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sábado, 14 de abril de 2018

PARÁBOLA SIMPLES


Diversos aprendizes rodeavam o Senhor, em Cafarnaum, 
em discussão acesa, com respeito ao poder da palavra, 
acentuando-lhes os bens e os males. 
Propunham alguns o verbo contundente para a 
regeneração do mundo, enquanto outros preconizavam 
a frase branda e compreensiva.  
Reparando o tom de azedia nos companheiros irritadiços, 
o Mestre interferiu e contou uma parábola simples. 

- Certa feita narrou, com doçura, o Gênio do Bem, 
atendente à prece de um lavrador de vida singela, emitiu 
um raio de luz e insuflou-o sobre o coração dele, em forma 
de pequenina observação carinhosa e estimulante, através 
de uma boca otimista. 

No peito do modesto homem do campo, a fagulha 
acentuou-se, inflamando-lhe os sentimentos mais elevados 
numa chama sublime de ideal do Bem, derramando-se para 
todas as pessoas que povoavam a paisagem. 

Em breve tempo, o raio minúsculo era uma fonte de 
claridade a criar serviço edificante em todos os círculos do 
sítio abençoado; sob a sua atuação permanente, os trigais 
cresceram com promessas mais amplas e a vinha robusta 
anunciava abundância e alegria. 

Converteu-se o raio de luz em esperança e felicidade na 
alma dos lavradores e a seara bem provida avançou, 
triunfal, do campo venturoso para todas as regiões que 
o cercavam, à maneira de mensagem sublime de paz e 
fartura. 

Muita gente ocorreu aquele recanto risonho e calmo, 
tentando aprender a ciência da produção fácil e primorosa 
e conduziu para as zonas mais distantes os processos 
pacíficosde esforço e colaboração, que o lume da boa 
vontade ali instalara no ânimo geral. 

Ao fim de alguns poucos anos, o raio de luz transformara-
se numa época de colheitas sadias para a tranqüilidade 
popular. 

O Mestre fez ligeiro intervalo e continuou:
- Veio, porém, um dia em que o povo afortunado, 
orgulhando–se agora do poderio obtido com o auxílio 
oculto da gratidão que devia à magnanimidade celeste e 
pretendeu humilhar uma nação vizinha. Isso bastou para 
que grande brecha se abrisse à influência do Gênio do Mal, 
que emitiu um estilete de treva sobre ao coração de uma 
pobre mulher do povo, por intermédio de uma boca 
maldizente. 

A infortunada criatura não mais sentiu a claridade interior 
da harmonia e deixou que o traço de sombra se 
multiplicasse indefinidamente em seu íntimo de mãe 
enceguecida...  

Logo após, despejou a sua provisão de trevas, já 
transbordante, na alma de dois filhos que trabalhavam num  
extenso vinhedo e ambos, envenenados por pensamentos 
escuros de revolta, facilmente encontraram companheiros 
dispostos a absorver-lhes os espinhos invisíveis de 
indisciplina e maldade, incendiando vasta propriedade e 
empobrecendo vários senhores de rebanhos e terras, 
dantes prósperos. 

A perversa iniciativa encontrou vários imitadores e, em 
tempo curto, estabeleceram-se estéreis conflitos em todo 
o reino. 

Administradores e servos confiaram-se, desvairados, a 
duelo mortal, trazendo o domínio da miséria que passou 
a imperar, detestada e cruel para todos.

O Divino amigo silenciou por minutos longos 
e acrescentou:
- Nesta parábola humilde, temos o símbolo da palavra 
preciosa e da palavra infeliz. Uma frase de incentivo e 
bondade é um raio de luz, suscetível de erguer uma nação 
inteira, mas uma sentença perturbadora pode transportar 
todo um povo à ruína... 

Pensou, pensou e concluiu: 
- Estejamos certos de que se lhe oferece à paisagem, a 
treva rola também, enegrecendo o que vai encontrando. 
Em verdade, a ação é dos braços, mas a direção vem 
sempre do pensamento, através da língua. E sendo todo 
homem filho de Deus e herdeiro dEle, na criação e na 
extensão da vida, ouça quem tiver “ouvidos de ouvir”. 
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Irmão X (espírito Humberto de Campos) 
("Contos e apólogos", psicografia Chico Xavier) 

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