terça-feira, 2 de junho de 2009
ACHO TRISTE!
Terminei a leitura de "Os Sertões" em setembro
passado. Das principais conclusões que pude
extrair dessa leitura, ressalta o extremo
preconceito de Euclides da Cunha contra os
negros, índios e, principalmente, contra os
mestiços.
Claro que nada mais fez que abraçar os
conceitos populares e científicos da época,
quando diz que:
"... nos mestiços se sobressaem as piores
características das raças inferiores", ou algo
parecido, pois não guardei as palavras exatas.
Mas, o episódio que mais me chamou a atenção
foi este na parte "A luta", seção "Últimos dias",
subtítulo "Baixas", quando descreve a morte
de alguns expedicionários:
"O comandante do 25.°, major Henrique
Severino, teve idêntico destino. Era uma alma
belíssima, de valente. Viu em plena refrega uma
criança a debater-se entre as chamas. Afrontou-
se com o incêndio. Tomou-a nos braços;
aconchegou-a do peito — criando com um belo
gesto carinhoso o único traço de heroísmo que
houve naquela jornada feroz — e salvou-a.
Mas expusera-se. Baqueou, malferido,
falecendo poucas horas depois".
Aí se vê a inversão de valores que impera na
humanidade até agora: Grandes assassinos e
carrascos são chamados de conquistadores,
desbravadores, generais, líderes, e perpetuam-
se as alcunhas de "grande", enquanto rasgos de
humanidade são propositadamente esquecidos.
Alguém conhece uma rua chamada Henrique
Severino? Praça ou Largo também serve.
Travessa, talvez?
Quem sabe, um beco?
Nada.
No entanto abundam ruas, praças, vilas, bairros,
com nomes de ditadores (Médici. Costa e Silva,
Castelo Branco, Getúlio Vargas), militares
(incluindo Dantas Barreto e Moreira César, que
participaram da carnificina de Canudos),
e políticos.
Estes, normalmente, os que mais iludiram o
povo, retirando para si, do dinheiro público,
muito mais do que destinaram ao bem-estar
da população.
Não tenho muito a comentar, apenas que eu
acho isso triste!
Abraço do tesco.
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12 comentários:
O que me consola é saber que nessas ruas é onde eu piso com minhas botas sujas e onde cavalos cagam. :-)
Também acho, Roberto. Mas bom mesmo seria se tivéssemos mais ruas, avenidas e becos de nomes: liberdade, paz, amor, bondade, esperança...
Já pensou:
"_onde você mora?"
"_moro na rua da alegria, paralela à avenida da fé, entre o beco da saudade e a travessa do beija-flor".
Creio que andaríamos mais confiantes, né não?
Agora, consigo me lembrar de três aqui no Recife: rua da harmonia, da amizade, da concórdia.
Abraço.
Magna
E o pior é que "a maioria" da população não sabe quem são de fato esses caras das ruas...
Sobreo Euclides, penso o mesmo que você, além de escrever difícil,ele era, sim, extremamente preconceituoso. Aindamais tento convivido por tanto tempo com gente humilde e "inferior"...
Relatou o que viu e expôs o seu pensamento a respeito sem preocupação nenhuma.
Beijos, Tesco!
Quem comentou acima fui eu ,rs.
Tesco, Euclides escreve num tempo em que se pretendia "branquear" a "raça" brasileira. As criticas que você a Euclides abrange todo intelectual da época. É tempo de positivismo tb...coisas da História.
beijos
É Triste sim...muito triste!
...eu também acho triste.
mas o que adianta,
se a coisa já tá feita?
bj, lindo!
...pensando sobre a inversão de valores...
Faz muito tempo que li o livro, lembro-me apenas de que a versão de Euclides da Cunha não agradou ao exército e me lembro bem da rica descrição geográfica com que ele iniciou o livro.
Você leu o livro de Moacir Lopes sobre Canudos?
Faz muito tempo que li o livro, lembro-me apenas de que a versão de Euclides da Cunha não agradou ao exército e me lembro bem da rica descrição geográfica com que ele iniciou o livro.
Você leu o livro de Moacir Lopes sobre Canudos?
Manoel Carlos
Não li, Manoel, nem notei que o Moacir tem um livro sobre Canudos. Mas terminei recentemente o "Maria de cada porto", que você me doou, empolgante. _Abraço.
Bem, infelizmente estamos numa sociedade de valores errados e ainda continuamos a dar seguimentos de valores errados...
Que o BBB prove o que eu falo.
Fique com Deus, menino Tesco.
Um abraço.
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