No livro "Historia do Brasil para quem tem pressa", do
professor e Historiador Marco Costa, encontramos uma
análise sucinta, porém bem interessante, do tempestuoso
período da História do Brasil que precede o golpe militar
de 1964.
UMA CONSPIRAÇÃO
"João Goulart estava atravessado na garganta da elite
brasileira como uma espinha."
"Visto agora, passados 60 anos, é possível inferir que, da
forma que se deu, a renúncia de Jânio foi uma conspiração.
A viagem de uma comitiva brasileira para países comunistas,
como China e União Soviética, encabeçada por João Goulart,
foi a gota-d’água para os opositores no Brasil.
Na natureza, nada acontece de acordo com a vontade dos
homens. Já na história, tudo acontece pela vontade deles.
Somos nós que fazemos a história. Desse modo, a renúncia
de Jânio Quadros aconteceu não “enquanto” Jango estava em
viagem aos países comunistas, mas “porque” Jango estava
em viagem aos países comunistas.
Ao mesmo tempo que a comitiva seguia seu périplo, no Brasil,
Jânio Quadros era colocado contra a parede. Então, em 25 de
agosto de 1961, Jânio renuncia.
O primeiro passo estava dado.
Para os militares, era importante que a renúncia de Jânio
ocorresse no período da viagem de João Goulart. Na ausência
do vice-presidente, que constitucionalmente deveria assumir
o posto, quem assumiu foi o presidente da Câmara dos
Deputados, Ranieri Mazzilli.
O segundo passo também estava dado em direção ao golpe.
Não tenha dúvidas, embora não haja documentos, de que tudo
estava milimetricamente articulado.
Os militares e as elites econômicas estavam esperando
apenas a oportunidade, e ela surgiu no momento em que se
começou a articular a viagem de João Goulart ao Leste
Europeu e à China.
Assim que o vice-presidente colocou os pés fora do país, a
conspiração deslanchou. Contudo, o golpe militar só não se
consumou porque surgiu entre os militares uma dissidência.
No Rio Grande do Sul, surge uma resistência civil e militar ao
golpe — João Goulart era gaúcho —, a chamada Campanha
da Legalidade, encabeçada pelo então governador Leonel
Brizola. Diante do impasse, decidiu-se que João Goulart só
poderia assumir o poder se o regime de governo fosse alterado
de presidencialismo para parlamentarismo. Em 2 de setembro
de 1961, foi implantado o regime parlamentarista no Brasil,
tendo como presidente da República João Goulart e como
primeiro-ministro Tancredo Neves. Só assim os militares
consentiram o retorno de Jango.
Em janeiro de 1963, no entanto, por meio de um plebiscito,
João Goulart consegue fazer passar a volta do modelo
presidencialista, sendo extinta, portanto, a figura do primeiro-
ministro. Com plenos poderes, João Goulart parte para o
ataque. Do outro lado, os militares, derrotados, conspiravam."
* * *
Infelizmente, nosso atual presidente golpista (e "ex vice-
presidente") esteve na China recentemente, e não aconteceu
nada! Ele está do "lado certo".
Esse "rapaz" continua atravessado na garganta do povo
brasileiro, mas não da "elite".
Abraço do tesco.
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