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quinta-feira, 30 de julho de 2009

BONS MOMENTOS


Li o livro “Histórias para aquecer o coração dos
pais”, que aparece no Sortesco desta semana, e
uma das histórias me deixou um sentimento
de... digamos, inconformismo.

É uma história muito curta, por isso, posso
transcrevê-la integralmente para vocês.

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UMA NOVA PERSPECTIVA

Quando era criança, sempre podia contar com
meu pai para olhar as dificuldades sob outra
perspectiva, fosse uma perna quebrada ou um
coração partido. Anos depois, eu estava
arrasada, com uma série de problemas
pessoais. Precisando de ajuda e me sentindo
derrotada, gastei minhas últimas economias
numa viagem à Flórida par ver papai.
Na última noite de minha visita, estávamos na
ponta de um píer olhando o pôr-do-sol. Não
conseguia mais conter meu amargor.
- Sabe, papai, se pudéssemos juntar todos os
bons momentos da vida, não durariam 20
minutos.
- É – ele concordou.
Olhei-o, espantada. Ele ainda estava estudando
o sol que se punha no horizonte. Então, olhando
firmemente nos meus olhos, acrescentou
tranquilamente.
- São como tesouros, não são?

Sean Coxe
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- O que o deixou inconformado, tesco? Não
entendeu?

Claro que entendi! O pai transmite à filha a idéia
que, os bons momentos, embora sendo poucos
em relação a uma vida, devem ter preservada
sua lembrança como tesouros a serem visitados
rotineiramente; como faróis iluminando os
demais momentos da vida.

- E então? Qual é o problema?

O que me deixa inconformado é essa economia,
melhor dizendo, esse “pão-durismo” da Sean
Coxe, de achar que os bons momentos da vida
são muito curtos.

- Ué! E não são?

Bem, tudo é relativo, mas achar que os bons
momentos são tão curtos, equivale a achar que
os bons momentos de um relacionamento se
restringem unicamente ao orgasmo numa
relação sexual.

- Ah! São instantes ótimos! E duram pouco
mesmo.

Sim, mas alguns segundos (ou alguns minutos,
não sei da sensibilidade de todo mundo) não
refletem a sensação de bem estar consequente,
ou mesmo, o período anterior ao ato sexual.

- Antes? Mas antes é um período ruim, de muita
dúvida e ansiedade!

Não necessariamente. Você fala dos SEUS
sentimentos. Mas existe muita gente no mundo
mais tranqüila e serena que você. Além disso,
esse é somente um exemplo, não estou
resumindo a vida a um ato sexual. O que quero
dizer...

- Diga! Não faça rodeios!

Estou dizendo, não interrompa tanto! Esses
instantes de impacto são deveras necessários
para a memória, ela não consegue se ater a um
período longo, sem eventos impactantes.

- Vixe! Fale claro, homem.

Ahn... Uma boa recordação de períodos longos
é resumida pela memória a um acontecimento
mais marcante, entendeu?

- Ah, sim. Período longo é como uma estrada
sem marcos quilométricos, né?

Isso! Analogia perfeita! Você não é tão burro
quanto eu pensei. Opa! Desculpe. Escapuliu.

- Tá. Dessa vez passa.

Sem marcos quilométricos, uma estrada pode
nos dar a impressão de andarmos muito sem ter
progredido nada. E se a paisagem for monótona,
temos a tendência de resumir um longo tempo a
um período de poucas lembranças. Isso é
arquivado na memória como um “tempo
perdido”.

Mas pode não ter havido perda de tempo, quem
passou cinco horas dormindo numa viagem, não
perdeu tempo. Pelo contrário, se houve um sono
tranquilo, foram bons momentos. A mentalidade,
mormente norte-americana, de que ‘tempo é
dinheiro’, é que nos causa essa paranóia, essa
ansiedade de fatos marcantes.

Passar a tarde ao lado de um ente querido,
olhando verdes vales, com regatos cristalinos no
fundo deles (para uns), ou passar a tarde numa
mesa de bar, bebendo cerveja com amigos e
jogando conversa fora, (para outros), não serão
bons momentos?

Sentados à beira do mar, à noite, olhando as
estrelas, e ele nomeia pra ela (ou ela pra ele) as
diferentes constelações, não são bons
momentos?

Estar na ponta de um píer com o pai, olhando o
pôr-do-sol, como é relatado no caso-tema, não é
um bom momento?

Nesse caso citado, a conversa foi marcada por
uma reflexão positiva (embora se trate de uma
pergunta), mas se não fosse, deixaria de ser um
bom momento por causa disso?

Na verdade, a vida é feita de bons momentos, e
os poucos maus momentos que acontecem, nós
os fazemos crescer, assoberbarem-se, e
obscurecer todo o conjunto. É como, ao olhar
uma tela branca, de 30 metros quadrados,
observarmos um pequeno borrão negro, e
dizermos que a tela é uma mancha escura!

Não, o diabo não é tão feio quanto se pinta!

- Diabo? Você fala de Satanás, da resenha
abaixo?

Ai, meu Deus! Os maus momentos
acontecem mesmo...

Abraço do tesco!


5 comentários:

Edu e Mau disse...

Suas reflexões proporcionam muitos momentos bons duradouros, meu amigo.

Anônimo disse...

Tesco, eu li esse livro e adorei mesmo. Quanto a essa crônica, confesso que não me recordei dela, mas achei os seus comentários simplesmente maravilhosos.
Beijocas
Yvonne

hiscla disse...

Tesco...Qual a relação com ato sexual? Não entendi bem!
Existem momentos bons demais e que nada tem a ver com ato sexual.
Como você sabe, momentos de extrema paz e tranqüilidade são maravilhosos, muitos superam o ato sexual.
Afinal, ter prazer na vida é so uma questão de perspectiva, não?
Depende muito do faz dos momentos, de como ve os momentos.
Eu, por exemplo, tenho trocado qualquer coisa para ler 'Moll Flandres". Não tenho tido prazer maior que este.
Entende né?
beijos meus pra vc.
rsrs

tesco disse...

Você deve ter tido um dia cansativo, Hiscla, e ter pulado alguma coisa na leitura desse parágrafo: "...achar que os bons momentos são tão curtos, equivale a achar que os bons momentos de um relacionamento se restringem unicamente ao orgasmo...". Seu comentário, no entanto, exprime concordância ao que eu disse: Os bons momentos são maioria na vida! _Beijos.

hiscla disse...

AF...pode ser que me engano sim.né? mas tudo bem, perco essa pra vc de bom grado.
cla