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sábado, 13 de julho de 2019

POLÍTICO "É TUDO IGUAL"?


Eis um trecho do livro A verdade vencerá", que é uma 
entrevista dada por Lula, em março de 2018, aos 
entrevistadores Ivana Jinkings, Juca Kfouri, Maria Inês 
Nassif e Gilberto Maringoni, e publicada em livro pela 
Boitempo Editorial, sob coordenação da Ivana Jinkings, 
diretora da Boitempo. 

É uma pequena amostra da entrevista (não pedi licença 
à Editora), para que avaliem o tipo de homem que estamos 
(o Brasil está!) mantendo encarcerado, sem nenhum crime 
especificado, apenas por motivos políticos!  

Recomendo a aquisição deste livro e sua leitura imediata. 
É a melhor descrição dos tempos históricos vividos até a 
data da entrevista. 

Lula diz: 

"É chata pra cacete a tal liturgia. 
Na verdade, tentei quebrar isso. 
Por exemplo, quando o Bush foi ao Torto almoçar. 
A liturgia dos dois lados, a segurança dizendo não isso, 
não aquilo. 
E tinha a famosa churrasqueira do Guinness Book, do 
Figueiredo, de uns 12 metros de comprimento, você 
colocava uma fazenda inteira lá dentro [risos] assando 
e todo mundo que ia lá, Fidel, Chávez, a todos eles eu 
ofereci churrasco, que é comida nossa, gostosa. 

Então, o Bush foi lá, um esquema de segurança da porra. 
Quando fomos juntos a Guarulhos, fecharam a marginal do 
Tietê, um absurdo; é tudo feito pra valorizar o esquema de 
segurança. Se alguém queria matá-lo no Iraque, tudo bem, 
mas aqui no Brasil era capaz de ele passar num bar pra 
tomar cachaça e não ser reconhecido. 
É que, como a imprensa brasileira puxa o saco com esse 
complexo de vira-lata, ele aparece mais na televisão do 
que os presidentes da região, então talvez ele fosse 
reconhecido, vá lá... 

Voltando ao churrasco: a segurança vem e diz que não 
podia ter faca. Mas agora me diz: como é possível ter 
churrasco sem faca? [risos]. A primeira coisa que o Bush 
fez, na hora que ele entrou com a esposa dele (eu estava 
lá esperando com a Marisa), foi dizer: “Me empresta essa 
faca aí que eu quero um pedaço dessa carne”. Ele pegou 
a faca, partiu a carne e devolveu para o churrasqueiro. 
Aí fica todo mundo com cara de bunda [risos]. 

A mulher do Hu Jintao foi jantar em casa. Era pra você 
mostrar uma deferência, um carinho, e o Hu Jintao era 
um cara todo formal; pra falar “bom dia”, ele lia [risos]. 
E o Celso Amorim ficava incomodado porque eu não sei 
falar com as pessoas sem tocar [nelas], não sei conversar 
sem tocar, é meu jeito. E a mulher do Hu Jintao é toda 
doentinha, tem muito cuidado com a comida... Chega lá, 
um feijão-tropeiro, uma carne assada enorme: aquela 
mulher sarou de tanto que comeu! [Risos.] E tem a 
recompensa. Quando fui à China [em 2009], ele me 
colocou numa casa dentro de um parque... 
Nem em filme da Disney eles conseguiriam inventar uma 
casa maravilhosa como aquela. E fomos jantar os dois 
casais. 

Então, tem as compensações. E assim fui tratando as 
pessoas, fazendo amizade. Eu não tinha preconceito se 
o cara era de direita ou de esquerda. Pra mim, o cara era 
chefe de Estado, de outro país, está no Brasil, tenho de 
tratá-lo com dignidade, quero tratá-lo com muito cuidado 
para ser tratado por ele como eu o tratei quando nos 
encontrarmos no país dele. Trabalhei isso com muita 
paixão, com muito carinho, às vezes cuidava como se 
fosse meu filho. 

Eu era presidente, e o Evo Morales estava lá, concorrendo, 
era o “cocalero”. E ele [com entonação espanhola]: 
“Presidente Lula, hermano mayor – ele me chamava de 
hermano mayor –, como trato meus adversários?”. 
E eu dizia: 
“Trate como você quer ser tratado. 
Você quer ser respeitado? Então respeite”. 
Porque a política não exige grosseria. 
Você tem que ser duro, mas com finesse. 
Porque você não precisa ficar chamando o outro de 
canalha, ladrão, bandido." 

   ~~~~~   ~~~  

Aí, amigos, uma pálida imagem do que é Lula. 
Representa muito, muitíssimo para o Brasil. 
Até quando deixaremos prosseguir uma injustiça 
tão flagrante? 

Parece o conto de Kafka sendo materializado: 

Seremos todos uns Gregor Samsa?  
Na espera que esse pesadelo termine,

abraço do tesco. 

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