Li o livro “Sex and the city” e não gostei.
Deixei isso claro quando coloquei o livro no
sortesco (08.02.2009) e o disse no post do dia
seguinte.
Nem por isso, no entanto, deixei de guardar
algumas anotações dessa obra.
Por exemplo, a personagem Kitty, uma aspirante
a atriz, de 25 anos (na página 139 da 1ª edição
Bestbolso), declara:
“Eu sou contra esse negócio de feminismo. Os
homens têm necessidade de ser dominantes,
então vamos deixar. Vamos assumir nossa
feminilidade”.
Fica claro aí o equívoco que assola a humanidade
nessa questão, contrapondo-se feminilidade e
feminismo.
E uma coisa não antagoniza a outra!
O feminismo surgiu justamente para libertar a
feminilidade de sua submissão a ditames alheios
à sua livre expressão.
A necessidade de ser ‘dominante’ não quer dizer
ser grosseiro, estúpido, violento, insensível ao
sentimento e, até mesmo, criminoso.
E isso, os homens ‘dominantes’ cansaram – retifico,
não cansaram ainda – abusaram de exercer.
Claro que, no início do movimento feminista, as
ativistas tinham que lançar mão de atitudes mais
extremadas, visto terem de chamar a atenção para
a causa, isto não significava que todas as idéias
tinham que ser cumpridas à risca.
Mas era o modo de se alcançar direitos hoje
elementares, mas que eram ‘inadmissíveis’
antigamente.
Por exemplo, ter um emprego! Coisa simples e
fundamental para todo cidadão, era um direito
negado às mulheres. Cargo político, naturalmente,
nem pensar! Se não podiam votar, como poderiam
ser votadas?
A área sexual, então, era uma prisão inimaginável:
As mulheres nem tinham direito a ter prazer!
Para dar uma idéia interessante às mais jovens, valho-
me do testemunho da nossa querida amiga Yvonne,
que relatou numa crônica no semanário virtual “O
Boletim”, em que é colunista, a temerária aventura em
que se lançou, quando simplesmente decidiu-se a
usar batom vermelho. Isso, pasmem se não puderem
conter-se, na década de 70 no Rio de Janeiro!
Pois é!
Ou, como diria Pantaleão Pereira Peixoto: Pois bom!
É pena que, numa obra supostamente destinada a
pessoas (mulheres, principalmente) esclarecidas,
aconteça algo tão deprimente e sem nenhuma
explicação ulterior.
Não é por esse motivo que não gostei do livro,
mas essa é uma das razões.
Abraço do tesco.
4 comentários:
Tesco, minha filha me deu o livro "Sex and the city" julgando que eu fosse amar, por causa do seriado. Meu Deus! Foi um sofrimento ter lido ele inteiro, visto que ela ainda mora comigo e ficava feliz vendo que eu estava "saboreando" o conteúdo. Achei uma droga.
Bom, você disse tudo sobre feminilidade e feminismo que nada têm em comum. Você foi perfeito ao afirmar que o feminismo surgiu para libertar a feminilidade. É a mais pura verdade.
Muitas meninas hoje em dia que não viveram tempos outros, dizem que essa conversa é chata e antiga. Pois é, elas só falam isso, porque outras mulheres chegaram a perder a vida em nome de um mundo melhor e mais justo para todas nós. Felizmente não fui dessa geração, porque era criança e as lutas que pude testemunhar ainda era adolescente.
Na minha época de jovem, já começando a ser mulher encontrei o prato quase feito, mas isso não impediu que eu tivesse medo de usar um simples batom vermelho. Apesar de todos os problemas que vivemos, a vida hoje em dia é melhor, pelo menos no mundo ocidental.
Beijotescas com direito a batom vermelho
Yvonne
Não li o livro, nem pretendo.
Concordo com você sobre feminismo e feminilidade.
Manoel Carlos
Esse assunto dá pano pras mangas!Podemos travar uma discussão longa sobre isso,
porém, aqui cabe dizer apenas que mais uma vez Tesco fez um comentário muito feliz e, que nem sempre percebemos a diferença entre feminino e feminista. Uma linha muito tenue deve estar entre os dois.
De toda, essa onda de feminismo dos anos 60 pra cá acabou não se tornando um bom negócio pra ninguém )exceto para o mercado de trabalho que teve a mão de obra "dobrada" pela inserção da mulher e, consequentemente, a queda de salários).
Para mulheres como eu, acho mesmo que foi um tiro no pé! rsrs.
Quando ao livro..realmente não faço questão de lê-lo. Sou meio ranzinza com isso.
Abraços pro Tesco.
Esquecemos que vivemos numa sociedade conquistada pela gerações anteriores, tanto pelo direitos e deveres, mas que o nosso trabalho não se trata apenas manter estes direitos e deveres, mas que temos de pensar no que pode ser revisto e melhorado...
Fique com Deus, menino Tesco.
Um abraço.
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