. 

E, sem nenhum desmerecimento, a função da mãe não tem 
que ser, necessariamente, DA mãe, o que tem que ser é DE 
mãe: Pode ser exercida por um pai, uma madrasta, uma tia, 
um irmão, uma irmã, uma babá... O importante é que seja 
exercida. Esse é o maior drama atualmente, não são todos 
que se dispõem a exercer esse mister. 

- Ah, por isso é que num comercial um rapazinho dizia: 
"Você é uma mãe, pai!". 

É por aí. Continua Boff, no parágrafo seguinte: 

"Assim como a ternura, a carícia exige total altruísmo, 
respeito pelo outro e renúncia a qualquer outra intenção 
que não seja a da experiência de querer bem e de amar. 
Não é um roçar de peles, mas um investimento de carinho 
e de amor através da mão e da pele, pele que é o nosso 
eu concreto." 

Pelas características citadas neste parágrafo, se vê que, a 
pessoa mais capacitada a exercer o paapel de mãe, é a 
própria mãe, naturalmente. Isso porque, na maior parte das 
vezes, a mãe já é preparada no mundo espiritual, para estas 
atividades e, quando não concorda com os termos, mas tem 
a dívida que obriga a isso, as contingências da vida terrena 
lembram-na, constantemente, dessa sua obrigação. 

- Hum! Quer dizer: "Já que estamos nessa situação...",
então tal 
condição será satisfeita. É isso? 

Sim, pode-se dizer dessa forma. Mas Boff expressa mais 
adiante, um conceito de afeto, que necessita de um adendo, 
no meu modo de ver. Diz ele: 

"O afeto não existe sem a carícia, a ternura e o cuidado."  

Eu acrescento a isso, que esses fatores são isoladamente 
suficientes, não sendo necessária a presença dos três para 
caracterizar o a feto. Isto porque, existe muita gente (sim, 
muita mesmo!) que não consegue demonstrar o afeto que 
têm, conjugando carícia ou ternura, mentalizando que 
apenas o cuidado já basta. 

Isso (ausência de um ou mais fatores) não traduz ausência 
de afeto, pode-se falar em incompletude, mas não ausência. 
A não demonstração de ternura ou carícia é uma faceta do 
desenvolvimento da personalidade do indivíduo, e não se 
pode obrigar um indivíduo a ser terno, se não houve preparo 
para isso. 

Essa deficiência é muito notável entre os pais (machos), 
notadamente entre os pais mais antigos. Isso só pode ser 
corrigido através da vivência, num trajeto demorado e, por 
vezes, doloroso. 

Mas é assim que a vida funciona! 

Abraço de mãe, digo, do tesco. 

6 comentários:

Shirley Brunelli disse...

"O afeto não existe sem a carícia, a ternura e o cuidado". Porém, como esperar isso de todas as mães, se cada uma está num grau de evolução? Isto é, não estão todas igualmente preparadas para esse importante papel. Não vou me alongar no assunto, sei que você entendeu.
Beijo, Tesco. Boa noite!

Anônimo disse...

Para mim, nada se compara com o amor de uma mãe.
Beijotescas

Denise Carreiro disse...

Enquanto lia esse texto fiquei pensando nas diversas mães que jogam seus filhos nas ruas, que delegam a escolas ou empregados a sua função. A oportunidade da maternidade é um curso intensivo do aprendermos a amar o próximo como a si mesmo. Muita paz!

Clara Lúcia disse...

Esse texto me fez refletir, tesco...
E discordei um pouco, mas aí entrou a outra parte de ser mãe, e depois concordei...

Não tive afeto necessário qdo criança, e não sabia demostrar isso...
Mas depois que fui mãe todo o afeto em mim escondido se transferiu para meus filhos...

Engraçado, né?

Beijos

Anônimo disse...


Tesco
Intressante seu texto, carinho e afeto de mãe.
sendo mãe e filha ao mesmo tempo sei que nada supera o amor o de mãe. mas depois do cuidar, do afeto e do carinho temos que soltá-los no mundo, desapegar e se o "filho" aprende com o afeto de mae, a mãe, por sua vez há de aprender o desapego!
hiscla

Anônimo disse...

Caro Tesco, circunstâncias da vida (que jamais seriam escolha minha) impuseram-me a condição de pai e mãe. Antes disto, por escolha, não me limitava ao papel convencional de pai, sem querermos ou percebermos, nós me preparamos para o que viria a seguir.
Manoel Carlos