Já manifestei a opinião, não lembro se neste
blog ou no extinto Nós por Nós, que uma fase
da existência, a denominada velhice, cumpre
muito bem o seu papel, que é o de preparar a
pessoa para a morte.
Não é derrotismo, pessimismo, entreguismo,
fatalismo, morbidez ou qualquer coisa parecida,
como queiram denominar. É a pura realidade.
Por mais que não queiram, a morte faz parte
do ciclo biológico.
A velhice não é somente a decadência física,
as influências psicológicas também atuam
fortemente. Um ponto de vista em que se
pensa que “nada há mais para conquistar”,
por exemplo, é um incremento fabuloso na
decretação de um estado de velhice.
A desilusão e a descrença em valores morais
cultivados durante toda uma vida é outro fator
importante na determinação desta fase.
Mas o que pretendo ressaltar aqui é a
cristalização de conceitos, que rotulamos de
‘imexíveis’, mas que, como tudo mais na vida,
não permanecem imutáveis por tanto tempo
quanto pensamos.
No livro “A pílula vermelha” (em breve no
sortesco!), que é uma coletânea de ensaios
sobre a série de filmes “Matrix”, uma nota de
rodapé na página 163, lembra o seguinte:
“Morpheus diz que depois de certa idade a
mente é incapaz de aceitar a verdade e que,
por esse motivo eles não tentam resgatar
pessoas mais velhas”.
Ora, esta é uma opinião do personagem
Morpheus e seus seguidores, não existe esta
incapacidade como função exclusiva da idade,
mas é fato que, à medida que o tempo vai
avançando, vamos sedimentando os nossos
conceitos de tal modo que eles adquirem
consistência de rocha e se tornam, de fato,
imutáveis.
Atingir essa imutabilidade varia
enormemente de indivíduo para indivíduo.
Existem mesmo aqueles que nunca chegam
a um estágio desses, são ‘metamorfoses
ambulantes’, como diria (ou cantaria) o
Raul Seixas.
Acredito que, para mantermos nossa ‘sacola
de conceitos’ sempre fofinha, sempre material
‘fresquinho como tostines’, é fundamental
estarmos antenados com o mundo, com as
novidades que rolam por aí, sejam políticas,
tecnológicas, sociológicas, econômicas...
Seja o que for. Não, necessariamente,
concordar com elas, o importante é ficar
informado.
Nesta função, a internet presta um inestimável
serviço. Tem as características de informação,
entretenimento e cultura na velocidade
adequada ao nosso tempo. Isso revolve o solo
de nossa mente, tornando-a arejada e, talvez,
um pouco mais fértil.
Assim, nossa ‘capacidade de aceitar a verdade’
não fica tão diminuída com o passar do tempo,
pelo menos para aqueles que não se fixarem
somente no aspecto entretenimento da
internet. A variedade é grande, aproveitemos
esse mercado persa!
Abraço do tesco!
segunda-feira, 5 de abril de 2010
VELHICE
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6 comentários:
Opa, e que sempre surjam ferramentas, como a internet, pra desenferrujar nossos neurônios cacéticos, chacoalharem os nossos conceitos, né não?
Queria que o Lulinha (ou o Mano Menezes) tivesse "saído do armário" junto com o Ricky Martin, só pra abalar as estruturas (até porque o Ricky não foi assim muita surpresa) :-)
Envelhecer é mesmo uma preparação, creio nisso. Mas não sei se me preparo legal. viver é bão demais!
Em cima da terra e embaixo do céu!
Acho que receio a morte. Quero não.
Espero mesmo que net faça o 'trabalho" de manter nossas mentes ativas e com boa capacidade de análise.
E quanto a matrix, penso como alguns críticos: somos seres predeterminados ou não? (Deus joga dados com universo ou não?).
E, mesmo que eu faça uma escolha pra fugir disso, será que minha escolha "ja havia sido determinada"?
Se "Deus" joga dá as cartas é ruim, pois me torno marionete de um ser que batalho pra conhecer.
Se "Deus" não joga as cartas, tudo piora, pois me torna muito responsável por tudo! (é um piano pesado demais)
Então... se entrar nessas coisas é o mesmo que ler Clarice Lispector(existencial sempre)hei de preferir a leveza de Quintana!
E, como podem ver, estar envelhecendo é uma COISA que com a qual reluto e tendo ao conformismo, pois se não envelhecer hei de morrer rapidinho e isso não quero jamais!
(isso parece confissões de Clarice (eu ou ela - a Lispector) mas lá vai, envio a vocês.
Edu Ricky mostra que não está "velho" divulgando suas opções e opiniões, mas não mudar não é sintoma de velhice, não mudar, apesar de todas as evidências, aí é que começo a desconfiar._Abraço.
hiscla, Deus não joga dados, quem joga somos nós. Mas, ser responsável pelo próprio destino não é tão ruim assim, basta fazer as escolhas corretas (não afirmo que é fácil, afirmo que é possível).
Ruim mesmo é ficar "eternamente responsável pelo que se cativa". Rerré!_Beijos.
Tesco, existem momentos em que me pego com saudades de coisas que vivi e não tenho mais chance de reviver. Prá ser sincera, nem quero. O que me deixa um pouco mal é quando ouço algumas músicas. É apenas isso.
Ainda assim, posso dizer para você que a cada ano que passa eu me sinto mais feliz. Envelhecer é bom, mesmo sabendo que o corpo não é mais o mesmo e que estamos mais próximos da morte.
Beijotescas
Yvonne
Oi Tesco:
Velhice..preparação para a morte...sim, pode ser, mas...bom mesmo foi ver realmente como é o ato de morrer, bom, pelo menos acredito que tive esta experiência em campo mental, quando bebi o Vegetal (ayahuasca) pela primeira vez!...tive uma miração linda e inequecível do "o que é morrer"...no Peru até chamam esta miração de "a pequena morte"..coisa maravilhosa e que marcou minha vida para sempre.
Creio que quando passar pela morte verdadeira já não terei receio algum.
Abraço
Eraldo
Mas tesco, a morte é parte do ciclo da vida, mas não deveria ser nada tão bizarro pensar nela, contudo vivendo a vida...
Lembrei "pedra que rola não cria musgo" com a parte de não deixar sendimentar as idéias.
Fique com Deus, menino Tesco.
Um abraço.
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