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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

CONTRACANTO: MUDANÇA DE ESTAÇÃO

Num momento de pleno verão pode-se falar em mudança de 
estação? Em poesia pode! Principalmente se as estações aí 
faladas representam variações nos sentimentos. 

E poesia, basicamente, versa sobre sentimentos - e versa os 
sentimentos - mesmo que fale sobre elementos tão díspares 
como carne seca ou cheiro de gasolina. O cerne do assunto, 
na verdade, são sentimentos. 

A poesia da Shirley é emblemática quanto a isso, pois reúne 
variados detalhes do ambiente circundante e, por meio de 
singulares metáforas, nos remete a uma enxurrada de 
sentimentos. Exemplo é seu post desta semana: 

HORA DA VERDADE
Shirley
(2015.01.24)

"Nuvens grisalhas meditam no espaço 
melodia suave vibra no ar doce da manhã 
meu olhar se perde na esquina silenciosa... 
Os raios  do sol chegam descalços 
e corajosos pisam 
no asfalto quente desse verão. 
Um cachorro late clamando por liberdade 
e não há brisa nas folhas jovens 
desse tempo sem fim... 
Vou pintar minha aura de azul 
tomar uma overdose de coragem 
e olhar para dentro de mim..." 

   *   *   *   

O leitor tem a liberdade de observar o poema do ponto de 
vista que melhor lhe aprouver e extrair o sentido que mais 
lhe agrade. Nisso o poeta não tem autonomia, depois de 
lançado ao mundo o poema só é seu nominalmente. 

Daí, um certo tesco, com sua visão torta do mundo da poesia, 
só consegue enxergar um romance - "ele só pensa... naquilo" 
- e traz à luz um personagem sofredor, incompreendido em 
seu amor, sempre à espera de um raio de luz. Vejam o choro: 

HORA FUTURA
tesco
(2015.01.29)

"Teu olhar... 
Teu olhar se perde? 
A verdade é que quem se perde sou eu! 
O gris das nuvens se torna chumbo 
em meu coração. 
Este que lateja e não bate, 
escravo que é. 
Mas que não clama por liberdade! 
Não, não, jamais. 
Sempre escravo teu 
na esperança que um dia 
soprem brisas de amor 
entre as minhas folhagens. 
Então 
no mais siberiano inverno 
se anunciará a primavera!" 

   *   *   *   

O que não se pode fazer é acusar este coração de ser um 
coração leviano, talvez a brisa não sopre nunca, mas ele fica 
ali, esperando um golpe de vento. A esperança só morrerá 
depois dele. 

Sim, eles existem. 

Abraço do tesco. 

3 comentários:

Clara Lúcia disse...

Eita!!!!
Adoro esse jogo!

Beijos e bom fim de semana pros 2.

Shirley Brunelli disse...

Que mente inesgotável, tesco... Esse faz-de-conta é um ótimo exercício.
Beijo!

Anônimo disse...

kkk.. eles existem? eles quem? der brokoli =P