O "discurso final" do filme " O grande ditador", teoricamente,
não deveria ter relação com a atualidade, afinal, já se passaram
76 anos!
Porém, as forças maléficas não dormem. Sempre estão
insuflando o ódio e procurando avivar o que existe de pior
nos seres humanos.
Em vista disso, o citado discurso continua tão atual quanto o
era na época de sua confecção.E, infelizmente, nós, brasileiros,
estamos fazendo parte dessa rotina.
Releiam o discurso e vejam por si mesmos:
"Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é
esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar
quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível –
judeus, o gentio... negros... brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres
humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do
próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de
odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço
para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as
nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza,
porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos
homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e
tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e
os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos
sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que
produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos
conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência,
empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos
bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de
humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos
de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de
violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria
natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do
homem... um apelo à fraternidade universal... à união de
todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a
milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de
desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas
de um sistema que tortura seres humanos e encarcera
inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não
desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é
mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura
de homens que temem o avanço do progresso humano.
Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores
sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de
retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens,
a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos
desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as
vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias
e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no
mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação
regrada, que vos tratam como gado humano e que vos
utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina!
Homens é que sois! E com o amor da humanidade em
vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem
amar... os que não se fazem amar e os inumanos!
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela
liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está
escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não
de um só homem ou grupo de homens, ms dos homens
todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder
de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo,
tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la
uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da
democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós.
Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a
todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à
mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido
ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que
prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se,
porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o
mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância,
ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão,
um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à
ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia,
unamo-nos!
Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta
os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que
se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos
entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os
homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade.
Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e
afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da
esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!"
(Charles Chaplin - 1940)
Abraço do tesco.
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2 comentários:
Cobiça, ganância, inveja... Tudo isso reflete em ódio e desamor...
Tesco, é um discurso muitissimo atual, mais que nunca!
É a grande tragédia humana..desamor e necessidade de poder
hiscla
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