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segunda-feira, 29 de outubro de 2012

BOBAGENS LINGUÍSTICAS 14


BANDEIRA POUCA É BOBAGEM!


Que "Desgraça pouca é bobagem" todo mundo sabe, é um
provérbio enraizado na mente popular.


Chico Anysio fez Pantaleão Pereira Peixoto (Se alembra dele,
Terta?) expressar isto de um modo inusitado, no livro
"É mentira, Terta?", no causo "A visita do Juiz de Direito":


"Eu não dou empreitada por perdida se eu não tiver tentado,
e desgraça eu só conto de arroba pra cima."


Arroba aqui não é o símbolo de 'email', que Pantaleão nem
conhecia, ainda significa a unidade de massa, arredondada
para 15 kg. Sem dúvida, é um bom conceito para a vida.
Né não? 


Já "Bandeira pouca é bobagem" tem um sentido óbvio para
nós: Se é pra "dar bandeira", que se faça o serviço completo,
dar apenas uma  pequena indicação, provavelmente, não
surtirá o efeito desejado.


Essa orientação é tomada muito à sério pelas "celebridades
dos últimos 15 minutos" e candidatos a tais, que não perdem
uma oportunidade para exibir sua intimidade, até o avesso,
se possível. 


A expressão foi popularizada por The Fevers, na música
"Elas por elas" (1982), de Agusto César e Nélson Motta, tema
da novela de mesmo nome:


ELAS POR ELAS

Tudo na vida passa,
tudo no mundo cresce,
Nada é igual a nada, não.


Tudo que sobe desce,
tudo que vem, tem volta,
Nada que vive, vive em vão.


Nem todo dia é festa,
nem todo choro é triste,
Nenhuma dor sempre será.


Hey, Hey, bandeira pouca é bobagem.
Hey, hey, você me faz a cabeça.


Comparada esta "filosofia da impermanência" (tudo na vida
passa, nada é igual a nada não) com a letra de "Como uma
onda" (1982/1983), de Lulu Santos e Nélson Motta, (nada do
que foi será, de novo, do jeito que já foi um dia), nota-se a
permanência do mesmo mote do Nélson.

Porém, o curioso sobre "Bandeira pouca é bobagem" é que,

no site Wordreference, o consultor espanhol Mohebius, que
vive em Madrid, esclarece:

"É um ditado muito antigo, onde 'bandeira' é equivalente ao
velame de uma embarcação.
"Pouca vela é tolice", algo que não nos leva a lugar nenhum."


Pois é, velame pouco é bobagem!


VOOZY

O Latim apresenta a peculiaridade de ter formas específicas
para a palavra, substantiva ou adjetiva, quando ela é sujeito
da frase (caso nominativo); quando é objeto direto (caso
acusativo); quando é objeto indireto (caso dativo); quando é
objeto de chamamento (caso vocativo); quando se quer

mostrar posse de alguma coisa, seja concreta ou abstrata
(caso genitivo); e para as situações circunstanciais, como
modo, meio, origem, condição, lugar, tempo (caso ablativo).

Não seria muito complicado, se as palavras não tivessem
que ser enquadradas em uma das cinco declinações!
Aí já pesa, passamos a ter 30 opções! 


- Mas pra que toda essa informação inútil? Vai dar curso de
latim  agora, é?

Claro que não, e nem latim eu sei! O que quero é lembrar um
caso curioso de um conto de ficção científica do americano

Robert Scheckley, "One man's poison" (tradução livre:
Veneno para um homem).

Scheckley baseou-se num antigo provérbio que diz:
"O que é alimento para um homem é veneno para outro".


Tentarei resumir o conto:

Num planeta abandonado, dois astronautas famintos
descobrem um armazém. Procuram, desesperadamente algo
que possam comer. Descobrem dentro do armazém um
dicionário, que relaciona a língua local e a de um outro planeta.

Por sorte, um deles é bibliotecário e conhece a lingua do outro
planeta. Seguem traduzindo vários rótulos de produtos, até
se depararem
com "Voozy".

O bibliotecário diz:
"É um pouco difícil de traduzir, mas uma tradução rápida, dá

o seguinte:

"Novo Voozy, com lacto-ecto adicionado para uma sensação
de gosto novo. Todo mundo bebe Voozy!
Bom antes e depois das refeições, sem desagradáveis efeitos
colaterais. Bom para as crianças! A bebida do universo!". 


O outro diz: - Ah, isso parece bom!
E abre a garrafa que parece garrafa de refrigerante.


Intensa espuma sai da garrafa de repente, o astronauta se
assusta e larga a garrafa, mas a espuma se dirige para ele,
com intenções suspeitas.

O bibliotecário continua folheando o dicionário, para
entender exatamente o que apregoa o rótulo, e descobre. 

"Ah, aqui está o erro. Não diz: "Todo mundo bebe Voozy!".
Sujeito errado. Diz: "Voozy bebe todo mundo!".


Felizmente conseguiram contornar o problema, mas o "latim"
alienígena também tinha suas armadilhas.



EVOLUÇÃO

A evolução das coisas é inegável. Dizem uns que mudam
sempre pra pior. Eu não compartilho com essa fatalidade.
Mas enquanto a maioria pensa em evolução tecnológica ou
de costumes, eu, que sou abestalhado, fico pensando em
evolução de palavras.

Do século 19 para o 20, 'cousa' tornou-se'coisa',
'dous' virou 'dois'.
Do século 20 para o 21, a 'loura' foi preterida pela 'loira'.
Penso nos loucos: Será que o 'loico' vencerá o 'louco'?


- Ih meu, o tesco tá ficando loko, vou me afastar!

Abraço do tesco.

3 comentários:

Anônimo disse...

AH..voce deveria fazer um tratado da lingua!
guardar em livro seus pensamentos sobre!
hiscla

Anônimo disse...

No Dia Nacional do Livro, como não vir aqui e dar parabéns?
Manoel Carlos

Anônimo disse...

Tesco, estou de volta. Adoro quando você escreve sobre a nossa língua. Eu continuo falando loura.
Beijotescas