No livro "Crônicas de um e de outro" (sortesco 173), podemos
ler interessante crônica de Hermínio Miranda, abordando um
tema que era novidade naquela época (década de 70), mas que
hoje é, relativamente banal: Terapia de Vidas Passadas. Ainda
não ostentava esse nome, mas já surtia efeitos.
Passemos logo à leitura, que é suficientemente explicativa.
"A REENCARNAÇÃO NA PSICOTERAPIA
Hermínio C. de Miranda
REPETIDAMENTE NOS referimos ao grande proveito
que resultará para a prática da medicina o conhecimento
aprofundado do Espiritismo. Empregamos o verbo no futuro
e não no condicional, movidos pela Íntima convicção de que
a abertura é, não apenas inteiramente válida, como inevitável.
É uma questão de tempo. O homem de ciência acabará
forçado pela evidência a admitir que somos Espíritos
encarnados e não máquinas biológicas controladas por
estruturas cibernéticas naturais.
A fase pós-operatória dos transplantes, por exemplo, está
acarretando alguns problemas psíquicos muito curiosos que
não encontram explicações fora do contexto da Doutrina
Espírita. Ainda falaremos nisso noutra oportunidade. No
momento, nosso interesse é mais específico por se situar na
área dos próprios fenômenos espirituais ou da mente,como
querem os cientistas.
Pouco antes de morrer, o nosso grande confrade Dr. Carlos
Imbassahy publicou uma obra em que istudava as conexões
e desajustes entre as concepções de Slgmund Freud e o
Espiritismo. O livro chama-se "Freud e as Manifestações da
Alma" e certamente constitui leitura interessante e
esclarecedora tanto para médicos como para leigos.
É exatamente no campo dos problemas psíquicos que a
Doutrina Espírita tem mais a oferecer à classe médica, es
pecialmente aos psiquiatras e psicanalistas. Isso vai levar
ainda algum tempo, mas os primeiros doutores que passaram
ao exame do assunto já estão encontrando um filão muito
rico à sua disposição.
e uma exploração desse tipo nos dá conta um livro notável
intitulado "Many Lifetimes", publicado nos Estados Unidos
pela "Doubleday", em novembro de 1967 e pela "Pocket
Books", em 1968. É escrito peloDr. Denys Kelsey e por Joan
Grant. O Dr. Kelsey é membro do "Royal College of Physicians",
de Londres, e Joan, sua esposa, dotada de excelente
mediunidade, colocou seus recursos psíquicos a serviço
da clínica de seu mando, qualificado aliás na apresentação
do livro, como "proeminente psiquiatra".
'Os resultados obtidos pelo casal ·são e.xtraordinários
e muitas vezes se revelam altamente dramáticos. Por muitos
anos, o Dr: Kelsey tratou os seus pacientes pelos processos
clássicos. Acabou, no entanto, convencido da legitimidade
da idéia da reencarnação ·e agora, quando não consegue
localizar na vida presente o trauma causador do. conflito,
mergulha nas existências anteriores, através da hipnose
profunda, com a assistência da sensibilidade psíquica de
Joan.
No capítulo intitulado "Reencarnação e Psicoterapia", o
Dr. Kelsey relata dois casos para ilustrar o seu método de
trabalho e oferecer suas conclusões sobre o assunto. Num
deles, um jovem bem dotado de inteligência, e até com algum
sucesso na sua vida profissional, estava convencido de
que fora ele o causador da artrite de seu pai, quando, aos
sete anos de idade, passou um' pano úmido sobre o Iençol
em que depois se deitou o seu genitor. Reconhecia
perfeitamente que a suposição era gratuita e írraeíonal, pois
não havia relação de causa e efeito entre o que fizera e a
doença de seu pai. Isso, porém, não resolvia a sua angústia.
O tratamento encetado durou 80 (oitenta!) sessões de análise,
sem.resultado prático, motivo pelo qual o próprio médico
propôssuspendê-lo. Ao cabo de algum tempo, o cliente pediu
novamente para ver o médico. Seu pai havia morrido de enfarte
e o filho se sentia culpado não apenas da artrite contraída por
ele mas também da sua morte.
Com o consentimento do cliente, o Dr. Kelsey resolveu
explorar o passado remoto, buscando nas vidas anteriores
a origem do problema. Joan Grant participou do trabalho,
como habitualmente. O paciente era um bom "sujet" para
a hipnose e em poucos minutos começou a descrever as
imagens que lhe ocorriam à memória visual.
Para encurtar a história: o doente havia sido uma mulher na
existência anterior e tentara provocar a morte de uma tia velha,
muito doente e rica (que lhe deixaria todo o dinheiro),
umedecendo-lhe os lençóis nos quais a senhora se deitaria.
Surpreendendo-a na sua clara intenção, a velha teve um
distúrbio circulatório e por muito anos mais a moça viveu
cuidando dela, sob a tensão de ver revelada a sua tentativa
criminosa. O trauma foi demais para uma só vida e
transbordou para a seguinte.
O Dr. Kelsey informa que a cura se deu numa única
sessão e não mais voltaram os sintomas da doença.
Os espíritas continuam; pois, a aguardar, em grande
expectativa, o interesse dos homens de ciência. Sendo uma
doutrina que estuda as manifestações do Espírito, tem um
contingente inestimável de conhecimento e de experiência
a oferecer às ciências que cuidam da mente. Só está faltando,
por ora, um pouco de humildade intelectual, em certas áreas
científicas, para examinar com espírito crítico, mas
descontraído, a contribuição espírita aos problemas médicos".
Temos aqui a resolução de um caso psíquico recorrendo-se
à teoria da reencarnação. Os que (ainda) não aceitam essa
teoria procurarão outros sistemas que sejam 'mais plausíveis'
para eles. Tudo bem, não se é obrigado a seguir no mesmo
passo dos outros.
Porém, os que reconhecem na reencarnação a explicação
racional dos nossos inúmertos problemas, podem notar aqui,
a beleza, simplicidade e justiça do mecanismo: Não existe
nenhum severo juiz condenando, nem nenhum obediente
carrasco executando as penas impostas, a não ser
A PRÓPRIA CONSCIÊNCIA!
"O trauma foi demais para uma só vida e transbordou para
a seguinte". Observem que maravilha de lógica e simplicidade.
Quantos e quantos dos nossos problemas (quase a totalidade)
não seguem essa regra?
É como na escola, quando o professor diz:
- Bem, hoje não temos mais tempo, amanhã continuaremos
o assunto.
Ou o agricultor ao fim do dia:
- É, pra hoje tá bão, já vai escureceno. Menhã eu tremino!
A própria Natureza nos dá o exemplo constantemente: Todos
os processos decorrem de maneira gradual e, normalmente,
lenta. Quando vemos um fenômeno surgir repentinamente e
de maneira ab-rupta, é apenas a fase final de um processo
longamente amadurecido.
Do mesmo modo, não podemos exigir que todos compeendam
essa doutrina reencarnatória agora, já, de uma vez!
Tempo, tempo, tempo, tempo, para isso tu existes;
Abraço do tesco.
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3 comentários:
Tesco, impressionante esse post que muito me tocou por razões pessoais.
Beijotescas
lembrei-me do meu filho: "mãe, o sistema é bruto,ó processo é lento e o bagulho é ruim"
De toda forma, é preciso acreditarmos nalguma coisa ou vamos sucumbir ...
Se não existe a gente inventa. (pra tornar a existencia mais suportável)
hiscla né?
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