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domingo, 19 de maio de 2013

FAHRENHEIT 451


O romance de Ray Bradbury - por sinal, a única obra sua
que ele considerava como, realmente, de ficção-científica, -
completa 60 anos de publicação, neste ano (eu também
fui publicado há 60 anos!). Como eu não o tinha lido ainda,
me propus a lê-lo. Seria como uma confraternização entre
dois sessentões.


De início, achei-o incongruente, extremista, aliás, como
todas as distopias são, como "1984" de Orwell, como
"Admirável mundo novo" de Huxley, e paradoxal como as
histórias de Kafka. Pensei até que era metafórico, como
a série "Matrix".


Mas, o conjunto se revelou inconguente, extremista e
paradoxal como a realidade! Como a realidade vivida
no "macartismo" americano dos anos 50;
como a perseguição dos judeus pelos nazistas;
como o "apartheid"sulafricano;
como a escravidão negra, até fins do século 19;
como a caça às bruxas da Idade Média.
Paremos por aqui, ou a lista não terá fim.


Não é metáfora pois, é a realidade pulsante, representada
ainda hoje pela homofobia, pelo fundamentalismo religioso,
pelos estertores do imperialismo político-econômico, que
procura demonizar qualquer manifestação libertária, onde
quer que surja.


Convém que fiquemos atentos, e façamos distinção entre
as diferentes propostas que nos apresentem:


- Repudiemos a censura indiscriminada, mas apoiemos o
controle de uma mídia que nos impõe suas versões como
se fora a única e límpida verdade (não se esqueçam do
caso da Escola Base).


- Repudiemos o domínio do fundamentalismo religioso,
mas sem deixar de combater a legalização do aborto, que
continua a ser um crime contra a vida e contra a Natureza.


- Repudiemos a homofobia e o moralismo hipócrita, mas
sem jamais confundir amor irrestrito com sexualismo
desenfreado.


"Fahrenheit 451" não é metafórico, é emblemático.
Nos apresenta seu protagonista, Guy Montag, como
representante da 'classe dominante' que não quer que o
cidadão comum disponha de tempo ou condições para
pensar. Como diz o Capitão Beatty:


"Se não se deseja que um homem ponha problemas de
ordem política, não se lhe dê duas soluções à escolha;
dê-se-lhe só uma ou, melhor, não se lhe dê nenhuma."
 


E também:
"Encham os homens de informações inofensivas,
incombustíveis, que eles se sintam a rebentar de
"fatos", informados acerca de tudo. Em seguida, eles
imaginarão que pensam e terão o sentimento do
movimento, enquanto realmente apenas se arrastam."


Isso dá resultado, tanto que é seguido pela grande mídia
de que dispomos. O indivíduo pensa que está sendo
informado, no entanto, está sendo afogado de "fatos" que
o distraem de seus objetivos primordiais, fazendo-o relegar
os assuntos importantes a segundo plano.


Montag termina por questionar-se sobre o quê, exatamente,
está fazendo ao queimar livros e, conscientizando-se, se vê
na situação dos que perseguia. Quem dera que todos os
que buscam apenas interesses pessoais, em detrimento
de interesses coletivos, se conscientizassem tembém!


Concluindo, podemos dizer que"Fahrenheit 451" é uma boa
leitura, recomendável para todos, apesar de o "modus
operandi" não fazer mais sentido, devido aos avanços
havidos nas mídias de armazenamento. Apesar de tudo,
vida longa aos livros!


Abraço do tesco.

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu vi o filme e adorei.
Beijotescas

Anônimo disse...

Tesco, por favor agradeça a Hiscla pela sua preocupação.
Mais beijotescas

Anônimo disse...

Quando sorteia esse mesmo?
A antropologia, sociologia e historia adoram esse livro!
eu no nas 3 disciplinas né? rsrs
hiscla

Reinaldo Sergio disse...

Parabens pelo 60º 'niver'.
Tudo de bom pra você.
Engraçado você comentar um livro que tem exatamente a tua idade, nesses dias. Foi proposital, ou mero acaso?

reinaldo sergio

tesco disse...

Oi, Reinaldo, obrigado pela lembrança.
Li algo a respeito do Fahrenheit e vi que completa os 60, daí é que resolvi lê-lo e comentá-lo.
Foi um desses "sem querer querendo" da vida. Um acaso proposital, ou vice-versa.
Apareça.
Abraço.