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domingo, 26 de fevereiro de 2012

KAFKA E O MUNDO

Em meio a leitura de "O processo" de Franz Kafka, pensei:
"Esse universo de Kafka é muito desordenado. A sociedade
é
conivente com todas as arbitrariedades e
todos os
desmandos,
vigorando um estado de direito.
É uma situação muito surrealista!".


Ao final do livro, porém, verifico que fiz um julgamento muito

precipitado, nada há de surrealista no que ele descreve. É o
nosso
mundo mesmo, sem dúvida alguma, tanto no País
quanto no resto
do planeta.

Observe o programa televisivo BBB12, por exemplo:
Sexo entre os
participantes não é proibido ali, pelo
contrário, é incentivado e
exaltado como coisa ótima de
ser mostrada nos lares de todos
os telespectadores. .
Pelo menos, a julgar pelas manchetes nos
portais da
internet. Até um suposto caso de estupro foi veiculado.

Ora, estupro é caso para polícia e Medicina Legal, não
caso para
show televisivo.

No entanto, se acontece uma explanação técnica e bem
orientada
em sala de aula, levanta-se uma gritaria contra
o MEC e contra os
professores. Os mesmos canais de
mídia que promovem as belas
peripécias do BBB, são os
primeiros a publicar condenações a
esta "experiência
escabrosa!".


Entenda-se uma coisa dessas: É didático promover
escândalos,
mas procurar explicar científicamente as
coisas da vida para as
crianças e para os aolescentes,
é aberração!


Mas as contradições do mundo atual não ficam somente
nisso.
Quisera Deus que ficassem! 

Tem o episódio do Pinheirinho, em São José dos Campos,
SP, em
que as próprias autoridades governamentais
autorizaram a destruir,
queimar residências, expulsar
moradores e baixar o cacete, como
se estivéssemos entre
Godos e Vândalos no século 4. E isso em
pleno estado de
direito e em tempo de paz.


Isso me faz lembrar os assentamentos de israelenses além
das
fronteiras estabelecidas pela ONU na fundação do
Estado de Israel,
tendo os habitantes das terras ocupadas
o mesmo tratamento dado
pelo governo paulista (não seria
o caso de pagar direitos autorais
pela cópia?).

As ações de Israel contrariam abertamente resoluções da
ONU,
mas isso não tem nenhuma importância. Agora, em
se tratando de
Irã, imediatamente os EUA e os EUA (sob
o heterônimo de OTAN)
se arvoram como os vigilantes e
defensores da Humanidade, e ameaçam invasão. Como

fizeram com o Iraque, falsamente acusando o país de
detentor de
"armas de destruição em massa", quando
sabemos que estas, na
verdade, são os próprios EUA.

Mas retornemos ao Brasil, pois aqui não faltam casos de
injustiça
e de corrupção.

Não vou falar das escandalosas privatizaçõesefetuadas
no Governo
Cardoso, para isso o livro "Privataria Tucana",
de Amaury Ribeiro Jr.,
documenta as fraudes.

Nem vou falar das imorais retiradas de direitos dos
trabalhadores,
promovidas durante aquele Governo,
macaquando Governos Neo-
Liberais da Europa. que
legaram o atual caos, vigente por lá.


Só lembrando um caso, que me tocou mais de perto,
houve a
retirada de várias categorias profissionais da lista
de Aposentadoria
Especial Automática, obrigando
milhares de técnicos a submeterem-se
a desnecessárias
complicações burocráticas. Eu mesmo tive que
conseguir,
por ação judicial, o que, antes desse malfadado Governo,

era meu direito pleno.

- Ah, tesco, isso é coisa velha! Fale de casos atuais, se tem.

Tem sim, infelizmente. Os malfeitores não cessam de nos
empurrar
barbaridades:
Um deputado de Goiás admite que recebeu R$ 150 mil (do
Governo,
naturalmente) para votar contra os professores.
Esta declaração, feita
por ele mesmo, pode ser vista no
You Tube
. Não é fato antigo, tem cerca de dez dias.

Resumindo, há uma evidente contradição entre o que se
visa, ao se
escolher pessoas e grupos para trabalhar por
nossos objetivos, e o
que eles fazem, que é exatamente
o contrário.


Tudo isto ocorre com uma total conivência da sociedade,
com algum
clamor contrário, mas sem consequência
alguma e seu rápido
esquecimento, pois um novo abuso,
uma nova arbitrariedade se levanta
ou, mais exatamente,
é levantada pela mídia.


Constata-se, portanto, não que este é um mundo kafkiano,
mas que
Kafka descreve perfeitamente o mundo que nos
cerca.


Abraço indignado do tesco.

5 comentários:

Yvonne disse...

Tesco, seu desabafo foi mais do que apropriado. Sei que a coisa aqui está preta, mas, se possível, veja o documentário chamado "Capitalismo: uma história de amor" do Michael Moore.

Já cheguei a comentar sobre isso não sei se em mensagem dirigida a vários amigos ou em resposta a alguém.

O desrespeito dos magnatas americanos que sempre serviu de modelo para o mundo capitalista se tornou indecente com requintes de crueldade do tipo multinacionais poderosas fazerem seguro de vida para seus funcionários em proveito próprio.

É isso mesmo. Tenta me imaginar funcionária ainda ativa do BB. Um belo dia eu morro e quem ganha o meu seguro de vida é o banco. Isso é apenas um ínfimo detalhe de todas as barbaridades que vi no documentário.

Kafka estava mais do que certo.

Beijocas revoltadas

Clenes Calafange disse...

Ai, tio-tesco... essas suas palavras foram minhas também. Tomei-as emprestadas para também ser meu desabafo. Depois do que essas linhas nos trouxeram, concordar fica redundante, falar qualquer coisa fica redundante, escrever qualquer coisa fica redundante... Mas ouso dizer que suas palavras também fazem parte do que eu penso.

De fato, a engrenagem que move esse mundo é muito mais complexa do que imaginamos e cada vez que descobrimos uma coisa, descobrimos que esta coisa está ligada a outra que a sustenta e a movimenta: sejam os interesses capitalistas (o topo) ou quaisquer outros interesses que estão ligados a ele.

Beijos!

Clenes Calafange disse...

Posso republicar isso? Claro que citarei sua autoria!

tesco disse...

Fique à vontade, Quekit... digo, Clenes.
Beijos.

Anônimo disse...

AH
seria fantástico a incoerncia humano se não fosse cruel, como cita Yvonne. Penso que estamos chegando ao estremo das politicas neoliberais: se um deputado assume tal cosia em publico e isos não é corrupção.. que sera então?
hiscla