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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

A DOR

A DOR

Vi a Dor caminhando em negra estrada, 
Qual megera da sombra, em noite escura, 
E perguntei, ralado de amargura: 
“-Por que nasceste, bruxa desvairada?” 

“Por que ostentas a espada estranha e dura, 
Sobre o seio da vida atormentada, 
Reduzindo à miséria, cinza e nada 
Todo sonho de paz e de ventura?” 

Mas a Dor respondeu: -“Cala-te, amigo! 
Na torturada senda em que prossigo, 
O veneno do mal morre infecundo. 

Sem meu gládio que salva, pouco a pouco, 
O homem padeceria cego e louco 
Em tenebrosos cárceres do mundo!...” 

Antero de Quental
("Através do tempo", psicografia Chico Xavier) 

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