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domingo, 17 de junho de 2012

BOBAGENS LINGUÍSTICAS 10

NOÇÃO FOLCLÓRICA DE "ERRO"

"Substituir as ideias pelas palavras, o sentimento pela frase",
como diz Balzac, em "A menina dos olhos de ouro", conduz,
fatalmente, ouvintes e leitores, a confusões e mal entendidos.


Na tentativa de evitar essas dificuldades, surgiram as
gramáticas e os gramáticos. Estes, porém, em vez de
basearem-se nos falantes, basearam-se nos documentos
escritos muitos anos antes, fundados na crença de que
"os antigos faziam melhor". Tentavam engessar a linguagem.


Criaram, assim, uma dificuldade maior, a "noção folclórica de
'erro'", no dizer do linguista Marcos Bagno:


"A principal (e pior) consequência do elitismo e do caráter não
científico
da Gramática Tradicional foi o surgimento da noção
folclórica de "erro".


[...] tudo que não estivesse de acordo com as regras da GT,
tudo que escapasse do seu sapatinho de cristal, era
considerado "errado", "feio", estropiado", "deselegante", etc..

O grande problema com essa noção ultrapassada é que, como
estudos linguísticos modernos têm revelado, simplesmente
não existe erro em língua. Existem sim, formas de uso da
língua diferentes daquelas impostas pela tradição gramatical.

No entanto, essas formas diferentes, quando analisadas com
critério, revelam-se perfeitamente lógicas e coerentes."


(Marcos Bagno em "Potuguês ou Brasileiro/ Um convite à
pesquisa",capítulo 1.4)


Atentem para a informação: NÃO EXISTE ERRO EM LÍNGUA!
Nós rimos (sim, eu me incluo na lista) das "estropiações" na
linguagem (geralmente na escrita),mas deveríamos rir apenas
do inusitado das situações. 


Ainda mais que, as mudanças de ortografa não são erros de
gramática! Pode soar estranho, mas a ortografia do português
(pelo menos no Brasil) sofreu três reformas: a946, 1971 e 2010,
sem mudanças na gramática. Também o idioma turco,em 1928,
passou a ser escrito em caracteres latinos, substituindo os
caracteres árabes, sem qualquer alteração na gramática.


Portanto, compreender sem zombaria, mais do que um "ato
humanitário", consiste numa obrigação humana. O erro já seria
compreensível, o "erro" que não é erro, então...


No próximo post da série enfocaremos alguns dos "erros" que
já superaram a fase de engatinhar, mas que os gramáticos
ainda olham do alto de suas cátedras, e outros que já começam
a espernear.


Abraço do tesco.

2 comentários:

Anônimo disse...

Não sei se é "de erro", mas digo que é fruto do tempo.
A cada tempo, seu parecer.
Embora continuem os fatos, a analise é modificada.
hiscla

Anônimo disse...

Tesco, não sou partidária de que a língua seja engessada por quem acha que se deve ter uma única maneira de falar ou escrever. Infelizmente não me recordo mais que livro eu li cujo autor comentou que os primeiros gramáticos surgiram ainda na Antiguidade para disciplinar, digamos assim, os conceitos julgados corretos na época na Grécia, acho eu. Normalmente autores de livros, estudiosos, ou seja, a nata.

A língua portuguesa, acho que, se não me falha a memória começou a ter a sua gramática nos séculos XV ou XVI e igualmente, mais uma vez, quem decidiu o que era melhor foram autores de livros.

Línguas são dinâmicas e evoluem com o tempo. Palavras mudam o seu sentido, outras são acrescentadas por força do uso popular. Em Portugal se fala cu com a maior simplicidade do mundo, lá não é feio. Aqui no Brasil é uma palavra que deve ser evitada em alguns ambientes.

Enfim, palavras são ditas ou escritas por pessoas e essas são dinâmicas e imperfeitas. Só não gosto quando ferimos a nossa língua materna por desrespeito. Pois é, exagero meu, mas eu amo o Português da mesma maneira que amo o Brasil. Estranha eu, né?

Beijotescas
Yvonne