TRADUTOR

English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

DOR DO PARTO


Dizem que a dor do parto é demasiada. Horrível,
dantesca talvez. Eu não sei se é tão terrível

assim. Mas acredito e me basta! Dores me
fazem sofrer.

O parto ali do título é coisa mais amena,
refere-se à concepção da obra mental.

- Ah, tesco, enganando a gente, né?

Desculpe, não pretendia enganar ninguém.
Mas conhece esse pessoal metido a literato,
cheio de elipses, parábolas, hipérboles, acho
que são matemáticos frustrados.

- Vai, deixa de enrolar e continua o parto,
quer dizer, o assunto!

Pois bem, quero falar sobre as diferenças que

as diversas obras apresentam quanto a sua
concepção...

- Sim, isso você já disse, vá direto aos
finalmente, como diria Odorico Paraguassu.

Então pare de interromper e escute!
Algumas obras são criadas ou, digamos assim,
‘recebidas’ da armazenagem de obras literárias,
em questão de minutos. Sem entrar na questão
da qualidade. Como exemplo:

Em 16 de outubro passado, li o aviso, no blog
da
Yvonne, que era dia do aniversário da Patty,

então fui ao blog dela, comemorar o faustoso
evento.

- Rapaz, deixe de se exibir! Pare de usar essas
palavras complicadas.

É vício antigo. Mas voltemos ao que interessa.
No post do dia, Patty pedia um presente aos
leitores: Um poema fosse de quem fosse. Aí eu
me aproveitei pra inserir um soneto meu. Como
não tinha nada que falasse de aniversário,
compus um na hora mesmo. Com ‘na hora’
quero dizer de imediato, terminei em menos
de dez minutos. Ficou assim:

SimPATTYa

Eis que me deparo com a Patty
Eis que é hoje um dia de festa
Se me oferece bolo de chocolate
Sou capaz de lhe fazer uma seresta

Mocinha, não há quem te arrebate
O que a vida agora te apresta
Muita alegria, ouro em alto quilate,
E sempre uma saúde manifesta.

Felicidades desejo-te sem conta
E uma música suave te conforte
Não haja desarmonia em teu caminho

Que bênçãos sem par te deixem tonta
Que nunca te falte a boa sorte
E a Ventura te acolha no seu ninho!

Aracaju, 2008.out.16.

Não é nenhuma obra-prima, mas está bem
estruturado.

- Claro! Pro autor é sempre uma maravilha!

Não é isso, é que ta tudo encaixadinho, a
métrica ta bo...

- Chega! Continue a conversa.

Ta certo, mas você é quem ta interrompendo.
Esse outro compus talvez em uma hora:

COISAS BELAS

Eu desejo coisas belas
e, se possível, com som,
Com música é muito bom
de se olhar as estrelas.

Na luz do novo aeon
não se pode esquecê-las
e mesmo sem poder tê-las
só o vê-las é um dom.

Quero conhecer a luz
que tanto a nós seduz,
quero dar-lhes meu abraço.

Mas é serviço sem coda,
só posso cantar-lhes modas,
e é o que ora faço.

Aracaju, 2008.dez.08.


- Coda? Que é isso?

É o trecho final de uma música, também
sinônimo da cauda.

- Você então disse ‘serviço sem rabo’?

Eu quis dizer ‘serviço sem fim. Ô cara, procura
entender também, né? Moda não rima com fim.

- Tá, tá, siga adiante.

Que é que eu tava dizendo? Esse cara atrapalha
pra ca... Ah, sim. Esses foram exemplos de
rapidez na concepção da obra. No entanto,
existem trabalhos...

- Ei! Você tava falando de obra, agora vem
com trabalho?

É a mesma coisa, ô jumento!

- É não. Obra é o objeto construído, trabalho é o
esforço pra construir. Obra é o resultado do
trabalho.

Ai meu Deus! Tá certo, cara, você tem razão.
Mas não estamos falando em física. No
cotidiano popular, podem significar a mesma
coisa, entende?

- Hum...

Deixe-me concluir, depois você argumenta.
Existem obras que demoram muito tempo para
serem concluídas. Por exemplo, este poema:

AÇUCENA

A primavera não me trouxe a flor.
Tão bela que seria a flor. Que pena!
E roubou-me o amor da Açucena.
Tão bela! Dá pena não ter amor.

Mas nunca mais eu quero seu amor.
Ele me faz sofrer uma geena!
E assim mantenho alma serena,
Sempre lhe quero bem aonde for

Aracaju, 30.07.2004 - 15.01.2005.


Observem as datas: Quase seis meses pra
adquirir o aspecto final. E não consegui formar
o soneto, como pretendia.

- Pô, meu! Seis meses em cima de duas
quadrinhas, pra sair essa...

Pare por aí, não xingue meus poemas!
Claro que não fiquei todos os dias estudando
esses versos, devo ter voltado a eles três ou
quatro vezes. O que quero indicar é que, entre
o esboço inicial e a forma final decorreu um
grande espaço de tempo. E o resultado não
é nada superior ao que foi concluído em dez
minutos.

Outro dia falei aqui, da autonomia de certos
poemas. Agora poderia falar da teimosia de
outros. E tanto de poemas como de pessoas.

- Ei! Que histó...

Corta! Esgotou-se o tempo!

Abraço do tesco!

6 comentários:

Anônimo disse...

Um dia você me ensina, se é que é possível, escrever com essa facilidade. Duvido que você sinta a dor de parir palavras. Acho que elas exalam dos teus poros.

O "meu" poema de aniversário está muito bem guardado e jamais será esquecido.

Beijoooooo

tesco disse...

Obrigado, linda Patty, eu agradeço o carinho em relação ao 'meu ptresente'. Você merece coisa melhor, mas a gente faz o que pode. _Beijos.

Yvonne disse...

Tesco, você arrebentou agora, viu?
Mais beijocas

Lizzie Pohlmann disse...

Tesco,
Escrever com facilidade, tendo o fluir fácil das idéias é uma dádiva! Quem dera eu o tivesse.
Você arrasou!

Bjs

Henrique Crespo disse...

uma criação segue lógica própria. algumas vezes a sua lógica é falta dela. quero dizer que tempo, suor, inspiração, esforço... tudo pode ser motivo, explicação e estímulo ou nada disso. a obra as vezes traz algo de inexplicável ( místico?)

hiscla disse...

Tesco, Você sempre surpreendendo!Sempre afinado!Uma das coisas mais belas é mesmo o parto, seja como for, uma criação é sempre um parto. Sua fala me faz lembrar Michelangelo e a agonia para atingir a perfeição e depois, o êxtase de ter gestado e parido.
Clarice