Dizem sim e, por vezes, as paredes emitem sábios conselhos.
É o que se lê em "O livro dos abraços", de Eduardo Galeano.
Se não acreditam, vejam um exemplo do que ele coletou,
em suas andanças pelas Américas:
"Em Montevidéu, no bairro Braço Oriental:
Estamos aqui sentados, vendo como matam os nossos sonhos.
E, no cais na frente do porto de Buceo, em Montevidéu:
Bagre velho: não se pode viver com medo a vida inteira.
Em letras vermelhas, ao longo de um quarteirão inteiro
da avenida Cólon, em Quito:
E se nos juntarmos para dar um chute nesta grande bolha
cinzenta?"
Pode ser apenas coincidência, mas são advertências que
se adequam perfeitamente ao momento pelo qual o Brasil
está passando.
E, infelizmente, estamos nos comportando como o
"bagre velho" da citaçao!
Abraço do tesco.
domingo, 30 de julho de 2017
RECESSO DO SORTESCO
Os sortescos sofrerão um recesso temporário, devido a
despesas financeiras inprevistas.
Não ocorre falta de livos ou CD's para sorteio, mas não é
coerente arranjar encargos futuros enquanto cada centavo
torna-se necessário, né?
O sortesco retornará assim que o orçamento esteja
requilibrado, o que espero ocorrer em dois meses.
Abraço do tesco.
despesas financeiras inprevistas.
Não ocorre falta de livos ou CD's para sorteio, mas não é
coerente arranjar encargos futuros enquanto cada centavo
torna-se necessário, né?
O sortesco retornará assim que o orçamento esteja
requilibrado, o que espero ocorrer em dois meses.
Abraço do tesco.
sábado, 29 de julho de 2017
SORTESCO 406 - RESULTADO
(Bala perdida / Minha formação)
A dezena sorteada hoje foi 41,
a opção vencedora é de:
a opção vencedora é de:
ÉRIKA!
Parabéns!
Parabéns!
A DESMEMÓRIA_4
"Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no
centro da cidade, ao redor do edifício mais alto do mundo.
Chicago está cheia de fábricas,
Chicago está cheia de operários.
Ao chegar ao bairro de Hey market, peço aos meus amigos
que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886,
aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro
de maio.
— Deve ser por aqui — me dizem. Mas ninguém sabe.
Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires
de Chicago na cidade de Chicago.
Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.
O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal
da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas
as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as
religiões e as culturas do mundo;
mas nos Estados Unidos, o Primeiro de maio
é um dia como qualquer outro.
Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente,
e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os
direitos da classe operária não brotaram do vento,
ou da mão de Deus ou do amo.
Após a inútil exploração de Hey market, meus amigos
me levam para conhecer a melhor livraria da cidade.
E lá, por pura curiosidade, por pura casualidade, descubro
um velho cartaz que está como que esperando por mim,
metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.
O cartaz reproduz um provérbio da África:
Até que os leões tenham seus próprios historiadores,
as histórias de caçadas continuarão glorifícando o caçador."
* * *
Extraído de "O livro dos abraços". de Eduardo Galeano.
Abraço do tesco.
centro da cidade, ao redor do edifício mais alto do mundo.
Chicago está cheia de fábricas,
Chicago está cheia de operários.
Ao chegar ao bairro de Hey market, peço aos meus amigos
que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886,
aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro
de maio.
— Deve ser por aqui — me dizem. Mas ninguém sabe.
Não foi erguida nenhuma estátua em memória dos mártires
de Chicago na cidade de Chicago.
Nem estátua, nem monolito, nem placa de bronze, nem nada.
O primeiro de maio é o único dia verdadeiramente universal
da humanidade inteira, o único dia no qual coincidem todas
as histórias e todas as geografias, todas as línguas e as
religiões e as culturas do mundo;
mas nos Estados Unidos, o Primeiro de maio
é um dia como qualquer outro.
Nesse dia, as pessoas trabalham normalmente,
e ninguém, ou quase ninguém, recorda que os
direitos da classe operária não brotaram do vento,
ou da mão de Deus ou do amo.
Após a inútil exploração de Hey market, meus amigos
me levam para conhecer a melhor livraria da cidade.
E lá, por pura curiosidade, por pura casualidade, descubro
um velho cartaz que está como que esperando por mim,
metido entre muitos outros cartazes de música, rock e cinema.
O cartaz reproduz um provérbio da África:
Até que os leões tenham seus próprios historiadores,
as histórias de caçadas continuarão glorifícando o caçador."
* * *
Extraído de "O livro dos abraços". de Eduardo Galeano.
Abraço do tesco.
quinta-feira, 27 de julho de 2017
SORTESCO D 51
CD CLAUDONOR GERMANO
série 20 SUPER SUCESSOS vol. 1
"Tu não te lembras da casinha pequenina...", ê frevinho bom!
Com o mais tradicional intérprete de frevos canção, esse disco
nos remete aos carnavais do passado, quando os frevos de
Capiba e Nélson Ferreira imperavam sem dúvida alguma. Tem
pouco mais de uma hora pra nos fazer reviver os tempos da
infância ouvido frevo. As faixas são:
01. Chego Já
02. Elefante de Olinda
03. Pot-Pourri: Oh Júlia / Casinha Pequenina /
Gosto de Te Ver Cantando /
Linda Flor da Madrugada (5:41)
04. Oh! Que Frevo Bom
05. Frevo do Cordão Azul
06. Queimando a Massa
07. Frevo das Meninas
08. Estação da Luz
09. Tá Maluco
10. Mulher Bonita
11. Pot-Pourri: Segure no Meu Braço /
Que Será de Nós / Já Vi Tudo (5:17)
12. Lua Grande
13. Pela Ribeira
14. Pot-Pourri: Chora Palhaço / Sorri Pierrot /
Cabeça Branca / Evocação Nº 1 (4:41)
15. Capiba
16. Pot-Pourri: Quando Se Vai um Amor /
Você Faz Que Não Sabe / Deixa o Homem Se Virar /
A Pisada É Essa / Vamos pra Casa de Noca (5:52)
17. Pot-Pourri: Saudade / Recife /
Saudade de Pernambuco / Voltei Recife (4:40)
18. Isso Aqui Tá Bom
19. Pelas Ruas de Olinda
20. Pot-Pourri: Boneca / Ingratidão /
Você Gostou de Mim / O Teu Cabelo Não Nega (4:39)
CD MOREIRA DA SILVA
série A ARTE DE...
O maior expoente do samba de breque de todos os tempos,
Moreira cunhou um estilo todo particular, com a interpretação
magistral da temática do malandro, da favela e do povo pobre
que, rotineiramente, é alvo preferido na atuação da polícia.
Eis as farxas:
01. Rei Do Gatilho
02. Tira Os Óculos E Recolhe O Homen
03. Amigo Urso
04. Plantel
05. Na Subida Do Morro
06. Rainha Da Pérsia
07. Chave De Cadeia
08. Amigo Desleal
09. Filmando Na América
10. Só Vou De Gíria
11. Fui Á Paris
12. Morenguera Contra 007
13. Piston De Gafieira
14. Acertei No Milhar
15. A Nega Da Gafieira
16. Idade Não É Documento
17. De Como O Nego Doido Ficou Na Bronca
18. O Último Dos Mohicanos
19. Gago Apaixonado
20, A Resposta Do Amigo Urso
CD WALDIR AZEVEDO
série O TALENTO DE...
Notável virtuose do cavaquinho, Waldir é o compositor do mais
emblematico dos chorinhos, que é "Brasileirinho", do chorinho
mais bonito, "Pedacinho do céu" e do baião que tem mais cara
de choro de que menno pedindo sorvete, "Delicado". Por sinal,
os três fazem parte deste CD. Confira as faixas:
01 Brasileirinho
02 Pedacinho Do Céu
03 Delicado
04 Prelúdio Pra Ninar Gente Grande
05 Asa Branca
06 Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda
07 Kalu
08 Lamentos
09 Atrevido
10 Ave Maria
11 Mulher Rendeira
12 Naquele Tempo
13 Menino Do Braçanã
14 A Saudade Mata A Gente
INSCREVA-SE ASSIM:
Escolha apenas UMA dezena, AINDA DISPONÍVEL,
entre 00 e 99, e indique sua escolha nos comentários.
Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio.
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 02/08/2017.
(ou data indicada pela Caixa).
série 20 SUPER SUCESSOS vol. 1
"Tu não te lembras da casinha pequenina...", ê frevinho bom!
Com o mais tradicional intérprete de frevos canção, esse disco
nos remete aos carnavais do passado, quando os frevos de
Capiba e Nélson Ferreira imperavam sem dúvida alguma. Tem
pouco mais de uma hora pra nos fazer reviver os tempos da
infância ouvido frevo. As faixas são:
01. Chego Já
02. Elefante de Olinda
03. Pot-Pourri: Oh Júlia / Casinha Pequenina /
Gosto de Te Ver Cantando /
Linda Flor da Madrugada (5:41)
04. Oh! Que Frevo Bom
05. Frevo do Cordão Azul
06. Queimando a Massa
07. Frevo das Meninas
08. Estação da Luz
09. Tá Maluco
10. Mulher Bonita
11. Pot-Pourri: Segure no Meu Braço /
Que Será de Nós / Já Vi Tudo (5:17)
12. Lua Grande
13. Pela Ribeira
14. Pot-Pourri: Chora Palhaço / Sorri Pierrot /
Cabeça Branca / Evocação Nº 1 (4:41)
15. Capiba
16. Pot-Pourri: Quando Se Vai um Amor /
Você Faz Que Não Sabe / Deixa o Homem Se Virar /
A Pisada É Essa / Vamos pra Casa de Noca (5:52)
17. Pot-Pourri: Saudade / Recife /
Saudade de Pernambuco / Voltei Recife (4:40)
18. Isso Aqui Tá Bom
19. Pelas Ruas de Olinda
20. Pot-Pourri: Boneca / Ingratidão /
Você Gostou de Mim / O Teu Cabelo Não Nega (4:39)
CD MOREIRA DA SILVA
série A ARTE DE...
O maior expoente do samba de breque de todos os tempos,
Moreira cunhou um estilo todo particular, com a interpretação
magistral da temática do malandro, da favela e do povo pobre
que, rotineiramente, é alvo preferido na atuação da polícia.
Eis as farxas:
01. Rei Do Gatilho
02. Tira Os Óculos E Recolhe O Homen
03. Amigo Urso
04. Plantel
05. Na Subida Do Morro
06. Rainha Da Pérsia
07. Chave De Cadeia
08. Amigo Desleal
09. Filmando Na América
10. Só Vou De Gíria
11. Fui Á Paris
12. Morenguera Contra 007
13. Piston De Gafieira
14. Acertei No Milhar
15. A Nega Da Gafieira
16. Idade Não É Documento
17. De Como O Nego Doido Ficou Na Bronca
18. O Último Dos Mohicanos
19. Gago Apaixonado
20, A Resposta Do Amigo Urso
CD WALDIR AZEVEDO
série O TALENTO DE...
Notável virtuose do cavaquinho, Waldir é o compositor do mais
emblematico dos chorinhos, que é "Brasileirinho", do chorinho
mais bonito, "Pedacinho do céu" e do baião que tem mais cara
de choro de que menno pedindo sorvete, "Delicado". Por sinal,
os três fazem parte deste CD. Confira as faixas:
01 Brasileirinho
02 Pedacinho Do Céu
03 Delicado
04 Prelúdio Pra Ninar Gente Grande
05 Asa Branca
06 Eu Sonhei Que Tu Estavas Tão Linda
07 Kalu
08 Lamentos
09 Atrevido
10 Ave Maria
11 Mulher Rendeira
12 Naquele Tempo
13 Menino Do Braçanã
14 A Saudade Mata A Gente
INSCREVA-SE ASSIM:
Escolha apenas UMA dezena, AINDA DISPONÍVEL,
entre 00 e 99, e indique sua escolha nos comentários.
Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio.
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 02/08/2017.
(ou data indicada pela Caixa).
quarta-feira, 26 de julho de 2017
SORTESCO D 50 - RESULTADO
(Bienvenido Granda / Hits Brasil /Saint-Preux)
A dezena sorteada hoje foi 42,
a opção vencedora é de:
MANOEL CARLOS!
Parabéns!
Parabéns!
segunda-feira, 24 de julho de 2017
LIVRANDO A CARA DA POLÍCIA
Um dos textos de "Bala perdida". É longo para os padrões
da página, mas é deveras pertinente:
É uma covardia. Dotada de imensa assessoria de imprensa, a
da página, mas é deveras pertinente:
Os mecanismos midiáticos
que livram a cara dos crimes
das polícias militares no Brasil
que livram a cara dos crimes
das polícias militares no Brasil
Laura Capriglione
"O estado de São Paulo tem um personagem inconveniente,
insuportável mesmo. É uma mulher, espécie de maluca, dessas
que aparecem nas horas erradas, chamam atenção para si,
choram, carregam cartazes, brigam, falam alto.
Chama-se Débora Maria da Silva, que ficou desse jeito desde que
seu filho foi assassinado por homens encapuzados durante o
revide policial aos ataques da organização criminosa PCC
(Primeiro Comando da Capital), em maio de 2006.
Na ocasião, um verdadeiro massacre foi cometido no estado. Em
apenas dez dias, entre 12 e 21 de maio de 2006, caíram mortos
505 civis, assassinados em supostos confrontos com a polícia,
executados sumariamente por soldados da PM ou vitimados por
grupos de encapuzados. No mesmo período, 59 agentes públicos
foram mortos naquilo que consistiu a principal ação do PCC
contra o aparelho do Estado. Segundo o sociólogo Ignácio Cano,
do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual
do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual
do Rio de Janeiro, um dado esclarecedor sobre as motivações da
morte de tantos civis (a dos agentes públicos, afinal, já se sabia
a mando de quem havia sido realizada) reside na cronologia
dos
fatos.
Enquanto os agentes públicos foram mortos nos dias 12 e 13, os
civis foram assassinados, fundamentalmente, entre os dias 14 e
17. Disse Cano em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo:
“Esse quadro reforça a suspeita de que houve uma represália às
ações do PCC, uma vez que a maior parte dos civis morreu nos
dias seguintes”.
O filho de Débora, Édson Rogério da Silva, foi um desses 505
civis. Morreu na Baixada Santista, para integrar as estatísticas
do matadouro em que se transformou o estado de São Paulo.
E seria
apenas isto: mais um sujeito preto, pobre e favelado a
a engrossar as análises frias dos trabalhos acadêmicos e as
páginas policiais de jornais e revistas.
páginas policiais de jornais e revistas.
Devastada pela dor da perda do filho, Débora chegou a dormir no
cemitério onde ele se encontra enterrado, em Santos. E, então,
levantou-se para fazer a voz dele reviver na sua própria. Fundou
a organização Mães de Maio para cobrar a responsabilidade do
Estado no assassinato e no desaparecimento de moradores das
periferias pobres.
O nome Mães de Maio parece ecoar o de outro movimento contra
massacres cometidos pelo Estado, o Mães da Praça de Maio, que
age contra os crimes da ditadura militar argentina. Também
essas mães eram inconvenientes, intransigentes, insuportáveis.
E, por isso, eram chamadas de “las locas de la plaza de Mayo”.
Mas elas mudaram a história. E é isso o que Débora também quer
em sua incansável militância diária.
A dor de Débora fez dela a maior referência dos milhares de pais
e mães que, desde 2006, perderam seus filhos devido à ação da
Polícia Militar. Assim, o movimento Mães de Maio começou a
juntar também mães de outros meses, de 2007, 2008, 2009, até
hoje. E não para de crescer, porque a polícia nunca cessou de
tratar os pretos pobres, moradores das periferias, como
“suspeitos padrão”.
Débora exige apuração dos crimes. Mostra o rosto devastado
dos pais chorando a morte dos filhos. Dá nome e sobrenome
às vítimas. Cobra ação da Justiça.
às vítimas. Cobra ação da Justiça.
Denuncia a reação anestésica da mídia tradicional. Escracha os
programas sensacionalistas, que vivem de incitar a população
à prática da vingança de sangue. Débora incomoda porque
desnuda a violência estatal, uma violência bifronte que se
apóia em duas lógicas distintas, mas complementares:
1) a lógica policial militar, que entende os cidadãos negros,
pobres e periféricos como inimigos potenciais do Estado que
os exclui;
2) a lógica da violência simbólica, operada principalmente pela
mídia tradicional, que desumaniza e criminaliza as vítimas,
atuando como salvo-conduto para a prática da violência policial.
Senão, vejamos: o exercício racista da violência do Estado
brasileiro é de fazer inveja ao mais racista entre os policiais de
Baltimore, nos Estados Unidos, onde uma onda de rebeliões
negras em 2015 tem denunciado a covardia dos agentes
públicos, matando e torturando cidadãos afrodescendentes
como se nem humanos fossem.
Pois a PM de São Paulo matou 10.152 pessoas entre julho de
1995 e abril de 2014. Entre 2008 e 2012, foram 9,5 vezes mais do
que todas as polícias dos Estados Unidos. Enquanto os Estados
Unidos registraram 0,63 morte a cada 100 mil habitantes, em
São Paulo o índice foi de 5,87 no mesmo período.
A maioria era de moradores das periferias pobres, negros ou
pardos. Apesar disso, enquanto os Estados Unidos assistem a
um processo de indignação e protestos pelas mortes decorrentes
de ação policial, inclusive com homenagens a todos os negros
mortos pela polícia nos últimos meses (Michael Brown, Tamir
Rice e Eric Garner, entre outros), no Brasil opera-se uma espécie
de anestesia da sensibilidade social, da qual só agora
começamos a sair.
Como aconteceu essa dessensibilização, a ponto de nenhum
horror terem causado as mortes de 505 civis em um único estado
da Federação em apenas dez dias?
Como se desligaram os sensores humanos da tragédia social,
quando milhares de pessoas são vítimas de um Estado
ultraviolento e intrinsecamente racista?
Um dos mecanismos opera pelo registro da invisibilidade do
outro, dos outros, dos que não moram em Higienópolis, nos
Jardins, no Leblon ou em Ipanema. A tragédia do filho morto no
Capão Redondo ou no Alemão vira registro. Em Ipanema ou nos
Jardins, é matéria de capa. A invisibilidade da realidade da
periferia é parte do mecanismo que permite a supressão de
direitos.
Só reivindica direitos quem é visível no campo do debate
democrático. Tornar invisíveis os problemas vividos pelos
moradores da periferia é uma forma de eludir suas
reivindicações.
Explica-se: quando foi assassinado pela polícia o publicitário
Ricardo Prudente de Aquino, em julho de 2012, depois de
ultrapassar uma barreira policial em Alto de Pinheiros, um dos
bairros mais ricos de São Paulo, fizeram-se manifestações e
protestos, amigos vestidos de branco, rosas nas mãos, missa
na igreja Nossa Senhora do Brasil – a mesma dos casamentos
da elite paulistana. Repórteres de toda a imprensa presentes.
Ricardo era uma exceção branca num monte de cadáveres
negros e pobres. No mesmo mês, a polícia matara um jovem
segurança morador do fundão da Zona Sul da cidade.
A justificativa foi tê-lo confundido com um bandido.
Como aconteceu no bairro rico, mãe, pai, amigos e colegas de
trabalho desfilaram pelas ruas da periferia, com camisetas
brancas e rosas nas mãos. Mas a mãe já sabia: “Protesto por
assassinato de pobre não aparece no jornal”. Não apareceu
mesmo. Foi noticiado apenas como “registro”, ou nota curta,
sem foto.
Em certo sentido, isso se deve ao paroquialismo dos jornais,
com jornalistas cobrindo preferencialmente suas vizinhanças,
seu próprio espaço vital, onde circulam seus amigos e seus
familiares. É também porque os bairros ricos e de classe média
concentram o leitorado dos jornais, a clientela direta. Por fim,
tem a ver com a adesão ao projeto político tucano, que
hegemoniza a política paulista há vinte anos. O governador
do estado é o chefe da Secretaria de Segurança Pública.
Outro mecanismo acontece pela manipulação da narrativa.
O assassinato de um jovem trabalhador pela polícia é
apresentado como “confronto”. A vítima, criminalizada, é
invariavelmente acusada de ser traficante, de ter resistido à
prisão, de estar armada, versão que a mídia tradicional
retransmite docilmente e, na maioria dos casos, sem checar.
É uma covardia. Dotada de imensa assessoria de imprensa, a
Polícia Militar e a Secretaria de Segurança Pública fabricam
suas “verdades” contra famílias pobres, desassistidas e
desesperadas pela dor e pelo medo, muitas vezes ameaçadas
caso ousem falar.
caso ousem falar.
Uma das maiores violências cometidas contra a família dos
jovens assassinados pela Polícia Militar e contra a própria
memória das vítimas reside em sua criminalização póstuma.
Já entrevistei dezenas de pais e mães de vítimas como forma de
documentar a violência policial, e a primeira coisa que a maioria
deles faz é apresentar a carteira de trabalho do filho morto. Uma
dessas mães mostrou-me a carta de condolências que o gerente
da loja McDonald’s em que o filho trabalhava mandou-lhe depois
do assassinato do menino por dois policiais militares fora de
serviço. A carta dizia que o jovem era um funcionário exemplar.
No enterro do jovem, colegas de escola e de emprego fizeram
questão de estar presentes, em solidariedade. Para a poderosa
assessoria de imprensa da polícia, entretanto, ele era apenas um
ladrão. Nos jornais, a autoridade policial apareceu dizendo que
o rapaz havia assaltado um supermercado e depois resistido –
armado – à ordem de prisão. Estava “justificada” a morte.
A mãe “foi procurada, mas não foi encontrada” figura, como
sempre, a justificativa para a falta do chamado “outro lado”.
E o menino virou bandido, algo que lança o estigma do crime
sobre a memória dele e sobre toda a sua família.
Outro recurso narrativo a favorecer a culpabilização da vítima
consiste na extração do jovem morto de qualquer contexto
afetivo, familiar, de vizinhança.
O resultado do processo é ele ser reduzido à condição de
“bandido absoluto”. Na maior parte das vezes, nem nome o
morto possui nos registros dos jornais.
O caso do pedreiro Amarildo é exemplar da atuação desse
mecanismo, usado no piloto automático pela mídia tradicional.
Ao mesmo tempo, trata-se de um marco a mostrar a potência das
contranarrativas geradas nas redes sociais por comunidades e
movimentos por direitos humanos.
O pedreiro Amarildo foi preso, torturado e morto pela Polícia
Militar do Rio de Janeiro no dia 14 de julho de 2013. Os jornais
tradicionais, fiéis às assessorias de imprensa da polícia,
apressaram-se em veicular a versão de que ele seria um
traficante ou um prototraficante e que seu desaparecimento
decorreria de acertos entre bandidos.
Foi graças à troca de mensagens, torpedos e à campanha “Onde
está o Amarildo?”, iniciada nas redes sociais, especialmente no
Facebook, com o apoio de movimentos como o Mães de Maio (da
inconveniente Débora) e da Rede de Comunidades e Movimentos
contra a Violência, que Amarildo tornou-se pedreiro e resgatou,
post mortem, sua humanidade.
Assim, descobriu-se que ele, que tinha o apelido de “Boi”, era
casado com a dona de casa Elizabeth Gomes da Silva e pai de
seis filhos, com quem dividia um barraco de um único cômodo.
Os jornais tradicionais – sob o risco da desmoralização – foram
obrigados a ir atrás da verdadeira história do pedreiro
assassinado.
Por fim, linha auxiliar importantíssima na manipulação, na
justificação e no incentivo da violência policial, estão os
programas sensacionalistas vespertinos, que têm entre suas
maiores estrelas os apresentadores Marcelo Rezende e José
Luiz Datena. [artigo esqcrito em 2015]
Segundo o tenente-coronel da reserva da Polícia Militar de
São Paulo Adilson Paes de Souza, esses programas enaltecem
a associação de “truculência e arbitrariedade policial com o
exercício de autoridade”. Segundo ele, alimentam ainda mais
essa violência porque são consumidos avidamente nos quartéis.
“O efeito terapêutico dessas falas nos policiais militares é
terrível”, moldando sua ação violenta e justificando-a.
Hoje, o Brasil começa a mostrar a potência das contranarrativas
feitas em rede e, como acontece nos Estados Unidos,
multiplicam-se os registros em vídeo das violências cometidas
por PMs, os quais viralizam pela internet; temos vítimas com
nome e sobrenome, com história, com família, com luto, com
carteira de trabalho.
Temos vítimas que são objeto de saudades. Graças à ativa
entrada dos pobres nas redes sociais, começam a ser
desmontadas as mentiras veiculadas pelas assessorias de
imprensa das polícias em conluio com uma imprensa
desqualificada e adepta de soluções fáceis e apurações
“por telefone”.
Esse é o caminho e o legado deixados pelas tantas mortes de
Amarildos, Cláudias, Douglas, Eduardos de Jesus. “Nossos
mortos têm voz”, dizem as Mães de Maio. Cada vez mais."
============
(in "Bala perdida", org. B. Kucinski, 2015)
Abraço do tesco.
Abraço do tesco.
domingo, 23 de julho de 2017
SORTESCO 406
BALA PERDIDA
A violência policial no Brasil e os desafios para sua superação
org. BERNARDO KUCINSKI
Livro com estudos sobre a violência policial, publicado em 2015.
Sobre ele, diz Marcelo Freixo:
"Qual o modelo de polícia vigente no Brasil e como funciona?
O que significa desmilitarizar a polícia militar? Por que a guerra
às drogas tem relação direta com a violência policial e quais os
números dessa violência? Como a mídia tem lidado com isso?
O que pensam os policiais e os militantes dos direitos humanos?
Por que a violência policial floresce na sociedade brasileira e
que forças estão em jogo? Quais as soluções para esse impasse?
Pensadores e militantes das mais diversas áreas de formação
e atuação refletem aqui (e indicam saídas, propõem soluções
e meios de participação) sobre essas e outras questões que
constituem o dramático quadro da violência policial no país.
Nessa cruzada sangrenta, você não tem o direito de permanecer
calado!"
MINHA FORMAÇÃO
JOAQUIM NABUCO
O grande pugnador pela abolição da escravidão negra no brasil,
conta fatos do seu desempenho público. Ferrenho abolicionista,
porém, ferrenho monarquista tambem, dita suas opiniões sobre
república, monarquia, França, Inglaterra, Estados Unidos, e outros.
Mostra-se deslumbrado pela monarquia por viver na Inglaterra
por algum tempo (1882-84), e deseja preservar esse regime no
Brasil. Apenas esquece um detalhe crucial: Os brasileiros não
são ingleses! Livro de capa dura (lombada estragada) com 218
páginas.
INSCREVA-SE ASSIM:
Escolha apenas UMA dezena, AINDA DISPONÍVEL,
entre 00 e 99, e indique sua escolha nos comentários.
Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio.
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 29/07/2017.
(ou data indicada pela Caixa).
A violência policial no Brasil e os desafios para sua superação
org. BERNARDO KUCINSKI
Livro com estudos sobre a violência policial, publicado em 2015.
Sobre ele, diz Marcelo Freixo:
"Qual o modelo de polícia vigente no Brasil e como funciona?
O que significa desmilitarizar a polícia militar? Por que a guerra
às drogas tem relação direta com a violência policial e quais os
números dessa violência? Como a mídia tem lidado com isso?
O que pensam os policiais e os militantes dos direitos humanos?
Por que a violência policial floresce na sociedade brasileira e
que forças estão em jogo? Quais as soluções para esse impasse?
Pensadores e militantes das mais diversas áreas de formação
e atuação refletem aqui (e indicam saídas, propõem soluções
e meios de participação) sobre essas e outras questões que
constituem o dramático quadro da violência policial no país.
Nessa cruzada sangrenta, você não tem o direito de permanecer
calado!"
MINHA FORMAÇÃO
JOAQUIM NABUCO
O grande pugnador pela abolição da escravidão negra no brasil,
conta fatos do seu desempenho público. Ferrenho abolicionista,
porém, ferrenho monarquista tambem, dita suas opiniões sobre
república, monarquia, França, Inglaterra, Estados Unidos, e outros.
Mostra-se deslumbrado pela monarquia por viver na Inglaterra
por algum tempo (1882-84), e deseja preservar esse regime no
Brasil. Apenas esquece um detalhe crucial: Os brasileiros não
são ingleses! Livro de capa dura (lombada estragada) com 218
páginas.
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Escolha apenas UMA dezena, AINDA DISPONÍVEL,
entre 00 e 99, e indique sua escolha nos comentários.
Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio.
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 29/07/2017.
(ou data indicada pela Caixa).
sábado, 22 de julho de 2017
SORTESCO 405 - RESULTADO
(Párias em redenção / Meditações diárias)
A dezena sorteada
hoje foi 53,
a opção vencedora é de:
a opção vencedora é de:
ÉRIKA!
Parabéns!
Parabéns!
sexta-feira, 21 de julho de 2017
SORTESCO D 50
CD BIENVENIDO GRANDA
CON LA SONORA MATANCERA vol. 2
Um dos maiores"cantantes" da America Latina foi o cubano
Bienvenido Granda, que emplacou sucessos como "Angustia",
"Egoísmo", "Percal", "Perfume de Gardénia", "Señora" e
"Total". Eis as 18 faixas:
01. Percal
02. Dios Me Señaló
03. Quisiera Que El Mundo Acabasse
04. Te Miro En La Copa
05. Sé
06. Payaso
07. Las Muchachitas Del Cha Cha Cha
08. Calla
09. Micaela
10. Hoy Sé Mas
11. Oyeme Mamá
12. Seré Tu Amigo
13. Todo El Mundo Escucha
14. Recordandote
15. Renace El Amor
16. Guajiriando
17. Ritmo De Mi Cuba
18. Noble Soy
CD HITS BRASIL
da série 20 PREFERIDAS
Nos anos 70, para serem tocados nas emissoras de rádio, muitos
cantores brasileiros tiveram que aparentar ser estrangeiros e
cantar em inglês. Assim, cantores iniciantes como Fábio Jr.,
Jessé, Chrystian, Ralf e outros fizeram isso. A maioria dos "fake"
sucessos daquela época consta deste disco.
01. SWEET SOUNDS OH BEAUTIFUL MUSIC - STEVE MACLEAN
02. MY LOVE FOR YOU - DON ELLIOT
03. THE FUNNIEST JOKE - NAPOLEON
04. SWEET DAISY - MEMPHIS
05. ANGEL - JULIAN
06. DONT SAY GOODBYE - CHRYSTIAN
07. EVE - DAVE D ROBINSON
08. IF YOU COULD) REMEMBER - TONY STEVENS
09. TRUE LOVE - STEVE MACLEAN
10. ENAMORADO (MY SWEETHEART) - THE MYSTICS
11. RAIN AND MEMORIES - PAUL DENVER
12. LOVE ME FOREVER - THE PLAYINGS
13. MORE THAN YOU KNOW - CHRYSTIAN
14. LOVE ME LIKE A STRANGER - TONY VALDEZ
15. WORDS OF LOVE (DIALOGO DAMORE) - DAVE D ROBINSON
16. FOREVER ALONE - STEVE MACLEAN
17. PIGEON WITHOUT A DOVE - PATRICK DIMON
18. IM GONNA GET MARRIED - SUNDAY
19. TOO YOUNG - DON ELLIOT
20. TEARS - CHRYSTIAN
CD SAINT-PREUX
CONCERTO POUR PIANO
Um dos poucos compositores de música clássca contemporânea
a alcançar sucesso popular - seu "Concerto para uma voz" é
conhecido e continua agradando. O destaque, neste disco, é
a faixa-título.
01. Les Cris De La Liberté
02. Rhapsodie
03. Adagio Pour Piano
04. Concerto Pour Piano
05. Intermezzo
06. Tristitia
07. Credo
08. Le Piano D'Abigail I
09. Allégorie
10. Le Piano D'Abigail II
11. Le Chant Des Étoiles
12. Les Violons De La Mer
13. Nocturne
14. Le Piano Enchanté
15. Symphonie Pour La Pologne
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O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 26/07/2017.
(ou data indicada pela Caixa).
CON LA SONORA MATANCERA vol. 2
Um dos maiores"cantantes" da America Latina foi o cubano
Bienvenido Granda, que emplacou sucessos como "Angustia",
"Egoísmo", "Percal", "Perfume de Gardénia", "Señora" e
"Total". Eis as 18 faixas:
01. Percal
02. Dios Me Señaló
03. Quisiera Que El Mundo Acabasse
04. Te Miro En La Copa
05. Sé
06. Payaso
07. Las Muchachitas Del Cha Cha Cha
08. Calla
09. Micaela
10. Hoy Sé Mas
11. Oyeme Mamá
12. Seré Tu Amigo
13. Todo El Mundo Escucha
14. Recordandote
15. Renace El Amor
16. Guajiriando
17. Ritmo De Mi Cuba
18. Noble Soy
CD HITS BRASIL
da série 20 PREFERIDAS
Nos anos 70, para serem tocados nas emissoras de rádio, muitos
cantores brasileiros tiveram que aparentar ser estrangeiros e
cantar em inglês. Assim, cantores iniciantes como Fábio Jr.,
Jessé, Chrystian, Ralf e outros fizeram isso. A maioria dos "fake"
sucessos daquela época consta deste disco.
01. SWEET SOUNDS OH BEAUTIFUL MUSIC - STEVE MACLEAN
02. MY LOVE FOR YOU - DON ELLIOT
03. THE FUNNIEST JOKE - NAPOLEON
04. SWEET DAISY - MEMPHIS
05. ANGEL - JULIAN
06. DONT SAY GOODBYE - CHRYSTIAN
07. EVE - DAVE D ROBINSON
08. IF YOU COULD) REMEMBER - TONY STEVENS
09. TRUE LOVE - STEVE MACLEAN
10. ENAMORADO (MY SWEETHEART) - THE MYSTICS
11. RAIN AND MEMORIES - PAUL DENVER
12. LOVE ME FOREVER - THE PLAYINGS
13. MORE THAN YOU KNOW - CHRYSTIAN
14. LOVE ME LIKE A STRANGER - TONY VALDEZ
15. WORDS OF LOVE (DIALOGO DAMORE) - DAVE D ROBINSON
16. FOREVER ALONE - STEVE MACLEAN
17. PIGEON WITHOUT A DOVE - PATRICK DIMON
18. IM GONNA GET MARRIED - SUNDAY
19. TOO YOUNG - DON ELLIOT
20. TEARS - CHRYSTIAN
CD SAINT-PREUX
CONCERTO POUR PIANO
Um dos poucos compositores de música clássca contemporânea
a alcançar sucesso popular - seu "Concerto para uma voz" é
conhecido e continua agradando. O destaque, neste disco, é
a faixa-título.
01. Les Cris De La Liberté
02. Rhapsodie
03. Adagio Pour Piano
04. Concerto Pour Piano
05. Intermezzo
06. Tristitia
07. Credo
08. Le Piano D'Abigail I
09. Allégorie
10. Le Piano D'Abigail II
11. Le Chant Des Étoiles
12. Les Violons De La Mer
13. Nocturne
14. Le Piano Enchanté
15. Symphonie Pour La Pologne
INSCREVA-SE ASSIM:
Escolha apenas UMA dezena, AINDA DISPONÍVEL,
entre 00 e 99, e indique sua escolha nos comentários.
Sua opção será válida ATÉ às 17 horas do dia do sorteio.
O sorteio (item 2 do Regulamento) será em 26/07/2017.
(ou data indicada pela Caixa).
quarta-feira, 19 de julho de 2017
O 13 QUE A HISTÓRIA NÃO CONTOU
Nunca tinha olhado a situação do povo negro escravizado
no Brasil, sob a ótica trabalhista, até ler um artigo publicado
no "Recanto das letras" em 25/01/2011, pelo professor
universitário Acúrsio Esteves, baiano, atuando em Salvador.
É um artigo muito esclarecedor, cuja leitura recomendo a
todos que usam o cérebro para pensar. Obviamente, não é
leitura recomendada a nenhum 'coxinha', que só lê o que
lhe reforça a ideologia destrutiva.
"O 13 QUE A HISTÓRIA NÃO CONTOU"
"Treze de maio de 1888 passou para a história do Brasil
como o dia em que teria se acabado a escravidão em terras
tupiniquins.
Depois que a pena da princesa anunciou por decreto que não
mais haveria jugo, a população negra a partir de então seria
livre, não teria mais senhorio e poderia viver com dignidade
e igualdade.
Assim a escola me ensinou, assim eu aprendi e assim
acreditei durante longos anos da minha vida. É certo que
nunca entendi bem porque a Princesa Isabel, “A Redentora”,
decidira tomar tal atitude contrariando os interesses dos
que detinham o poder e entrando em sintonia com os
anseios da subjugada população negra, de alguns poetas,
intelectuais e políticos sonhadores que se diziam
abolicionistas. Pensava: foi uma verdadeira revolução
sem sangue feita por uma mulher de coragem.
O que a escola nunca me ensinou foi que à época, os
negócios do açúcar brasileiro, que era a principal fonte de
riqueza nacional e onde estava alocada aproximadamente
90% da mão-de-obra escrava, iam de mal a pior. O açúcar
da América Central era mais barato, mais próximo dos
grandes mercados e de melhor qualidade que o nosso.
Não dava para competir. Infelizmente só aprendi a
“História da Conveniência”, e Geografia Física onde os
aspectos políticos e econômicos “não eram” de nosso
interesse.
O imenso contingente de escravos tornara-se então um
fardo para os senhores de engenho. Como sustentar esta
”horda” de homens, mulheres e crianças, mesmo sob
miseráveis condições, diante de tal crise econômica?
Era a pergunta que não se calava e que teve apenas uma
resposta: Demissão em massa.
Sim amigos e amigas, a demissão em massa foi a solução
encontrada para os trabalhadores e trabalhadoras forçados
que edificaram e sustentavam a economia nacional.
E foi a maior, mais cruel de todos os tempos e quiçá de
todas as partes do mundo.
Foi uma demissão sem direitos trabalhistas, quando milhões
de trabalhadores saíram do único abrigo que conheceram
por toda a vida apenas com seus míseros pertences e a
roupa do corpo.
E não tinham direito a ficar se quisessem. Só os mais aptos
ao trabalho ou os que possuíssem alguma especialização
foram mantidos como empregados, apenas pelo interesse
do seu senhorio capitalista. Esta demissão teve um nome
bonito: Lei Áurea.
Antes dela, porém, vieram outras da mesma forma
convenientes aos interesses da classe dominante.
Vejamos: A primeira foi a Lei Eusébio de Queirós, em 1850,
que proibia o tráfico. Como a Inglaterra na prática já havia
decidido interceptar e apreender os navios negreiros,
libertando os escravizados, então, foi uma lei inócua.
A segunda, a Lei do Ventre Livre, 1871, serviu apenas para
diminuir a pressão social dos abolicionistas. Ela não tinha
aplicação prática, pois, como a criança pode ser livre com
pais escravos? Será que ela, a criança, teria escola, moradia
digna e cidadania enquanto seus pais estavam nas senzalas?
Ela, que ainda seria tutelada até a idade de 21 anos pelos
senhores de seus pais, teria vida de cidadã ou de escrava?
A terceira, a Lei dos Sexagenários, 1885, foi a mais perversa
de todas, pois a expectativa de vida do cidadão livre à época
era de 60/65 anos e a do escravo 32/40 anos. Eram raros os
que chegavam à idade contemplada pela lei. Era muito difícil
ter o controle da idade exata do escravo. Ainda hoje não são
poucas as pessoas que não possuem registro de nascimento.
Então, se o negro estivesse apto ao trabalho, forte, com boa
saúde, era fácil dizer que ele ainda não tivesse alcançado
a idade prevista pela lei. Porém se ele estivesse doente ou
imprestável para o trabalho, nada mais cômodo que
conferir-lhe os 60 anos e mandá-lo embora.
Após a “libertação”, o imenso contingente “livre”, dentre os
quais estavam os fracos, doentes, velhos, crianças e outros
“excedentes”, foi enxotado de uma hora para outra para o
olho da rua. Não havia uma política agrária nem instrução
pública e gratuita para os libertos, como defendia Joaquim
Nabuco. Você já parou para refletir sobre as futuras
condições de vida dos(as) que foram “libertados”?
_ Onde iriam morar?
_ Como iriam sobreviver?
_ Iriam ser respeitados de uma hora para outra
como cidadãos e cidadãs?
_ Que tipo de oportunidades a “sociedade” que
eles construíram ofereceria para que esta gente
construísse sua vida?
Não é preciso ser especialista em sociologia para responder a
estas indagações. Mas onde foi parar esta gente escorraçada
das ruas das cidades por “vadiagem”? Que não tinha trabalho
para sustentar a si nem a sua eventual família, nem moradia
digna? Foi parar na periferia das cidades, morando em casas(?)
miseráveis, sem esgoto, luz, água tratada, lazer, trabalho,
educação, saúde, dignidade... Onde permanece, em sua grande
maioria, até os dias atuais. Alguma semelhança com a Rocinha,
Alagados, Pela Porco, Buraco Quente, Vigário Geral, Jardim
Felicidade, Vila Zumbi, não é mera coincidência."
Estão aí, límpidas e claras, as razões de todas as políticas
afirmativas levantadas para o povo negro, que não são
nenhuma concessão gratuita, mas sim tentativas de
pagamento de uma dívida inquestionável!
Abraço do tesco.
no Brasil, sob a ótica trabalhista, até ler um artigo publicado
no "Recanto das letras" em 25/01/2011, pelo professor
universitário Acúrsio Esteves, baiano, atuando em Salvador.
É um artigo muito esclarecedor, cuja leitura recomendo a
todos que usam o cérebro para pensar. Obviamente, não é
leitura recomendada a nenhum 'coxinha', que só lê o que
lhe reforça a ideologia destrutiva.
"O 13 QUE A HISTÓRIA NÃO CONTOU"
"Treze de maio de 1888 passou para a história do Brasil
como o dia em que teria se acabado a escravidão em terras
tupiniquins.
Depois que a pena da princesa anunciou por decreto que não
mais haveria jugo, a população negra a partir de então seria
livre, não teria mais senhorio e poderia viver com dignidade
e igualdade.
Assim a escola me ensinou, assim eu aprendi e assim
acreditei durante longos anos da minha vida. É certo que
nunca entendi bem porque a Princesa Isabel, “A Redentora”,
decidira tomar tal atitude contrariando os interesses dos
que detinham o poder e entrando em sintonia com os
anseios da subjugada população negra, de alguns poetas,
intelectuais e políticos sonhadores que se diziam
abolicionistas. Pensava: foi uma verdadeira revolução
sem sangue feita por uma mulher de coragem.
O que a escola nunca me ensinou foi que à época, os
negócios do açúcar brasileiro, que era a principal fonte de
riqueza nacional e onde estava alocada aproximadamente
90% da mão-de-obra escrava, iam de mal a pior. O açúcar
da América Central era mais barato, mais próximo dos
grandes mercados e de melhor qualidade que o nosso.
Não dava para competir. Infelizmente só aprendi a
“História da Conveniência”, e Geografia Física onde os
aspectos políticos e econômicos “não eram” de nosso
interesse.
O imenso contingente de escravos tornara-se então um
fardo para os senhores de engenho. Como sustentar esta
”horda” de homens, mulheres e crianças, mesmo sob
miseráveis condições, diante de tal crise econômica?
Era a pergunta que não se calava e que teve apenas uma
resposta: Demissão em massa.
Sim amigos e amigas, a demissão em massa foi a solução
encontrada para os trabalhadores e trabalhadoras forçados
que edificaram e sustentavam a economia nacional.
E foi a maior, mais cruel de todos os tempos e quiçá de
todas as partes do mundo.
Foi uma demissão sem direitos trabalhistas, quando milhões
de trabalhadores saíram do único abrigo que conheceram
por toda a vida apenas com seus míseros pertences e a
roupa do corpo.
E não tinham direito a ficar se quisessem. Só os mais aptos
ao trabalho ou os que possuíssem alguma especialização
foram mantidos como empregados, apenas pelo interesse
do seu senhorio capitalista. Esta demissão teve um nome
bonito: Lei Áurea.
Antes dela, porém, vieram outras da mesma forma
convenientes aos interesses da classe dominante.
Vejamos: A primeira foi a Lei Eusébio de Queirós, em 1850,
que proibia o tráfico. Como a Inglaterra na prática já havia
decidido interceptar e apreender os navios negreiros,
libertando os escravizados, então, foi uma lei inócua.
A segunda, a Lei do Ventre Livre, 1871, serviu apenas para
diminuir a pressão social dos abolicionistas. Ela não tinha
aplicação prática, pois, como a criança pode ser livre com
pais escravos? Será que ela, a criança, teria escola, moradia
digna e cidadania enquanto seus pais estavam nas senzalas?
Ela, que ainda seria tutelada até a idade de 21 anos pelos
senhores de seus pais, teria vida de cidadã ou de escrava?
A terceira, a Lei dos Sexagenários, 1885, foi a mais perversa
de todas, pois a expectativa de vida do cidadão livre à época
era de 60/65 anos e a do escravo 32/40 anos. Eram raros os
que chegavam à idade contemplada pela lei. Era muito difícil
ter o controle da idade exata do escravo. Ainda hoje não são
poucas as pessoas que não possuem registro de nascimento.
Então, se o negro estivesse apto ao trabalho, forte, com boa
saúde, era fácil dizer que ele ainda não tivesse alcançado
a idade prevista pela lei. Porém se ele estivesse doente ou
imprestável para o trabalho, nada mais cômodo que
conferir-lhe os 60 anos e mandá-lo embora.
Após a “libertação”, o imenso contingente “livre”, dentre os
quais estavam os fracos, doentes, velhos, crianças e outros
“excedentes”, foi enxotado de uma hora para outra para o
olho da rua. Não havia uma política agrária nem instrução
pública e gratuita para os libertos, como defendia Joaquim
Nabuco. Você já parou para refletir sobre as futuras
condições de vida dos(as) que foram “libertados”?
_ Onde iriam morar?
_ Como iriam sobreviver?
_ Iriam ser respeitados de uma hora para outra
como cidadãos e cidadãs?
_ Que tipo de oportunidades a “sociedade” que
eles construíram ofereceria para que esta gente
construísse sua vida?
Não é preciso ser especialista em sociologia para responder a
estas indagações. Mas onde foi parar esta gente escorraçada
das ruas das cidades por “vadiagem”? Que não tinha trabalho
para sustentar a si nem a sua eventual família, nem moradia
digna? Foi parar na periferia das cidades, morando em casas(?)
miseráveis, sem esgoto, luz, água tratada, lazer, trabalho,
educação, saúde, dignidade... Onde permanece, em sua grande
maioria, até os dias atuais. Alguma semelhança com a Rocinha,
Alagados, Pela Porco, Buraco Quente, Vigário Geral, Jardim
Felicidade, Vila Zumbi, não é mera coincidência."
Estão aí, límpidas e claras, as razões de todas as políticas
afirmativas levantadas para o povo negro, que não são
nenhuma concessão gratuita, mas sim tentativas de
pagamento de uma dívida inquestionável!
Abraço do tesco.
SORTESCO D 49 - RESULTADO
(Clara Nunes / Karaokê)
A dezena sorteada hoje foi 72,
a opção vencedora é de:
ÉRIKA!
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