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quinta-feira, 29 de maio de 2014

SIMPLICIDADE


Essa história de "queda espiritual", pra mim,  está mais do
que explicada, com a versão do exílio planetário: A massa
de espíritos que não conseguem adaptar-se ao nível atingido
pela civilização de determinado orbe, é transferida para
outro, em que as condições para sua evolução estejam mais
alcançáveis.


Nada de "espíritos criados perfeitos e que se degeneram, por
causa do orgulho e da ambição". isso não faz sentido.
Ademais, essa é uma teoria elaborada por seres encarnados,
mais passíveis de equívoco, com o referendo, quando muito,
de espíritos isolados, sem o apoio da universaidade dos
espíritos.


A explicação oferecida a Kardec, de espíritos que gajgam a
compreensão das coisas gradualmente, por esforço próprio,
me parece bem mais inteligível, sendo "criados simples e
ignorantes".


Essa ideia me é lembrada porque, quando estava eu lendo
a "História do Brasil", escrita por Frei Vicente do Salvador
ainda no século 17, é narrado Livro Quarto, capítulo 21
(De uma entrada, que se fez ao sertão em busca dos gentios,
que fugiram das guerras de Sergipe e outras), um caso da
simplória crença de um indígena. Leia a transcrição: 


"...e não hei de deixar de contar aqui o que me contou um
soldado desta companhia, que fez um principal destes que
vieram, o qual diz-se foi à estrebaria onde estava um cavalo
dos nossos, e assentando-se pôs-se a falar com ele, e
dizer-lhe que o tomava por compadre, porque tinha ouvido
dizer que os cavalos eram mui valentes na guerra, e um
era tê-los homem por amigos, para que nela o conheçam,
e lhe não façam mal.


Estava ali um mamaluco, que tinha cuidado do cavalo, e
quando o viu tão triste, porque lhe não respondia, se lhe
ofereceu para intérprete, e fingindo que lhe falava à orelha,
lhe tornou por resposta que folgava muito com sua amizade,
e que ele o conheceria quando fosse tempo; com esta
resposta se afeiçoou mais o rústico, e perguntou que comia
seu compadre, ou o que desejava, porque de tudo o proveria.


Respondeu o mamaluco que o seu mantimento ordinário era
erva e milho, mas que também comia carne, e peixe, e mel,
e de tudo o mandou prover abundantemente, andando os
seus uns a segar erva, outros a caçar, e pescar, e tirar mel
dos paus, com que o intérprete se sustentava, e o cavalo
engordou tanto, que abafou, e morreu de gordo, cuja morte
o rústico muito sentiu, e o mandou prantear por sua mulher,
e parentes, como costumam fazer aos defuntos que amam."


Taí a história (ou causo), de que o próprio Frei Vicente tem
dúvidas, mas, seja verdadeiro ou não, sem nenhuma dúvida,
demonstra a simplicidade e ingenuidade do indígena dessa
época (hoje não arrisco a mão).


Mas,acima de tudo, torna implausível que, um espírito criado
perfeito e iluminado tenha decaído tanto até perder a noção
das coisas.

"Primeiro o mais simples", diz a ciência.
Por que inventar e inverter as coisas?

Abraço do tesco.

4 comentários:

Anônimo disse...

Tesco, Meu querido creio que história narrada pro Frei Vicente tenha proceder. é comum esse tipo de crença meio mediavalesca no interior do Brasil.
no Maranhaão há uma seita que espera o retorno de D. Sebastião e que o incorpora nos ritos. Esperam que D. Sebastião (aquele do sebastianismo) venha pra reinar, governar e retirar o sertanejo da miséria republicana.
Outro caso similar é o caso narrado por Carlo Ginzburg, o historiador italiano. Nos estudos desses, encontramos homens do povo que acreditam que o mundo é grande queijo e que somos imperfeitos o bastante para nos assemelharmos aos vermes dentro do queijo.
Como vê, é um resíduo do medieval, é uma permanência história.
Hiscla

Anônimo disse...

Tesco, você como sempre perfeito. Adorei.
Beijotescas

Shirley Brunelli disse...

Não dá para duvidar de que o espírito inicia sua jornada, ignorante, onde através das lutas cotidianas, deve romper a crosta da personalidade animal inferior e desenvolver os atributos de Deus, já existentes em seu interior.
Ah!...Por que não publica suas poesias? rs.
Boa noite e um beijo, tesco!

Denise Carreiro disse...

As explicações de Kardec são muito lógicas, para serem duvidadas. E ainda encontramos em Emmanuel, no livro A Caminho da Luz, mais explicações pormenorizadas de nossa evolução espiritual. Muita paz!