Calma, ainda não estamos falando do caso brasileiro, apenas
um caso histórico, cronologicamente muito afastado de nós.
O historiador francês Fustel de Coulanges (1830-1889) em sua
obra mais conhecida - "A cidade antiga" - onde discorre sobre
as civilizações grega e romana, particularmente no período
clássico (entre os séculos 6 e 4 A.C.) - falando sobre o término
do regime democrático na Grécia antiga, diz:
"Que acontecia então com a democracia? Ela não era
precisamente responsável por esses excessos e crimes, mas
foi a primeira a ser atingida. Não havia mais regras.
Ora, a democracia não pode viver senão por meio de regras
muito restritas, e melhor ainda observadas. Não se viam mais
verdadeiros governos, mas facções no poder. O magistrado não
exercia mais sua autoridade em proveito da paz e da lei, mas
em proveito dos interesses e cobiças de um partido. O comando
não tinha mais nem títulos legítimos, nem caráter sagrado;
a obediência não tinha mais nada de voluntário; sempre
constrangida, estava sempre à espera de uma desforra.
A cidade não era mais que um ajuntamento de homens, dos
quais parte era senhora, parte escrava. Dizia-se que o governo
era aristocrático quando os ricos estavam no poder, democrático
quando estavam os pobres. Na realidade, a verdadeira
democracia deixara de existir.
Do quinto até o segundo século antes de nossa era vemos que
em todas as cidades da Grécia e da Itália, excetuando-se ainda
Roma, as formas republicanas são postas em perigo, e que se
tornam odiosas a um partido."
A cidade citada nesse quarto parágrafo, significa Estado, pois
nessa época, na Grácia e na Itália, as cidades eram soberanas,
cada uma com suas leis e com seus governantes.
O mais preocupante é a semelhança conosco quando fala de
magistrado. "Vade retro!". Que fique somente em semelhança
longíqua.
Abraço do tesco.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
OI..
Legal seu comentário.
No tempo transformou a democracia apenas no ato de votar. "votar = democracia".
Infelizmente...
hecta
Não sei se estou equivocada, mas, Platão existiu mais ou menos, na época do conteúdo desse seu texto. Pois é, a coisa vem se repetindo desde então. Gosto muito dessa frase: "Não há nada de novo abaixo do Sol. Depois de Platão, tudo é mera citação".
Ah! tesco, Platão entrou em cena por minha conta rs.
Grande abraço!!!
Não, Shirley, você não está equivocada, está até
no texto integral e eu que cortei erradamente!
O quarto parágrafo diz exatamente:
"A cidade, como diz Platão, não era mais que..."
Eu que pensava que Platão não tinha assistidoa essa
derrocada da democracia, mas ele assistiu e comentou.
Mas temos leitoras atentas como Shirley!
Obrigado pela complementação.
Kisoj.
Essa corrosão da democracia, Hecta, existe
em todos os tempo e em todos os lugares.
Pode-se até dizer que: "O preço da democracia,
como o da liberdade, é a eterna vigilância"!
Beijos.
Postar um comentário