A função da mãe tem sido cantada em verso e prosa, muito
exaltada, enobrecida e venerada, porém, até que não tem
sido muito explicada.
- Como assim? Será preciso explicar a função da mãe na
vida de qualquer pessoa?
Não falo sobre o parto ou sobre a nutrição, isso já tem sido
suficientemente esclarecido, refiro-me aos aspectos mais
psicológicos, que também são essenciais.
- Ora, tesco, vê-se que esse não é seu campo de estudo.
Muita pesquisa tem sido feita e publicada sobre aspectos
psicológicos no desenvolvimento da personalidade, com
a presença ou ausência da mãe.
Sim, ainda não consegui expressar o que estou pensando.
- Então desembuche. Estamos aqui, com muito boa vontade,
aguardando o pronunciamento de Vossa Excelência.
Tá, mas não precisa esse sarcasmo todo!
O que sucede é que li, por esses dias, o artigo de Leonardo
Boff, publicado em 17.02.2014, sobre "A carícia essencial".
e, como não estou me fazendo entender, passo direto à
citação do renomado teólogo. Diz ele num trecho do artigo:
"Ao acariciar a criança a mãe lhe comunica a experiência
mais orientadora que existe: a confiança fundamental na
bondade da vida; a confiança de que, no fundo, apesar das
tantas distorções, tudo tem sentido; a confiança de que a
paz e não o pesadelo é a realidade mais verdadeira."
Com estas palavras se percebe o que a mãe, consciente ou
inconscientemente, está transmitindo ao bebê, ou à criança.
É algo que vai se refletir por toda a existência da pessoa,
queira ela ou não, pois fica embutido na personalidade.
- Certo. Mas isso não é novidade: Muita coisa já foi publicada
com esse sentido.
Sim, publicado foi, e é fato sabido, sem dúvida, mas como se
garante que esse ensinamento foi devidamente assimilado?
Desta maneira, nunca é demasiado repetí-lo.
E, sem nenhum desmerecimento, a função da mãe não tem
que ser, necessariamente, DA mãe, o que tem que ser é DE
mãe: Pode ser exercida por um pai, uma madrasta, uma tia,
um irmão, uma irmã, uma babá... O importante é que seja
exercida. Esse é o maior drama atualmente, não são todos
que se dispõem a exercer esse mister.
- Ah, por isso é que num comercial um rapazinho dizia:
"Você é uma mãe, pai!".
É por aí. Continua Boff, no parágrafo seguinte:
"Assim como a ternura, a carícia exige total altruísmo,
respeito pelo outro e renúncia a qualquer outra intenção
que não seja a da experiência de querer bem e de amar.
Não é um roçar de peles, mas um investimento de carinho
e de amor através da mão e da pele, pele que é o nosso
eu concreto."
Pelas características citadas neste parágrafo, se vê que, a
pessoa mais capacitada a exercer o paapel de mãe, é a
própria mãe, naturalmente. Isso porque, na maior parte das
vezes, a mãe já é preparada no mundo espiritual, para estas
atividades e, quando não concorda com os termos, mas tem
a dívida que obriga a isso, as contingências da vida terrena
lembram-na, constantemente, dessa sua obrigação.
- Hum! Quer dizer: "Já que estamos nessa situação...",
então tal condição será satisfeita. É isso?
Sim, pode-se dizer dessa forma. Mas Boff expressa mais
adiante, um conceito de afeto, que necessita de um adendo,
no meu modo de ver. Diz ele:
"O afeto não existe sem a carícia, a ternura e o cuidado."
Eu acrescento a isso, que esses fatores são isoladamente
suficientes, não sendo necessária a presença dos três para
caracterizar o a feto. Isto porque, existe muita gente (sim,
muita mesmo!) que não consegue demonstrar o afeto que
têm, conjugando carícia ou ternura, mentalizando que
apenas o cuidado já basta.
Isso (ausência de um ou mais fatores) não traduz ausência
de afeto, pode-se falar em incompletude, mas não ausência.
A não demonstração de ternura ou carícia é uma faceta do
desenvolvimento da personalidade do indivíduo, e não se
pode obrigar um indivíduo a ser terno, se não houve preparo
para isso.
Essa deficiência é muito notável entre os pais (machos),
notadamente entre os pais mais antigos. Isso só pode ser
corrigido através da vivência, num trajeto demorado e, por
vezes, doloroso.
Mas é assim que a vida funciona!
Abraço de mãe, digo, do tesco.
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6 comentários:
"O afeto não existe sem a carícia, a ternura e o cuidado". Porém, como esperar isso de todas as mães, se cada uma está num grau de evolução? Isto é, não estão todas igualmente preparadas para esse importante papel. Não vou me alongar no assunto, sei que você entendeu.
Beijo, Tesco. Boa noite!
Para mim, nada se compara com o amor de uma mãe.
Beijotescas
Enquanto lia esse texto fiquei pensando nas diversas mães que jogam seus filhos nas ruas, que delegam a escolas ou empregados a sua função. A oportunidade da maternidade é um curso intensivo do aprendermos a amar o próximo como a si mesmo. Muita paz!
Esse texto me fez refletir, tesco...
E discordei um pouco, mas aí entrou a outra parte de ser mãe, e depois concordei...
Não tive afeto necessário qdo criança, e não sabia demostrar isso...
Mas depois que fui mãe todo o afeto em mim escondido se transferiu para meus filhos...
Engraçado, né?
Beijos
Tesco
Intressante seu texto, carinho e afeto de mãe.
sendo mãe e filha ao mesmo tempo sei que nada supera o amor o de mãe. mas depois do cuidar, do afeto e do carinho temos que soltá-los no mundo, desapegar e se o "filho" aprende com o afeto de mae, a mãe, por sua vez há de aprender o desapego!
hiscla
Caro Tesco, circunstâncias da vida (que jamais seriam escolha minha) impuseram-me a condição de pai e mãe. Antes disto, por escolha, não me limitava ao papel convencional de pai, sem querermos ou percebermos, nós me preparamos para o que viria a seguir.
Manoel Carlos
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