Num poema postado em março, Shirley toca em um problema,
muito disseminado atualmente, que é a ansiedade. Com isso,
deveríamos esperar um poema transudado nervosismo, cheio
de tiques nervosos, talvez, atitudes beirando a histeria, não é
mesmo?
Porém, nada disso é explicitado, nem mesmo transparece por
baixo de atos corriqueiros. A poeta desfila um ambiente de
calma, silêncio e paz, e ela mesma também parece sentir os
mesmos sentimentos, pois é isso que ela exala.
Sai ao sol para caminhar descalça na grama, numa atmosfera
perfeitamente normal, sem extremismo algum. Ansiedade, se
houver, é aquela ansiedade natural, que todos sentem, quando
esperam alguma coisa boa. O que nos transmite mais é esse
sentimento de "o que tiver de ser, será"!
Repare se voce não obtém a mesma sensação:
ANSIOSAMENTE
Shirley
(2015.03.14)
"Não há nenhum som na minha rua
e na luz tênue do interior da casa
os móveis ainda adormecidos não ouvem
as batidas do tempo no relógio de pêndulo.
Lá adiante na rodovia
a seiscentos metros da sonolência dos meus olhos
cresce o movimento de caminhões e carros
transportando cargas e solidão.
Abro a porta
avidamente inspiro a energia positiva do sol
e depois
caminho descalça na grama orvalhada
para receber a polaridade negativa da terra.
Isso traz alento para minha alma transviada
que hoje despertou
com gosto de canto do rouxinol na boca.
Bocejando
invento um sorriso
acendo minha lâmpada interior
vou fazer um cafezinho
pra esperar o meu amor."
* * *
Seguindo essa tendência de tranquilidade, o herói esperado
pacientemete, também está tranquilo. Ele passou por muitos
dissabores, mas não está revoltado, indignado ou conturbado.
Sua meta é retornar ao lar (ou formar um lar), sabe que ante
fortes vontades o destino se curva.
Sem 'forçar a barra', chegará lá, onde sua amada lhe prepara
um delicioso café. E, naturalmente, nem só de café vive o
homem! Rerrerré!
AGUARDA
tesco
(2015.03.15)
"Espera por mim querida
Quero beber teu café
Não há luz na minha vida
Longe longe de teu pé
Quero refazer a via
Buscando no dia a dia
Trazer u'a nova alegria
Riscando dessa agonia
Perversa dicotomia
De energia e solidão
Quero visitar as flores
Desse teu jardim de amores
Iluminar-me das cores
Alijando os rancores
Exterminando as dores
Que me vão no coração
Faremos a caminhada
Juntinhos pela calçada
Ou na grama orvalhada
Com alma destrambelhada
E energia redobrada
A sabor de inspiração
Afastando sonolência
Rejeitando violência
Seguindo mesma cadência
Por ter a igual tendência
De evitar a pendência
Ou qualquer acusação
Teremos imenso afeto
Lendo o mesmo alfabeto
Falando um só dialeto
Seguindo o Grande Arquiteto
Serei sempre teu dileto
E tu és minha paixão
Nem sofrimento nem pena
- Ó vida da minha vida -
Constará em nossa cena.
Espera por mim querida!"
* * *
E assim 'se pasan los días', com esta ansiedade que devemos
cultivar. Não adianta tentar apressar o rio, a luz intensa não
vem antes do nascer do Sol. Devemos sim, batalhar para que
as coisas boas cheguem, e o mais depressa possível, contudo,
sem afobação.
Abraço do tesco.
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6 comentários:
Entrei no poema, tanto num quanto no outro.
Que bom se todos os casais pudessem usufruir de uma ausência saudosa, na esperança de um reencontro onde tudo conspira.... que coisa linda!
Perfeito pra celebrar o dia dos namorados.
Beijos!
Na arte de fazer de conta, tesco, você é um grande mestre!rssss
Ficou muito bom, parabéns!
Kiso!
Tesco
Sua poesia me pareceu uma resposta. Cuidado, vai apanhar.kkk
Beijos no coração
Tesco, concordo com a colega! sua resposta ta bela, mas obvia também! rsrs
hiscla
Ué, de que estão reclamando?
Meu poema é resposta mesmo, foi concebido assim.
Quando não espelha o original é que é problemático.
Beijos.
hum...ta certo, meu amigo.
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