Os contos "Caminho do inferno", republicado em abril, e
"Caminho do paraíso", recém escrito, revelam aspectos que,
nem de longe, eram meu objetivo inicial.
Os protagonistas mostram disposições internas divergentes,
embora carreguem, como todos nós, sua carga de conceitos
impostos pela família e pela sociedade desde a infância. É
difícil nos livramos dessa carga num repente.
Na primeira história, o rapaz já se encontra predisposto a
encontrar coisas ruins pelo caminho, nunca meditou sobre
suas crenças, e acredita na existência de todo tipo de seres
malfazejos que enchem o imaginário popular: Lobisomens,
vampiros, duendes, sei lá mais o quê.
Ao se deparar com algo que sinaliza na confirmação dessas
crenças, não espera segunda ordem, retorna para o refúgio
seguro do seu dia-a-dia. Ali recebe uma oferta inesperada de
continuidade do que considera o mundo normal: Cotidiano
sem sobressaltos e subsistência garantida.
Nada de aventura o aguarda ali, vidinha monótona e sem
outras perspectivas, visita semanal de um rapazinho,
provavelmente sem muita conversa e, esparsamente (as
estradas não parecem ser movimentadas nesse lugar e
nessa época) algum aventureiro perguntando sobre placas
indicativas.
Pode não parecer bom, mas nada se sabia das expectativas
desse rapaz: Talvez isso fosse o paraíso pelo qual ansiava.
Sabe-se lá, tem gosto pra tudo, não é mesmo?
Já no segundo conto, o rapaz expressa claramente o que
carrega na cabeça: Instalar-se numa cidade grande, bem
movimentada, que lhe possibilite "mostrar suas habilidades",
e que lhe proporcione, provavelmente, algumas emoções
aventurescas. Para ele uma vida como a do 'herói' da
primeira história, já se configuraria um verdadeiro inferno,
não precisava tomar nenhum caminho pra lá, já estava nele!
Suas crenças não deveriam ser muito convencionais, não
dava muita atenção às histórias de conteúdo fantástico que,
com certeza, deve ter ouvido, então, qualquer coisa que
lhe aparecesse no caminho seria lucro. Por isso, por essa
mentalidade aberta a novos conceitos, não lhe ocorreram
novidades no percurso.
E, ao penetrar num mundo onde se comemorava uma vitória,
sentiu-se no paraíso! Talvez, devido a sua pouca vivência,
imagine que uma vida pode ser somente de comemorações.
Breve se deparará com a realidade: Procurar um emprego,
pagar aluguel, enfrentar ônibus superlotados...
O paraíso pode não se mostrar tao paraíso quanto pensado!
Disso pode-se concluir que inferno e paraíso não são lugares
definidos, existem, mas são estados conscienciais. Tudo vai
depender do que se tem na mente. Da bagagem mental que
se tem e do que se espera encontrar pela frente.
Não há como fugir: Se alguém tem o inferno dentro de si, pra
onde for o inferno vai junto. E, similarmente, o paraíso vai
para onde seu possuidor for. E mais, seu estado interior será
exteriorizado onde quer que a criatura se apresente. Por isso,
é conveniente fixar-se na oração de São Francisco de Assis:
Onde houver coisas (que não são coisas, são pensamentos,
emoções, atitudes) más, que eu leve coisas boas.
Assim se assegura o paraíso em todo o lugar!
Abraço do tesco.
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5 comentários:
Bom dia,
Muito bom seu comentário!
carregamos por dentro o paraíso e o inferno.
Acho interessante como quem em pleno século XXI, ainda existam religiões/seitas que acreditam que isso seja um lugar físico, nem que seja noutro planeta!
hiscla
Concluindo seu raciocínio, podemos fazer o nosso inferno ou o nosso paraíso.
Tb existe o lado do qual as pessoas só enxergam coisas ruins ao seu redor e defeito nos outros, ou, enxergam coisas boas e virtudes.
Então, somos responsáveis por nossas escolhas. Muita paz!
Devemos "vigiar e orar" para que o paraíso em nós permaneça.
Beijo, tesco!
Acredito nisso! Nossa paz ou nosso inferno está dentro de nós. Nós somos o que pensamos, enfim, é por aí mesmo.
Por isso tenho bom humor sempre, não importa o lugar e nem como realmente estou. Acabo rindo de meus problemas. Ajuda, mesmo não resolvendo. A vida fica mais leve...
Uma ótima semana!
Beijos
Isso lembra também uma lenda chinesa que retrata a diferença entre paraíso e inferno: nos dois espaços há um monte de cereal capaz de alimentar todos, porém os talheres são grandes demais e não se pode levar a própria boca.No paraíso os homens se alimentam colocando comida uns na boca do outro enquanto que no inferno cada tenta comer usando os talheres grandes demais e todos passam fome..
hiscla
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